quarta-feira, 29 de julho de 2009

Por dentro da caatinga: o camaleão


Camaleão - Foto: Rosilândia Melo feita no açude Cajazeiras em Pio IX-PI.
Quem nunca ouviu alguém contar histórias do tipo: ‘peguei num Camaleão pensando que era um pedaço de pau’ ou ‘se alguém o captura pela cauda ele larga a mesma e vai embora’. Pois é, neste momento você deve lembrar de muitas outras, principalmente, do tempo de criança. Seu habitat natural se localiza do México ao Brasil Central - Floresta Amazônica, matas de galeria, cerrado e caatinga. É um réptil muito presente em nossa região. Conhecido por mudar a sua cor para se adaptar a um ambiente ou a uma situação, esta estratégia o ajuda a se proteger de potenciais predadores e passar despercebido por eles. Além desta característica, possui a capacidade de movimentar os dois olhos independentemente e também de enrolar a cauda para se agarrar. Por isso, sobe com facilidade em árvores e corre rápido no chão. É um bom mergulhador e também nada bem, podendo ficar submerso por longo tempo. Caso se sinta acuado, foge ou defende-se com dentadas e chicoteando com a cauda. De hábitos diurnos, costuma, ao amanhecer, colocar-se ao sol para caçar todo o tipo de insetos, como gafanhotos e outros artrópodes. Alimenta-se de grandes quantidades de folhas verdes, e de frutos. Ingere também insetos. É um lagarto imponente, com uma bela crista que vai da nuca até a cauda e aparece também no papo. Os machos, normalmente, são mais coloridos e com ornamentações mais proeminentes na cabeça.

terça-feira, 28 de julho de 2009

População de arara-azul-de-lear cresce 18% em apenas um ano

Arara-Azul-de-Lear -(Por Délcio Rocha - Monica Pinto - Fonte: Ecoluna)
Censo realizado pelos pesquisadores do Instituto Chico Mendes (ICMBio) mostra crescimento de 18% no número de araras-azuis-de-lear em apenas um ano. De acordo com os especialistas do Centro Nacional de Pesquisa para a Conservação das Aves Silvestres (Cemave), o número de exemplares saltou de 900 aves em 2008 para 1.060 neste ano. A arara-azul é uma das aves mais ameaçadas no mundo.
A contagem foi realizada na região do Raso da Catarina, na caatinga baiana, entre os municípios de Jeremoabo e Canudos. Foram feitas três contagens técnicas, o que significa dizer que as aves foram contadas seis vezes, uma de manhã e outra à tarde em cada um dos três dias. "Tiramos a média e o número final é de 1.060", explica o biólogo Kleber de Oliveira, um dos responsáveis pelo censo. A incursão em campo foi a primeira deste ano. Outra deve ocorrer em novembro, para confirmar os dados colhidos até agora.
A arara-azul-de-lear é citada no Livro Vermelho da Fauna Ameaçada de Extinção, editado pelo Ministério do Meio Ambiente, e na lista da União Internacional para a Conservação da Natureza. Segundo os pesquisadores, com os novos números, ela pode passar, ainda neste ano, do status de 'criticamente ameaçada' para o de 'ameaçada'. Isso significa que a situação melhorou, mas o animal ainda corre risco de desaparecer.
(Fonte: DiárioNet - P.Carvalho)

domingo, 26 de julho de 2009

Caatinga: Mudas de espécies em extinção são reproduzidas

Estudo feito pela Embrapa, em Petrolina, desenvolveu tecnologia para
germinação de quatro plantas ameaçadas de desaparecer.


