Mapa mostra áreas em bege no Piauí, consideradas de
Mata Atlântica pelo IBGE; Governo do Estado contesta definição em Brasília
Na semana em que a Fundação SOS Mata Atlântica, em Teresina, saiu para defender a preservação do bioma no Estado, biólogos reafirmam a inexistência dessa vegetação, em especial na Serra Vermelha. Entre as defensoras está Eugênia Medeiros, coordenadora no Piauí do Instituto Chico Mendes de Conservação e Biodiversidade - ICMBio. O órgão é ligado ao Ministério do Meio Ambiente, a quem o governo estadual contesta o mapa do IBGE que definiu 10% do território piauiense como Mata Atlântica.
Para Eugênia Medeiros, são necessárias similaridades geoclimáticas, que incluem até fatores relacionados a distribuição de chuvas, solo e altitude, para tal definição. Ela afirma que chamar de Mata Atântica as regiões próximas à Serra da Capivara é desvalorizar a caatinga ali existente e negar estudos iniciados no final dos anos 1970. "A falácia de que a região é Mata Atlântica, desqualifica e desconhece a importância do bioma da Caatinga, o único exclusivamente brasileiro e adaptado às condições de semi-aridez do clima nordestino", diz.
Em conversa recente com o secretário estadual de Meio Ambiente, Dalton Macambira, Eugênia Medeiros destacou que a área conservada de Mata Atlântica no Brasil aumentou de 5% para 27% com a inclusão de terrenos como os do Piauí, o que facilitaria financiamentos de projetos por organismos internacionais. Para ela, prioridade é preservar a caatinga e sua vegetação adaptada ao semi-árido, já que o planeta passa por profundas mudanças climáticas.
"Desserviços presta quem não considera a importância da Caatinga como patrimônio nacional querendo forçar seu enquadramento como outro bioma", acrescenta a bióloga.
Outro que contesta a presença do bioma no Estado, em tom desafiador, é o doutor em Botânica Alberto Jorge, da Universidade Federal do Piauí. "Temos que nos pautar em pessoas que pesquisaram, realizaram estudos sobre esses temas. Estudos feitos por professores doutores da Universidade Federal do Piauí e da Universidade Federal do Ceará encontraram cinco gêneros de plantas comuns aos dois biomas, mas infelizmente nenhuma espécie", afirma.
O doutor reclama ainda que a voz dos ambientalistas prevalesce sobre a de especialistas no assunto. ". Gostaríamos de ver a lista das espécies encontradas pelos estudiosos da Mata Atlântica feitos no Piauí, como também a comprovação da existência de solos, precipitações pluviométricas e temperaturas com influência do Atlântico, imprescindíveis para o bioma da Mata Atlântica", desafia Alberto Jorge.
Enquanto os especialistas conseguem se fazer ouvidos apenas pela Semar, o órgão estadual tenta junto ao Ministério do Meio Ambiente a alteração no mapa do IBGE, que atesta a existência do bioma no Piauí.
Da Redação
Fonte: cidadeverde.com
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