quarta-feira, 23 de junho de 2010

Enchentes em Alagoas e Pernambuco. Obras torrenciais e chuvas planejadas.



Ainda vai levar um tempo para que meteorologistas, pesquisadores, administradores públicos e a própria comunidade entendam o que, de fato, aconteceu num raio de 400 km entre Pernambuco e Alagoas, atingiu 80 cidades entre a manhã de quinta-feira e a madrugada de sábado e provocou o nível de destruição que estamos vendo (veja o vídeo). O assustador da subida foi a velocidade que a água atingiu e chegou nas cidades, produzindo o efeito de um tsunami que nenhum sistema de defesa civil seria capaz de reagir. Inicialmente, podemos acusar a destruição das matas ciliares nas margens dos rios. É um caminho, mas o motor do desastre de Pernambuco e Alagoas não foi a repetição do que já assistimos. E isso nos leva a ter que enfrentar o debate sobre a necessidade de intervenções radicais. (JC Negócios - Fernando Castilho)..

Artigo
Riviera Francesa, Angra dos Reis, Ilha da Madeira, Blumenau, Veneza, Baviera e Pernambuco; não, não estou falando sobre destinos turísticos, mas sim sobre os inúmeros lugares onde, nos últimos anos, ocorreram chuvas devastadoras que produziram dezenas ou centenas de mortes, além de milhares de desabrigados. Basta um rápido giro pela internet para recordarmos que as chuvas e as inundações bateram recordes históricos em praticamente todos os países, nesta década. Pontes inglesas seculares sucumbiram à força das águas. Pedras de gelo do tamanho de jambos despencaram sobre telhados italianos. Plantações de arroz do sudeste asiático foram varridas, levando países populosos à fome.
As chuvas não fazem distinção entre países ricos e pobres. A diferença é a forma com que enfrentam a situação. Não é preciso explicar que cidades planejadas e uma defesa civil equipada e preparada diminuem as perdas de vida e os danos materiais, mas a grande diferença é a consciência do problema. Ele se chama aquecimento global. Para muitos um mito. Tudo bem, tem gente que acredita que o homem não foi à Lua.
A mídia européia não faz cerimônia em apontar o aquecimento global como responsável pelos eventos. O Brasil tem propostas internacionais até ousadas quanto a metas de redução de carbono, além de possuir um plano de enfrentamento das mudanças climáticas e ter papel ativo no processo de negociação para proteção do planeta. Porém, as propostas do Poder Executivo Federal parecem repercutir apenas fora de nossas fronteiras.
O que temos de concreto no nosso país? O Instituto de Pesquisas Espaciais timidamente anunciou que o toró “está de acordo com o modelo de um planeta em aquecimento”. A mídia nacional, sempre factual, aponta como culpados os seres mitológicos da climatologia, como a famigerada Zona de Convergência Intertropical, ou o terrível El Niño, mas só menciona o aquecimento global nas tevês por assinatura.
E o nosso governo? Continua a expansão urbana e industrial sobre manguezais, que são justamente as áreas de transição entre a terra e o mar. A já escassa vegetação das margens dos rios, que evitaria a erosão, o assoreamento e a subida abrupta das águas, continua desaparecendo. Os sem teto, continuam a ocupar as áreas de risco, atraídos pela concentração de riqueza em poucos municípios.
Afinal, com tudo isso, quem não sabia que a tragédia das chuvas em Pernambuco era anunciada? Urge repensarmos o planejamento de todos os nossos projetos, como SUAPE, grandes obras urbanas e os planos de ocupação. Somente no mês de novembro de 2009 o Rio Grande do Sul amargou um prejuízo de 3,5 bilhões de reais com as chuvas. Resta a Pernambuco contabilizar a tragédia, levantar a cabeça e pesar os prejuízos causados pelo clima na execução de suas futuras políticas públicas.
(Blog Ciência e Meio Ambiente - Leslie Tavares)

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