O Brasil tem, segundo o Ibama, 472 tipos de plantas em risco de extinção, dos quais quatro estão na caatinga. São a aroeira-do-sertão, a baraúna, a imburana-de-cheiro e a quixabeira que, se depender da Embrapa Semiárido, deixarão de figurar na lista. É que pesquisadores da unidade da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, localizada em Petrolina, Sertão de Pernambuco, desenvolveram uma tecnologia para a produção de mudas dessas espécies.
A partir de estudos da fisiologia das sementes das quatro árvores, a equipe identificou qual a melhor forma de estimular a germinação, se apenas umedecendo-as ou também fazendo um pequeno corte na casca. É o que se chama de quebrar a dormência. Na natureza, isso se dá pela ação da chuva ou do tempo, mas no laboratório é preciso recorrer a métodos artificiais.
Enquanto a aroeira e a umburana precisam apenas ser embebidas num papel com água para germinar, a baraúna e a quixabeira necessitam de um corte na casca do lado oposto ao do embrião. “Também verificamos a temperatura mais adequada e o melhor substrato, que pode ser areia, solo ou ainda uma mistura dos dois com a adição de esterco”, explica Bárbara França Dantas, que coordena o trabalho.
Os pesquisadores monitoram até a quantidade de luz que a muda recebe. Ao avaliar o crescimento da planta, eles verificam em que combinação de fatores ela se desenvolve melhor.
A agrônoma, com pós-graduação em fisiologia de sementes, explica que decidiu pesquisar a aroeira-do-sertão, a baraúna, a imburana-de-cheiro e a quixabeira para contribuir com a conservação dessas espécies. “Embora estejam ameaçadas, há pouca gente trabalhando com elas”, justifica. Segundo Bárbara, as quatro são exploradas para fins medicinais. “Da aroeira se usa a casca e a madeira, das outras três, as sementes. A baraúna também tem uso madeireiro”, esclarece.
Das quatro, a que mais Bárbara teve dificuldades de encontrar foi a quixabeira. “As outras a gente ainda acha fácil na caatinga, mas ela aparece apenas numa região chamada Salitre, aqui em Petrolina”, conta. A pesquisadora calcula que já produziu pelo menos 100 mudas das espécies. “Foram usadas nos experimentos. Mas o mais importante é que agora pudemos dizer como são produzidas essas mudas.” A equipe de Bárbara realizou dois cursos, este ano, sobre produção de mudas das quatro espécies.


(Fonte: JC - Por Verônica Falcão)

sexta-feira, 24 de julho de 2009

Caatinga: o maior e mais importante ecossistema existente na Região Nordeste do Brasil

Caatinga: Foto Hugo Macedo


O bioma Caatinga é o maior e mais importante ecossistema existente na Região Nordeste do Brasil, ocupando praticamente 60% de sua área. A caatinga ocupa os estados da Bahia, Ceará, Alagoas, Sergipe, Piauí, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Paraíba, Maranhão e o norte de Minas Gerais. Cerca de 20 milhões de pessoas vivem na região da Caatinga, em quase 800 mil km² de área. A irregularidade climática é um dos fatores que mais interferem na vida do nativo da caatinga, o chamado sertanejo.A palavra Caatinga é originária do tupi-guarani e significa mata branca (CAA-TINGA: MATA CLARA ou CAA-TINGA: MATA ABERTA).A caatinga é um bioma rico em recursos genéticos dada à sua alta biodiversidade, apresenta grande variedade de paisagens, certa riqueza biológica e endemismo. Em quase toda a área da caatinga está presente o clima quente e semi-árido. Algumas espécies procuram defender-se da seca armazenando água em seus tecidos. São predominantes o pereiro, a faveleira, a baraúna, a aroeira, o angico, a quixabeira, a oiticica, o juazeiro, o mandacaru, o facheiro, o xiquexique, o quipá, a coroa-de-frade e a macambira.Quando chega o mês de agosto, parece que a natureza morreu. Não se vêem nuvens no céu, a umidade do ar é mínima, a água chega a evaporar 7mm por dia e a temperatura do solo pode atingir 60º C. As folhas da maioria das árvores já caíram e assim, o gado e os animais nativos, como a ema, o preá, o mocó e o camaleão, começam a emagrecer. As únicas cores vivas estão nas flores douradas do cajueiro, nos cactos e juazeiros. A maioria dos rios pára de correr e as lagoas começam a secar.
A folhagem das plantas volta a brotar e fica verde nos curtos períodos de chuvas. O inverno é uma estação com chuva irregular. A paisagem muda muito rapidamente. As árvores cobrem-se de folhas e o solo fica forrado de pequenas plantas. A fauna volta a engordar. Os ecossistemas do bioma Caatinga encontram-se bastante alterados, com a substituição de espécies vegetais nativas por cultivos e pastagens. O desmatamento e as queimadas são ainda práticas comuns no preparo da terra para a agropecuária que, além de destruir a cobertura vegetal, prejudica a manutenção de populações da fauna silvestre, a qualidade da água, e o equilíbrio do clima e do solo.

