Alunos do 1º ano do Ensino Fundamental da Escola Modelo, em Iguatu (CE), conhecendo sobre aspectos sociais e culturais do sertanejo, que é desconhecido por muitos. O objetivo é fortalecer a tradição nordestina.
Apesar de viverem em cidades do interior, muitas crianças têm uma vida com características urbanas. Moram nas cidades e se divertem com jogos eletrônicos, sem conhecerem brincadeiras, modos de produção e de vida do sertão. O passado, mesmo recente, é desconhecido para milhares de adolescentes. Com o objetivo de mostrar um pouco da realidade social e cultural do sertanejo, a Escola Modelo de Iguatu desenvolveu o projeto Coisas do Sertão, que permitiu resgatar aspectos históricos e atuais das atividades diárias na zona rural.
Na véspera das festividades de São João, as atividades também estiveram voltadas para a cultura musical nordestina, danças típicas, trajes e instrumentos musicais. Os alunos do 1º ano do Ensino Fundamental da instituição tiveram a oportunidade de conhecer sobre os modos de vida do sertanejo, do trabalhador rural, da dona de casa, do vaqueiro e da lavadeira de roupas. Em um cenário típico, montado na escola, os alunos saborearam chás do sertão e o cafezinho tradicional, feito de pó de café pilado em pilão antigo de madeira, passado na hora. As bebidas foram servidas com o delicioso chapéu de couro, uma iguaria feita de massa de milho, ovo, açúcar e canela.
Cotidiano sertanejo
Houve representação do homem do campo com seu cantil de cabaça para levar água para a roça, a engomadeira no ferro a brasa, a costureira trabalhando na máquina manual, o pescador, o vaqueiro com suas vestimentas pesadas e resistentes de couro. A ideia foi da professora Joana Custódio da Costa, que há mais de 20 anos alfabetiza crianças, na unidade de ensino. "Percebi que instrumentos de trabalho, que até pouco tempo eram usados, desapareceram das casas e as crianças de hoje sequer conhecem o modo de vida do sertanejo", disse a docente. "O nosso objetivo foi resgatar essas coisas".
Até no aspecto cultural, as antigas cantigas desapareceram e o tradicional forró pé de serra cedeu espaço para as bandas eletrônicas que invadem as rádios e fazem o gosto dos jovens. Pouco se conhece do ritmo original do baião, xote e arrasta pé. Na véspera do São João, o projeto procurou também resgatar canções das décadas de 1950 e 1960.
O encerramento das atividades não poderia ter sido diferente. Um animado forró pé de serra alegrou as crianças, mas o curioso é que alguns dos alunos tiveram oportunidade de conhecer e tocar um pouco dos instrumentos que forma o regional musical: o pandeiro, a sanfona e o triângulo, com orientação de músicos locais. O arrasta-pé ao som do forró "Sala de reboco" concluiu com muita animação o projeto de atividades sociais e culturais voltado também para a temática das questões ecológicas, debatidas durante o último mês de junho. A professora Joana Custódio observou que o importante do projeto é a participação ativa das crianças que vestidas de forma caracterizada, fizeram dramatizações e deram explicações sobre o bioma Caatinga, instrumentos musicais e ferramentas de trabalho da roça.
"A nossa vegetação precisa ser preservada, valorizada, mas ainda é muito desconhecida", frisou Joana. "Infelizmente, a cada ano, avança o desmatamento". A docente espera que as futuras gerações protejam o meio ambiente e vivam de forma sustentável.
MAIS INFORMAÇÕES
Escola Modelo de Iguatu
Rua Santos Dumont, S/N - Centro
Região Centro-sul
Telefone: (88) 3581.1622
(Fonte: Honório Barbosa - Diário do Nordeste)
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