quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Caatinga em doses quase homeopáticas


Livro que estimula uso sustentável do bioma foi lançado 
ontem  no Recife pelo Ministério do Meio Ambiente.

A proteção parece o caminho lógico para preservar a caatinga - ecossistema exclusivamente brasileiro. Mas não é o único. Usar a vegetação de maneira equilibrada também é uma solução. E começa a ser a nova bandeira do Ministério do Meio Ambiente (MMA) que lançou ontem, o livro Uso Sustentável e Conservação dos Recursos Florestais da Catinga. Reunindo estudos e pesquisas do bioma nos últimos 25 anos, a obra consolida a possibilidade da economia racional proteger o meio ambiente. A receita é simples: usar uma parte por vez para garantir sempre o todo.
Ecossistema exclusivamente brasileiro foi alvo de estudos específicos nos últimos 25 anos para lançamento de obra Foto: Plano de Ação Nacional de Combate a DesertificaçãoNum exemplo simplificado, a recomendação significa que um proprietário de terra deverá dividir o terreno para manter a vegetação se recuperando em um trecho enquanto a outra parte é cortada. Uma medida que também parece óbvia, mas foram necessários anos de estudos para identificar a viabilidade e o prazo de 15 anos como ideal entre um corte e outro de lenha. ´O livro reúne essas pesquisas e o tempo de 15 anos de espera foi consolidado. Pode parecer muito, mas, assim, o solo estará sempre sendo renovado`, disse a engenheira florestal do Serviço Florestal Brasileiro e uma das organizadoras do livro, Maria Auxiliadora Gariglio.
Os estudos também constataram o forte potencial de recuperação da caatinga e a capacidade acelerada de recomposição. Na Amazônia, onde o manejo sustentável já é praticado, os produtores precisam esperar até 30 anos para reutilizar o mesmo solo. ´As árvores de lá são maiores, produzem grandes toras e estacas. Essa é outra vantagem nossa`, ressaltou, lembrando que a produção de lenha e carvão é a principal responsável pelo desmatamento que modificou cerca de 80% do bioma no Nordeste. Um histórico que faz do manejo sustentável uma medida fundamental para a região, que emprega cerca de 700 mil pessoas no corte de madeira.
Com 367 páginas, o livro traz artigos de 28 pesquisadores de instituições de todo o Nordeste e órgãos nacionais, como o MMA. E a principal conclusão de todos os envolvidos é sobre a potencialidade da aplicação do manejo para a produção energética, criando uma alternativa sustentável para a área. ´A união entre a conservação e a produção de lenha é o resultado mais importante da obra`, afirmou Maria Auxiliadora. Ela também destacou que, além de garantir o respeito à capacidade de reprodução da vegetação, a prática possibilita a manutenção da biodiversidade de fauna e flora.
Em um dos capítulos, os pesquisadores analisaram a situação de anfíbios, répteis, mamíferos e abelhas, além da flora, localizados em uma área da caatinga no Ceará que já atua com manejo sustentável. O resultado surpreendeu até os especialistas com uma diversidade semelhante à encontrada em unidades de conservação. Gariglio esclareceu que o tipo de uso da caatinga, que costuma ser mais cortada do que queimada, também favorece as espécies. ´Os tocos permanecem e isso acelera a recuperação, além de continuar a abrigar as espécies da fauna`. A primeira edição do livro, 2 mil exemplares, será distribuída entre entidades de pesquisa e de proteção do meio ambiente. (Fonte: Diário de Pernambuco - Júlia Kacowicz)
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