quinta-feira, 23 de julho de 2009

Cai pela metade participação do carvão da Bacia do Rio São Francisco na matriz energética do país

Rio São Francisco

Por: Thais Leitão - Repórter da Agência Brasil


A participação do carvão vegetal produzido nos municípios que compõem a Bacia do Rio São Francisco na matriz energética brasileira caiu pela metade entre os anos de 2000 e 2007, passando de 26,17% para 13,79%. Apesar disso, em termos de volume, a redução foi pequena, tendo passado de 374 mil para 349 mil toneladas por ano no período.A atividade, realizada sem os cuidados de manejo ambiental, é um dos principais fatores de degradação do São Francisco. A avaliação é da geógrafa Adma Hamam, coordenadora do estudo Vetores Estruturantes da Dimensão Socioeconômica da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco, divulgado hoje (22) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O levantamento traça uma radiografia da região enfocando aspectos como configuração demográfica, usos dos recursos hídricos, além da governança socioambiental. O objetivo é subsidiar políticas de revitalização da área, desenvolvidas pelo Ministério do Meio Ambiente.“Grande parte da matriz energética do São Francisco é proveniente do carvão vegetal. Isso causa danos sérios, porque, com a retirada da vegetação do Cerrado e do Semiárido, que ajuda a proteger o solo, quando ocorrem chuvas tudo é arrastado diretamente para o rio, gerando assoreamento do São Francisco, prejudicando a qualidade da água e promovendo diminuição da vazão”, destacou a pesquisadora.O levantamento indica que os seguintes municípios lideravam, em 2007, o ranking da produção de carvão vegetal na bacia: Buritizeiro, João Pinheiro, Pompeu, Felixlândia e Corinto, todos no estado de Minas Gerais.Segundo o pesquisador da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) no Semiárido, Iedo Bezerra, essa produção é absorvida principalmente pelas indústrias siderúrgicas mineiras.Ele destacou ainda que em outra região da bacia, no chamado SubMédio São Francisco, que engloba parte dos estados de Pernambuco, do Piauí e do Ceará, o maior problema em termos ambientais é a retirada de vegetação da Caatinga para produzir lenha que abastece principalmente a indústria de gesso. Essa região concentra 95% da produção gesseira de todo o Brasil.De acordo com um levantamento realizado pela Embrapa em 15 municípios pernambucanos, que abrangem uma área de 2 milhões de hectares, quase metade já está desmatada em função dessa atividade.“Esse é um problema muito grave na nossa região. Por isso, trabalhamos para conscientizar a classe empresarial de que é possível manter a indústria a pleno vapor adotando práticas sustentáveis”, afirmou.Entre essas medidas, Bezerra destacou a divisão das propriedades rurais em zonas de produção alternada para evitar o esgotamento do solo; a recuperação de áreas degradadas; o plantio de florestas utilizando espécies de crescimento rápido com o objetivo específico de extração; e ainda a observância dos limites de preservação previstos pela reserva legal em cada região.O engenheiro florestal da Embrapa citou ainda o uso da lenha para abastecer pizzarias e restaurantes em todo o país e a utilização domiciliar para produção de energia, embora este último, segundo ele, tenha menor impacto ambiental por ser, em geral, fruto de atividade de coleta.“Essa modalidade é menos predatória porque, embora a lenha ainda seja largamente utilizada especialmente pelas populações mais pobres dos municípios da bacia, em geral elas [as famílias] retiram troncos já caídos e mortos”, enfatizou.

