Após quatro anos analisando flores, frutos e folhas coletados de um arbusto em Mirandiba, no Sertão de Pernambuco, pesquisadores concluíram, mês passado, que pertencem a uma nova espécie da caatinga. A planta foi batizada de Gymnanthes boticario. O primeiro nome é uma referência ao gênero. O segundo, à espécie. Trata-se de uma homenagem à Fundação O Boticário de Proteção à Natureza, que financiou o estudo.
Os autores da descoberta, publicada na revista alemã Willdenowia, explicam que há 46 espécies desse gênero no mundo, quatro delas encontradas no Brasil. Assinam o artigo no anuário do Jardim Botânico e do Museu Botânico de Berlin-Dahlen o especialista alemão Hans-Joachim Esser, do Botanische Staatssammlung de Munique, e dois brasileiros. Marccus Alves, professor do Departamento de Botânica da UFPE e Maria de Fátima de Araújo Lucena, vinculada à Universidade Federal de Campina Brande (PB).
Logo depois da coleta em Mirandiba, a 500 quilômetros do Recife, no Sertão de Pernambuco, a equipe encontrou novamente a planta no Parque Nacional Serra da Capivara (PI) e, mais recentemente, na Serra de Olho d’Água, uma região a 740 metros de altitude no município de Pedra Branca (PB). Até o momento, sua ocorrência está registrada para os Estados de Pernambuco, Piauí, Paraíba, Ceará, Bahia e Rio Grande do Norte.
De acordo com Maria de Fátima, todos os espécimes já coletados foram encontrados em remanescentes de caatinga bem preservados, com pouca intervenção humana e, por vezes, de difícil acesso, com vegetação predominante arbustiva e arbórea. Pertencente ao gênero Gymnanthes, da tribo Hippomaneae, a nova espécie é da família Euphorbiaceae, a mesma de velames, urtigas, mameleiros e leiteiras.
Habitante de áreas de caatingas arenosas ou pedregosas, com altitude de 400 a 900 metros, a nova espécie pode atingir de um a quatro metros de altura. Suas flores são pequenas, de cor amarelo-creme e sem perfume.
Com a descoberta, a lista de espécies botânicas da caatinga soma 1.513 espécies. Durante a pesquisa, a equipe identificou 28 novas ocorrências de espécies da família Euphorbiaceae, para a Região Nordeste, além de identificadas populações de espécies raras e a descoberta da nova espécie para a ciência.
O Nordeste, segundo os botânicos, abriga 245 espécies de euforbiáceas, a maioria distribuída na caatinga. Entre os integrantes dessa família estão espécies economicamente aproveitadas por serem comestíveis ou terem uso na indústria madeireira e ou farmacológico, como a mandioca, mamona, seringueira, quebra-pedra, mameleiro, quebra-faca, velame, urtiga, flor-de-papagaio, coroa-de-cristo e pinhão.
A nova espécie não tem nome popular. “É uma planta rara na região”, justifica Marccus Alves. Ele destaca que a caatinga, apesar de apresentar menos diversidade biológica que a mata atlântica, é um bioma rico, quando comparado com outras regiões semiáridas. “E ainda desconhecido”, completa.
(Fonte: Blog Ciência e Meio Ambiente)
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