terça-feira, 2 de março de 2010

Dados preocupantes: Caatinga teve 16,57 mil km² desmatados em seis anos


Dados do monitoramento do desmatamento no bioma realizado
entre 2002 e 2008 revelam que, neste período, o território devastado foi de 16.576 km2

O Ministério do Meio Ambiente divulgou nesta terça-feira o desmatamento da caatinga, bioma dominante na região Nordeste. Dos 826.411 quilômetros quadrados, a caatinga perdeu 45,39% de sua cobertura vegetal original, ou seja, 375.116 quilômetros quadrados. Os estados que mais desmataram foram Bahia e Ceará, destruindo respectivamente 0,55% e 0,50% do bioma entre 2002 e 2008. Neste período, 2% do bioma foram queimados, uma área de 16.576 quilômetros quadrados. Nesses seis anos, a taxa média anual de desmatamento foi de 2.763 quilômetros quadrados.
Segundo o ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, a principal razão é a falta de alternativas energéticas para a região. No Nordeste, a vegetação é derrubada especialmente para fazer lenha e carvão.
- Tem que ter alternativa. Sem alternativas energéticas a guerra é muito complicada e dificilmente vamos acabar com esse desmatamento – disse Minc.
” Grande parte da riqueza sequer permanece no Nordeste “
Grande parte do carvão explorado na região abastece siderúrgicas de Minas Gerais e Espírito Santo. O produto também alimenta o pólo gesseiro e o de cerâmica do Nordeste.
- Estamos transferindo o uso da caatinga para atividades que sequer são exercidas na região. Grande parte da riqueza sequer permanece no Nordeste – disse Maria Cecília Wey Brito, secretária de Biodiversidade e Florestas do Ministério do Meio Ambiente.

Municípios da Bahia e do Ceará encabeça desmatamento

O Ministério listou os 20 municípios que mais desmataram a caatinga entre 2002 e 2008. As sete cidades que encabeçam o ranking são ou da Bahia ou do Ceará: Acopiara (CE), Tauá (CE), Bom Jesus da Lapa (BA), Campo Formoso (BA), Boa Viagem (CE), Tucano (BA) e Mucugê (BA).
A exemplo do que acontece na Amazônia, a caatinga e o cerrado também deverão ganhar planos de combate ao desmatamento com ações para inibir a investida de atividades de grande impacto e metas de redução da destruição.
Minc defende que 50% dos recursos do recém criado Fundo Nacional de Mudanças Climáticas ( cerca de R$ 500 milhões por ano) sejam destinados para ações na caatinga. A região é mais vulnerável à desertificação e demais efeitos do aquecimento global.
A caatinga é o único ecossistema exclusivo do território brasileiro – a mata atlântica, o Pantanal e a floresta amazônica se estendem por outros países.
Originalmente se estendia por 734.478 quilômetros quadrados, o equivalente a 70% do Nordeste e 11% do território nacional. Vinte e sete e meio por cento – 201.768 quilômetros quadrados – deram lugar à agricultura e à agropecuária.

Para monitorar a Caatinga, um bioma mais rarefeito do que o encontrado na Amazônia, o satélite foi "ajustado" para operar com maior precisão. A partir de amanhã (03.03), o ministro participa do 1º Encontro Nacional de Enfrentamento da Desertificação, em Petrolina (PE), onde deve se reunir com governadores e secretários do Meio Ambiente do Nordeste para discutir o problema. "São necessárias várias medidas locais de recuperação de solo, reflorestamento, proteção de microbacias e de alternativas energéticas", observou.

Para a professora Maria Aparecida José de Oliveira, especialista em botânica da Universidade Federal da Bahia, é necessário mais empenho dos governos para preservar a Caatinga - faltam fiscalização e políticas para as comunidades locais. "O melhor modelo de recuperação é aquele que envolve a população, pois é ela quem vai cuidar do bioma." Há cerca de 930 espécies vegetais na região, sendo 320 exclusivas.      (Globo Online e Estadão.com.br)
Dados do monitoramento do desmatamento do bioma caatinga (Clique e leia o documento do MMA)
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