quarta-feira, 22 de julho de 2009

Manejo Florestal aumenta renda em assentados da Caatinga

Floresta do Araripe - Autor: João Vital

Ação do Serviço Florestal Brasileiro com moradores do interior de Pernambuco tem permitido que 13 assentamentos da reforma agrária, que abrigam 238 famílias, em 8,7 mil hectares, obtenham outra fonte de renda com o uso sustentável da Caatinga. As pessoas atendidas recebem apoio técnico para fazer o manejo da Caatinga.
A agricultora familiar Sandra Maria Souza, 34 anos, recebeu a visita dos técnicos e mudou a forma de adquirir lenha. “Antes, como não era manejado, a gente tirava em qualquer canto da fazenda. Agora, sai de um lugar medido, calculado”, afirma. Ela também aprendeu a cortar os pedaços de lenha no mesmo tamanho e a deixá-los sem pontas ou galhas. As mudanças ajudam a negociar o preço do produto. “A madeira sai com nota; com isso, a gente pode bater o pé e vender por R$ 11 o metro cúbico”, acrescenta. Na ilegalidade, a mesma madeira é comercializada por R$ 5.
Sandra, que também é presidente da Associação dos Trabalhadores Rurais do Assentamento Vila Bela, em Serra Talhada, a 345 km de Recife diz que, sem o esclarecimento de técnicos, a tendência é de retirar toda a cobertura florestal. “Existem pessoas que pensam apenas em desmatar, criar vaca ou tocar fogo. Mas fomos informados de que, se continuasse o desmatamento, um dia a gente não ia ter lenha”, afirma.
Para o engenheiro florestal Franz Pareyn (ex-Coordenador do Comitê Estadual da Reserva da Biosfera da Caatinga - CERBCAA/PE) que lidera a iniciativa por meio da Associação Plantas do Nordeste, o manejo da Caatinga é ainda uma forma de proteger os recursos naturais. Se juntarmos, dentro de uma propriedade, a área passível de manejo sustentável, a reserva legal – que em Pernambuco não pode ser manejada, mais as áreas de proteção permanente, chegamos a cerca de 60% de cobertura florestal protegida.
“O manejo tem um papel muito grande para a conservação da biodiversidade e combate à desertificação com custo zero para o estado”, diz. Em Pernambuco existem cerca de 500 assentamentos, dos quais, estima Pareyn, 100 deles teriam tecnicamente potencial para fazer manejo.
Além de ser uma forma de complementar a renda – em geral, os assentados praticam agricultura para a própria subsistência e criam pequenos animais – o engenheiro florestal diz que o manejo traz mais perspectivas para os agricultores. “O manejo é uma forma alternativa para fixar o homem no campo. O assentado consegue viver da propriedade e, assim, cumprir o objetivo para o qual foi feita a reforma agrária.”
Manejo florestal sustentável – Trata-se de uma forma de explorar a vegetação de forma a manter sempre uma parcela de cobertura vegetal para uso posterior, ao invés de derrubar todas as árvores. Na Caatinga, o manejo acontece de forma peculiar. A área, em geral de 20% a 25% da propriedade, é divida em talhões, cada um para uso em um ano, em seqüencia. Quando acaba o ciclo, volta-se ao primeiro talhão, que já estará recuperado.
Energy Globe Award – As técnicas de manejo sustentável da Caatinga renderam reconhecimento internacional. A Associação Plantas do Nordeste ganhou em abril o Prêmio Energy Globe Award, devido às atividades com os assentados no semi-árido, realizadas desde 2006. Esse prêmio é um dos mais importantes do planeta no tema.
Expansão – A experiência bem-sucedida em Pernambuco será estendida à Paraíba. Ainda este ano, mais oito assentamentos receberão apoio técnico, mas a intenção do chefe da Unidade Regional do Nordeste, do Serviço Florestal, Newton Barcellos, é ampliar a iniciativa. “Nossa prioridade absoluta é dar continuidade e expandir o manejo florestal comunitário para os demais estados”, diz ele, que assumiu o cargo em junho.
À frente da entidade, Barcellos, que formou-se mestre em Extensão Rural na Grã-Bretanha, pretende ainda aumentar a atividade de pesquisa sobre a Caatinga com a elevação do número de parcelas permanentes do bioma, objeto de estudo pela Rede de Manejo Florestal da Caatinga.
Hoje, existem 70 dessas parcelas, onde a vegetação não sofre interferência do homem, concentradas na Paraíba, Pernambuco, Rio Grande do Norte e Ceará. “A Caatinga da Bahia é diferente da do Rio Grande do Norte. Queremos ampliar o número de parcelas e estudar a dinâmica de recuperação e regeneração da caatinga”, diz.
A Unidade Regional do Nordeste vai também buscar as informações florestais da Região com as superintendências do Ibama e órgãos ambientais dos estados para alimentar o Portal de Gestão Florestal do Serviço Florestal Brasileiro. “Podermos conhecer qual a área manejada, quantos planos de manejo foram aprovados e ter dados sobre a supressão de vegetação.”

