quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Caatinga Baiana: O Paraguaçu agoniza.

             















Paraguaçu, em tupi guarani, quer dizer “água grande”. Só que sem a mata ciliar e com poluição em excesso, de nada adianta as dimensões. E a razão é simples: a região que mais depende da água é também a mesma que agride o rio, apesar de ele ser um dos mais importantes do Nordeste.
Com 614 quilômetros de extensão, o Rio Paraguaçu atravessa três regiões da Bahia, até desaguar no mar. Nasce no município de Barra da Estiva. Na Chapada Diamantina ele distribui suas águas para irrigar um dos pólos agrícolas da Bahia, onde se produz café, batata e até maçã e ameixa.
Da Chapada Diamantina, entra no semi-árido. O roteiro inclui os municípios de Itaetê, Marcionílio Souza, Iaçu e Boa Vista do Tupim. E essa foi justamente a viagem feita pelo Globo Rural.
A partir de Itaetê, as águas do Paraguaçu aparecem represadas pela barragem Bandeira de Melo, que tem a missão de evitar que o leito do rio seque quando a chuva falta. Uma represa de 24 quilômetros de comprimento.
A seguir, por uma triste ironia, vem a região que mais agride o rio. Em Marcionílio Souza, o Paraguaçu serve até para limpar vísceras de boi. O gado é abatido nas fazendas e as tripas são tratadas no rio. Mas as tripas não são a única sujeira que o rio recebe. A mesma água que limpa as vísceras, e que depois se transformam em pratos de buchada, corre de onde mulheres lavam roupas. É com esse trabalho que elas sustentam as famílias.
O rio sofre também adiante. Nas cidades ribeirinhas a mesma água que mata a sede e a fome, recebe poluição de todo canto. Do jeito que sai das casas e das ruas, a sujeira cai na água. O caramujo, transmissor da esquistossomose, está presente. Em meio ao perigo de contaminação, os pescadores procuram peixes.
Na região da Caatinga, o pasto só não invadiu o curso das águas, como a mata ciliar desapareceu. Resultado: a erosão tomou conta do leito e a margem do rio começou a desbarrancar. Por causa da falta de proteção das matas ciliares, vários afluentes já morreram nesta região. Um riacho, de tão assoreado, não vê água nem em época de chuva. O Paraguaçu, logo adiante, não recebe nenhuma contribuição do parceiro há mais de 10 anos.
Carlos Romero dirige uma organização não-governamental, a SOS Paraguaçu, que há mais de uma década vem denunciando essas agressões. De acordo com estudos recentes, a devastação da mata ciliar chega a 70% da extensão do rio. Isso significa cerca de 400 dos 614 quilômetros do Paraguaçu.
Dois deles passam pela fazenda da família do pecuarista Dilson Oliveira. São dois quilômetros de pasto no lugar da área que deveria ser preservada. O rebanho de 80 cabeças de gado costuma passar fome quando a chuva demora. O capim não cresce. O medo de Dilson é que um dia a água do Paraguaçu também falte. E ele conta que ela já está diminuindo.
Os ambientalistas já fizeram os cálculos de quanto precisam reflorestar. De acordo com Carlos Romero, seria preciso replantar 1700 quilômetros de mata ciliar. Na prática é difícil, mas se envolver as comunidades que destruíram as matas, um dia será possível novamente ver o rio respirar.
(Fonte: EPTV.com)

        Poluição e falta de mata ciliar prejudicam o Paraguaçu








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