(Foto: José Leomar)
Considerado um dos biomas mais devastados pela ação do homem no Brasil, a Caatinga passa a contar com um grande aliado em sua conservação. A Unidade Acadêmica de Serra Talhada (UAST) da UFRPE será a sede de um novo Centro de Referência em Recuperação de Áreas Degradadas (CR-ad), voltado para a realização de pesquisas e atividades de extensão sobre a Caatinga.
Os recursos para a construção do CR-ad Bioma Caatinga (R$ 1 milhão) foram liberados pela Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf), em meados de agosto, após aprovação de projeto elaborado por equipe de 11 pesquisadores, dos quais dez são da própria UAST.
O CR-ad Bioma Caatinga contará com um herbário, dois laboratórios, banco de germoplasma; viveiro com capacidade de produção de até 60 mil mudas (a ser construído na Estação de Pesquisa de Parnamirim da UFRPE); viveiro-escola; veículo com tração a ser usado em pesquisas; caminhão para o transporte de mudas e uma van para a condução de passageiros. A compra de equipamentos e materiais do centro já se encontra em fase de licitação.
De acordo com o professor Martinho Carvalho, coordenador do projeto, o centro de referência tem a finalidade de estimular a comunidade local a proteger e recuperar a vegetação nativa da região. Acredita-se que 45% da Caatinga tenham perdido sua cobertura vegetal. Além disso, 15% são áreas desertificadas. O principal motivo dessa devastação é o desmatamento para a produção de carvão. A intenção é de que o centro se torne difusor e catalisador de iniciativas voltadas para a recuperação do bioma da Caatinga nas esferas públicas e privadas.
O coordenador do projeto afirma que, até relativamente pouco tempo atrás, a Caatinga era considerada um bioma pobre em espécies. Contudo, pesquisas recentes mostraram enorme diversidade biológica, com número expressivo de espécies desconhecidas pela Ciência. “A construção de centros como esse é de grande importância. Precisamos conhecer mais sobre as espécies, sua reprodução, e encontrar alternativas para a conservação desse bioma”, ressalta Martinho Carvalho.
Segundo o pesquisador da UFRPE, os principais eixos de atuação do CR-ad Bioma Caatinga incluem ações de reflorestamento, com a utilização de espécies nativas; formação de multiplicadores na produção de mudas; além de pesquisa nas áreas de germinação, controle de pragas de mudas e restauração da vegetação nativa, principalmente nas áreas de abrangência das bacias dos rios Pajeú, Brígida e Moxotó.
A ação antrópica degradante e o uso inadequado de seus recursos naturais têm gerado diversos problemas para o bioma caatinga, foco do projeto. A extinção de muitas espécies nativas, a erosão do solo, o assoreamento de rios, a desertificação e o empobrecimento das comunidades do entorno são alguns deles. Além desse centro, existem outros seis em funcionamento ao longo da Bacia do Rio São Francisco.
“Nossa intenção é realizar intercâmbio de pesquisas e experiências com todos esses centros, de modo a amadurecer as discussões e o conhecimento que se tem atualmente sobre a Caatinga nordestina”, frisa Martinho Carvalho.
O Ministério do Meio Ambiente, por meio do Programa Nacional de Florestas (PNF) e da Diretoria de Conservação da Biodiversidade (DCBio), dará apoio e acompanhará o desenvolvimento do projeto.
(Fonte: UFRPE - Informações: (87) 3831.2938, ramal 215, ou: martinhocarvalho@yahoo.com.br)
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