terça-feira, 21 de julho de 2009

O raro soldadinho-do-araripe é 'adotado' por observadores

Soldadinho do Araripe

Do vale do Cariri, no Ceará, região semiárida do Nordeste brasileiro, um soldadinho muito especial foi recrutado para se juntar a um batalhão em luta pela preservação da chapada do Araripe. Desconhecido da maioria da população brasileira, ele está na lista dos mais procurados por estrangeiros observadores de aves, gente disposta a viajar do outro lado do mundo até o sertão só para apreciar, por alguns minutos, essa ave de meros 15 centímetros, com sua ‘farda’ impecável, branca e preta, e seu ‘chapéu de gala’ vermelho.
O soldadinho-do-araripe (Antilophia bokermanni) está entre as aves mais ameaçadas de extinção do Planeta, classificado na Lista Vermelha brasileira, desde 2003, na categoria ‘criticamente em perigo’. Com o mesmo status, desde 2004, a espécie figura na lista mundial elaborada pela União Internacional para a Conservação da Natureza e BirdLife International. É justamente por estar em situação tão crítica – e por ser tão apreciado por observadores – que esse pequeno ‘combatente’ acaba de virar símbolo de conservação.
Em Barbalha, no último dia 2 de junho, durante um festejo religioso tradicional da cidade, o soldadinho-do-araripe foi declarado ave-símbolo por uma lei municipal. No mesmo dia ainda foram criados o Conselho Municipal do Meio Ambiente e o prêmio ambiental Soldadinho-do-Araripe, que incentiva ações voltadas à conservação da natureza.
O hábitat da ave, no extremo Sul do Estado, é a terra do padre Cícero Romão Batista, prestigiado santo milagreiro. Cravada na planície, com uma vegetação de transição entre a Caatinga e o Cerrado, a chapada do Araripe destaca-se com seus paredões de arenito. No topo, uma mata mais densa guarda o berço das águas, vital numa região onde as condições de clima e solo podem levar à desertificação.
Desembarcamos em Juazeiro do Norte para ver o pequeno ‘milagre’ de perto. Pegamos a estrada até Barbalha, cidade vizinha, e seguimos direto para o Parque Arajara, uma reserva particular na base da chapada, onde vive o morador ilustre da região. Ele ainda não arrasta multidões como o conterrâneo padre Cícero, mas já desperta o interesse de observadores de aves dentro e fora do Brasil e pode se tornar um atrativo turístico ‘redentor’ para aquela comunidade sertaneja. A região já recebe grupos de observadores de aves – especialmente ingleses, canadenses e norteamericanos – para ver o soldadinho de perto. “Esse interesse que vem de fora desperta a curiosidade dos moradores, que querem saber porque uma ave atrai gente de tão longe”, comenta o ornitólogo e fotógrafo Ciro Albano, da Associação de Pesquisa e Preservação de Ecossistemas Aquáticos (Aquasis), organização não-governamental responsável pelo plano de conservação da espécie.
E se você também ficou curioso, saiba que só visitando a chapada para contemplar sua exuberância, pois esse soldadinho é endêmico (ou seja, só existe ali) e tem uma área de distribuição muito restrita, de apenas 28 quilômetros quadrados, bordejando o sopé da serra.
Mas não é para todo lado que se olha que se encontra um, não! De acordo com a Aquasis, existem apenas 800 indivíduos em vida livre e nenhum em cativeiro. E tem mais! Só se conhece mais uma ave do mesmo gênero, o soldadinho-do-cerrado (Antilophia galeata). As características morfológicas – tamanho e proporções – são semelhantes, porém a cor da plumagem dos machos é diferente, sendo o soldadinho-do-cerrado negro com manto carmim, sem o branco do soldadinho-do-araripe. As fêmeas das duas espécies são bem parecidas, com a plumagem totalmente verde, embora as fêmeas do Araripe sejam mais claras.
Os dois soldadinhos pertencem à família dos tangarás e dos uirapurus dançarinos – a Pipridae – cuja característica comum é a exibição nupcial. Diversos machos exibem as penas coloridas e executam passos, saltos ou até acrobacias, procurando atrair a atenção de uma fêmea, em geral de cor esverdeada e discreta. A ela cabe a seleção do melhor dançarino, com o qual vai acasalar.
O soldadinho-do-araripe macho também fica com a incumbência de se exibir aos eventuais intrusos, tratando de defender seu território. Durante o período de incubação dos ovos e de cuidados com os filhotes pequenos – tarefa exclusiva das fêmeas – os soldadinhos montam guarda por perto, sempre prontos a avançar sobre quem se aproximar demais. Os machos mais fortes acabam por escolher as melhores áreas para a procriação onde estão os córregos e há mais alimento.

