domingo, 13 de março de 2011

Conheça um pouco mais sobre a caatinga, um importante bioma exclusivamente brasileiro.

Na medida em que entendemos um pouco do que é a caatinga, nós conseguimos desvendar até mesmo certos mistérios da evolução do nosso planeta.




Esta semana o Programa Globo Rural contou história do local que conserva tesouros naturais incríveis.
A Amazônia, o Cerrado, o Pantanal, a Mata Atlântica e os Pampas não são só brasileiros, mas há um importante bioma que é só nosso, que não existe nos países vizinhos. É a caatinga, o principal bioma do sertão nordestino.
O Globo Rural percorreu milhares de quilômetros para contar a história desse lugar que conserva tesouros naturais incríveis. Na medida em que entendemos um pouco do que é a caatinga, nós conseguimos desvendar até mesmo certos mistérios da evolução do nosso planeta.
Mata branca ou na linguagem dos índios tupis, caatinga. Esse é o único bioma exclusivamente brasileiro. Lugar onde as chuvas são poucas e concentradas em quatro, cinco meses do ano. Durante todo o período seco, as plantas da caatinga ficam praticamente sem folhas. Uma floresta de galhos retorcidos, espinhos, aparentemente pobre em biodiversidade.

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Todo ano, quase três mil hectares de vegetação nativa viram lenha Na Paraíba, agricultores encaram o desafio de produzir e preservar. Agroecologia traz renda e qualidade de vida para assentados. Logo depois das primeiras chuvas, com pouca água, as plantas que pareciam mortas, renascem e a gente consegue enxergar a riqueza e a diversidade de espécies que compõem a caatinga.
Para conhecer melhor esse bioma, o Globo Rural visitou o semiárido nordestino em duas épocas bem distintas: o período seco, entre outubro e novembro de 2010; e a estação das chuvas, no começo de 2011. Quatro estados foram percorridos: Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte e Ceará.
Na primeira parada, começamos a entender como essa região se formou. Para isso, o programa chegou a Crato, no sul do Ceará.
A Chapada do Araripe é uma formação que ocupa parte dos estados do Ceará, Piauí, Pernambuco e Paraíba. Há milhões de anos esse lugar guarda um tesouro geológico: uma incomparável quantidade de fósseis, que são restos de animais e vegetais incrustados nas rochas. Para conservá-los, em 2006 foi criado o primeiro Geopark das Américas, dirigido pelo biólogo Álamo Saraiva. “Geopark é um programa da Unesco, que tem como objetivo principal a preservação de áreas de interesse geológico”.
Essa história começa há mais de 100 milhões de anos, quando África e América formavam um único continente. A separação aconteceu por causa da movimentação de porções da crosta terrestre, as chamadas placas tectônicas.
Na divisão dos territórios, houve um rebaixamento dessa área e grandes lagos se formaram. Mais tarde, houve o suroerguimento, o levantamento desses lagos. O sedimento que estava no fundo aflorou, dando origem à chamada bacia sedimentar do Araripe.
“Como o período era também chamado de aquecimento global esse lado estava secando”, diz o doutor Idalécio Freitas. Ele é geólogo do parque e explica que esse paredão conserva os registros dos períodos de chuva e de seca, dos últimos 110 milhões de anos. “Esse níveis mais escuros que vemos no calcário são relativos ao período mais úmido, com um pouco de matéria orgânica. Os riscos mais claros, períodos mais secos, de pouca chuva”.
As áreas demarcadas pelo parque são os geossítios. Um que fica em Santana do Cariri, no meio de uma área de extração comercial de pedras, as lajotinhas usadas como piso e revestimento que conservam muito mais do que dados climáticos. “Aqui tem exemplo de alguns seres que se encontravam dentro do lago, habitavam o lago ou viviam no entorno dele. A gente encontrava muitos peixes e muitos restos vegetais, mostrando que naquela época, a gente já tinha uma vegetação que ocupava um nicho da caatinga. A maior parte da vegetação era composta pelo grupo dos pinheiros, araucariáceas, vegetação que encontramos no Paraná, São Paulo e Rio Grande do Sul”, disse Álamo Saraiva.
A poucos quilômetros, outro geossítio espetacular. Um lugar onde dentro de toda pedra tem um peixe fossilizado. “Nós estamos na lama do que sobrou do fundo de um lago sobre influência marinha, ou seja, era um ambiente de água salgada. Toda pedra dessa, chamada de concreção, tem um peixe, porque foi ele que fez a formação dessa concreção. Se a gente abrir,dá para ver o olho preservado, a coluna, a espinha do peixe. Uma das características dos fósseis da Bacia do Araripe é manter o sentido tridimensional da peça e o tecido mole preservado, então vemos coluna vertebral e costelas, mas dá para ver estruturas minúsculas de pele, raias na cauda, as nadadeiras, tudo fica preservado”.
Para comprovar o que diz, Doutor Álamo abre mais uma pedra e vemos mais um peixe fossilizado. “Tem um ditado que diz que cada enxadada é uma minhoca. Aqui seria, cada enxadada é um fóssil”.
As melhores peças coletadas, estão reunidas no Museu da Universidade Regional do Cariri, localizado em Santana.
Em uma sala, uma coleção de troncos fossilizados. Parece madeira, mas é tudo rocha. No acervo de plantas ainda têm pinha pré-histórica, folhas, galhos e os primeiros registros de plantas capazes de produzir frutos.
Na coleção de insetos, abelhas, vespas e uma libélula, que de tão bem preservada, virou símbolo do museu. “A gente teve aqui uma explosão de insetos principalmente do grupo das abelhas, marimbondos, e também dos dependentes que têm uma ligação direta das plantas com flores. Eles são polinizadores”.
Muitos fósseis são bem parecidos com seus descendentes atuais. Caso dos escorpiões, aranhas, pererecas, tartarugas... E as conchinhas que só aparecem onde já teve água salgada.
Uma cena surpreendente: um peixão que morreu entalado tentando engolir outro e acabou fossilizado. “De uma maneira geral, entre micro e macro fósseis, já conseguimos descrever perto de 500 espécies. Muita coisa ainda tem para ser descoberta e muito mistério ainda vai ser desvendado”, finalizou Álamo.
(Fonte: Globo Rural)

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