Fonte: Diario de Pernambuco
Bioma exclusivamente brasileiro, a caatinga tem até um Dia Nacional instituído em 2003: 28 de abril. Pena que a passagem da data, mais uma vez, não foi de celebração. A vegetação típica do Nordeste está literalmente sumindo do mapa. Um terço de sua área já se transformou em deserto e o ecossistema típico do semiárido perde terreno ao ritmo de três mil quilômetros quadrados por ano. Dos 950 mil km2 distribuídos entre os nove estados do Nordeste e o norte de Minas Gerais, 300 mil km2 transformaram-se em poeira, com a perda definitiva de vegetação mamíferos, abelhas, anfíbios, répteis e peixes.
Apesar de sua riqueza e de ocupar 12% do território nacional, a caatinga não tem a mesma visibilidade do que a floresta amazônica, a mata atlântica e até mesmo o cerrado, que conseguem mobilizar até instituições internacionais para suas preservações. Pesquisadores nordestinos travam uma batalha diária para divulgar seus trabalhos e chamar a atenção para a preservação de um ecossistema que é uma riqueza de todos nós.
Um deles é o professor José Alves Siqueira, da Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf), em Petrolina, que reuniu 100 especialistas e publicou, no ano passado, o livro Flora das caatingas do Rio São Francisco: história natural e conservação (Andrea Jakobsson Estúdio).
A obra vale o quanto pesa - três quilos - com 556 páginas de textos, fotos e mapas. De 1.031 espécies vegetais coletadas no entorno do Velho Chico, 136 (13,2%) eram restritas à caatinga. Outras 25 espécies cuja ocorrência não era conhecida no Nordeste foram encontradas. Um ecossistema rico, ameaçado por desmatamento e falta de preservação. Isto afeta diretamente o rio mais importante da região, com uma vazão cada vez menor.
Um Plano Nacional de Combate à Desertificação foi publicado em 2005. Onze anos depois, poucas ações foram executadas dentro dos três pilares da sustentabilidade: econômico, social e ambiental. Em Pernambuco, o núcleo de Cabrobó - pela agricultura não sustentável - é considerado uma das quatro áreas de desertificação no semiárido nordestino. O Polo Gesseiro do Araripe é um caso crônico de desmatamento para transformação em lenha.
A caatinga (“mata branca”, em tupi) sofre, mas como toda sertaneja, é forte. Só que não pode mais esperar. Uma área degradada leva cerca de 40 anos para se recuperar. É preciso tratar a caatinga como um manancial de riqueza, explorando de forma sustentável espécies que podem ajudar as populações a sobreviver nas suas áreas de origem.
(Publicado em: 01/05/2016)
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