quarta-feira, 15 de julho de 2009

Missa homenageia saga do vaqueiro nordestino

Vaqueiro - Missa do Vaqueiro Serrita, Pernambuco, 1978
Fotografia de Alcir Lacerda AL-74 (18,3 x 24 cm)
A Missa do Vaqueiro realizada no município de Serrita, no Sertão, a 540 Km do Recife, chega à sua 39a edição como um dos eventos da região de maior projeção no Brasil e no exterior.
O Governo, por meio da Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco - Fundarpe e da Secretaria de Turismo, incluiu a missa ao calendário de eventos turísticos do Estado. A programação começa no próximo dia 22, estendendo-se até o dia 26. Agregando o sagrado e o profano, a celebração tem início com o desfile de mil vaqueiros da região. Eles saem em procissão em seus cavalos, levando oferendas ao altar, local do grande encontro.
A cada ano, nesta época, Serrita recebe em média 50 mil pessoas, entre religiosos, vaqueiros, cineastas, turistas e pesquisadores brasileiros e estrangeiros. Com isto, há um impulso na economia local, gerando renda para os artesãos da região. De acordo com Helena Câncio, presidente da Fundação Padre Câncio, “com o grande fluxo de pessoas circulando pela cidade, os artesãos aproveitam a época para comercializar seus produtos confeccionados a partir do couro, material da indumentária típica do vaqueiro”.
Nos cinco dias do evento, o público confere, sempre a partir das 21h, atrações musicais da região. Este ano, a programação inclui aboiadores, trios pé-de-serra, shows de artistas e pega do boi. A ação integra ainda a Rota do Vaqueiro (ver box).
Além dos espetáculos, o evento promove palestras: na sexta-feira, 24, o tema é “Tradições Nordestinas”. No sábado, 25, “O Papel do Vaqueiro na Colonização dos Sertões do Nordeste”. O programa começa na quinta-feira, 23, com aula-espetáculo do escritor Ariano Suassuna.
História - O homenageado na Missa do Vaqueiro, Raimundo Jacó, ao sair, numa noite, em 1954, à procura de um touro que havia fugido da fazenda do patrão, foi assassinado no meio da caatinga. A história diz que seu cachorro, companheiro fiel, velou o corpo dia e noite, até morrer de fome e sede. O corpo de Raimundo Jacó só foi encontrado alguns dias depois e o enterro foi seguido por toda a gente das redondezas.
O caso foi cantado em versos por Luiz Gonzaga: “Numa tarde bem tristonha/Gado muge sem parar/Lamentando seu vaqueiro/ Que não vem mais aboiar. Sacudido numa cova/Desprezado do Senhor/Só lembrado do cachorro/Que inda chora sua dor/É demais tanta dor...”. O próprio Rei do Baião foi um dos idealizadores da Missa do Vaqueiro, celebrada pela primeira em 1970 pelo Padre João Câncio. (Fonte: Noticiário Executivo Fisepe)

terça-feira, 14 de julho de 2009

Brasil desperdiça potencial econômico da biodiversidade

Foto: Porta e janelas primos

De Herton Escobar

O Brasil se orgulha de ter a maior biodiversidade do planeta. Somadas as riquezas biológicas da Amazônia, cerrado, mata atlântica, Pantanal e caatinga, o País abriga mais espécies de plantas, animais, fungos e bactérias do que qualquer outro. Ótimo. Mas e daí? Para que serve essa biodiversidade? Quanto dessa riqueza biológica está sendo convertida em riqueza econômica e desenvolvimento para o País - além de render belas fotografias?
"Muito pouco" até agora, segundo especialistas consultados pelo Estado às vésperas da 61ª reunião anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), que começa hoje à noite em Manaus. As estatísticas mostram que o tão alardeado e cobiçado potencial econômico da biodiversidade brasileira ainda está longe de ser capitalizado a contento.
O Estado que serve de anfitrião para o evento ilustra bem isso - com um território gigantesco e 98% de sua cobertura vegetal original preservada, o Amazonas tem mais de 1,5 milhão de quilômetros quadrados de floresta tropical intacta, habitada por uma riqueza incalculável de espécies. Mas qual é a importância dessa biodiversidade na economia do Estado?

terça-feira, 7 de julho de 2009

Vem aí a "Mostra de Cinema Bela Caatinga"


“Mostra de Cinema Bela Caatinga” acontece nos meses de setembro e outubro nos municípios de: Custódia, Flores, Triunfo,Serra Talhada, São Jose Belmonte, Salgueiro, Mirandiba , Tabira, São José do Egito, Afogados da Ingazeira, Sertânia, Inajá, Ibimirim, Arcoverde , Pedra, Buique, São Caetano.A pré-produção se realizará entre 10 e 20 de agosto, nos referidos municípios, para verificar locais de exibição e apoio local. Precisamos identificar pessoas interessadas em trabalhar na produção para receber treinamento, neste período e apoiar nos dias de exibição no seu município de origem . A Mostra permanece 2 dias em cada municípios com 3 exibições diárias:pela manha e a tarde em escolas, sindicatos e associações e a noite telão na praça. Os participantes da Mostra recebe certificado de produtor cultural. Os interessados deverão escrever para: cleapresbytero@hotmail.com Fone para contato: (81) 88677660. Esta é uma promoção do Comitê Estadual da Reserva da Biosfera da Caatinga/PE- CERBCAA, com o importante patrocínio do Banco do Nordeste - BNB .

sábado, 4 de julho de 2009

Desertificação (Passaredo de Chico Buarque)

Este é um belo poema de Chico denunciando a ação humana que coloca em perigo a existência de inúmeras espécies. Um hino à Natureza! Temos que agir logo, antes que seja tarde demais.

Na terra do Sol

Caatinga: muita luz chega ao solo (Foto: Fernando Rosas)

Plantas da Caatinga não sofrem os distúrbios causados por desmatamento conhecidos como efeitos de borda. André de Melo Santos, da Universidade Federal de Pernambuco, e Bráulio Almeida Santos, da Universidad Nacional Autónoma de México, compararam o tamanho, a densidade e as espécies de arbustos adultos entre zonas na borda e no interior de um trecho de Caatinga no planalto de Borborema na Paraíba. Não encontraram diferenças. Em florestas fechadas o interior da mata é muito diferente da borda em termos de umidade e incidência de luz. Já na Caatinga a luz do sol passa à vontade por entre os galhos dos arbustos espinhudos, os cactos e as bromélias. E a (pouca) água disponível não varia. O resultado ajuda a orientar a preservação do ecossistema: na Caatinga corredores estreitos já podem manter o trânsito de espécies animais e vegetais entre trechos separados por desmatamento (Acta Botanica Brasilica).

quarta-feira, 1 de julho de 2009

Apoio aos agricultores da Caatinga e do Cerrado

O prazo de inscrição para os empreendimentos interessados em participar da IV Sala Caatinga Cerrado foi prorrogado para até dia 20 de julho de 2009 (segunda-feira).
A 4ª Edição da Sala Caatinga Cerrado, apoiada pelo Ministério da Integração Nacional, seleciona até o dia 20 de julho empreendimentos da agricultura familiar. A Sala Caatinga Cerrado acontecerá durante a ExpoSustentat 2009, entre os dias 28 e 30 de outubro, no Transamérica Expo Center, em São Paulo.
Os participantes devem preencher um questionário que está disponível no site http://www.caatingacerrado.com.br/ e encaminhá-lo para o endereço articulacao@caatingacerrado.com.br. Está prevista a seleção de 24 empreendimentos, sendo 16 da Caatinga e 8 do Cerrado.

A Iniciativa Caatinga Cerrado – Comunidades EcoProdutivas é um espaço de articulação das redes e empreendimentos da agricultura familiar para a promoção e comercialização de produtos da sociobiodiversidade. Tem por objetivo qualificar e potencializar os processos de comercialização das organizações da Agricultura Familiar da Caatinga e do Cerrado em Mercados Diferenciados.
A Sala consiste em um estande coletivo realizado em feiras e eventos comerciais. Neste espaço, empreendimentos e redes da Iniciativa Caatinga Cerrado apresentam seus produtos e seus projetos visando à construção de parcerias e a realização de negócios.
Para 2009, na sua 4ª edição, a Sala Caatinga Cerrado pretende se consolidar como um espaço de negócios para viabilização dos empreendimentos e fortalecimento das redes que compõem o projeto.
A ExpoSustentat é uma feira de bens e serviços voltados para o mercado sustentável. Acontece paralelamente à BioFach América Latina – princi pal evento de agricultura orgânica internacional da América Latina e pretende expor organizações e produtos que têm na sua filosofia o conceito da sustentabilidade.

(Fonte:24HorasNews - Notícias 24 Horas www.24horasnews.com.br)

A Universidade Federal Rural de Pernambuco e o Comitê Estadual celebram o Dia Nacional da Caatinga

Marcelo, Suassuna, Rita, Ednilza e Márcio (CERBCAA/PE) João Suassuna (Fundaj) Márcia Vanusa (UFPE) Francis Lacerda (IPA) e Jo...