quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Comitê discute ICMS Socioambiental para a caatinga com a Secretaria da Fazenda




Comitê da Caatinga, Presidente da Comissão de Meio Ambiente da Alepe e
Secretário da Fazenda discutem o ICMS Socioambiental de Pernambuco.


Por Daniel Vilarouca (*)

Membros da Comissão de Meio Ambiente da Alepe e do Comitê Estadual da Reserva da Biosfera da Caatinga - CERBCAA/PE se reuniram, na manhã desta terça-feira (23), com o secretário Estadual da Fazenda, Djalmo Leão. Na pauta do encontro, uma melhor divisão nos percentuais do ICMS Socioambiental e a instalação de Unidades de Conservação também nas regiões de caatinga.
O debate sobre a inclusão da caatinga na lista das Àreas de Preservação Ambiental foi trazida para a Assembleia Legislativa de Pernambuco através de uma audiência pública solicitada pelo deputado Nelson Pereira de Carvalho (PCdoB). Nela foi discutida a necessidade de preservação da caatinga que é um bioma único no mundo e tem sua maior incidência na região Nordeste do Brasil.
“Até o ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, já reconheceu que a caatinga, atualmente, sofre mais risco de extinçãoue a Amazônia”, comentou o coordenador do Comitê da Caatinga, Elcio Barros. Ele informou também que Pernambuco possui pouco mais de 50 Unidades de Conservação, a maioria delas localizadas no Litoral e Zona da Mata. Nenhuma nas regiões de caatinga.
Os atuais dados sobre as Unidades de Conservação são levantados pela Agência Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (CPRH) que tem feito muito mais uma analise quantitativa que qualitativa desses espaços. “Isso nos dá apenas uma visão de quantas Unidades de Conservação nós temos, mas não o estado em que elas se encontram. Algumas delas, inclusive, podem estar em estado de degradação por não haver um acompanhamento e uma manutenção adequada”, argumentou Elcio Barros.
Segundo o secretário Djalmo Leão, que acompanhou atentamente os pontos colocados pela Comissão de Meio Ambiente e pelo Comitê da Caatinga para que o ICMS Socioambiental seja melhor aplicado e haja também uma melhor distribuição de seus percentuais, é preciso haver primeiramente um interesse dos prefeitos dos municípios pernambucanos.
“Muitos prefeitos não sabem sequer que o ICMS Socioambiental existe ou que ele é repassado a partir das ações para o desenvolvimento do meio ambiente, saúde, educação e cultura. Por isso, é difícil fazer um acompanhamento, principalmente, nas pequenas cidades onde é difícil fazer até a arrecadação de tributos”, disse Djalmo Leão.
De acordo com o secretário, o repasse do ICMS Socioambiental e os recursos destinados ao meio ambiente em Pernambuco melhoraram bastante no Governo Eduardo Campos. “O governador tem sido muito sensível a essa questão e tem cobrado uma atenção especial com o seguimento”, afirmou.
Ele se comprometeu em trabalhar junto à Comissão de Meio Ambiente e ao Comitê para levar as reivindicações ao governador Eduardo Campos. “A ideia é envolver a Amupe (Associação Municipalista de Pernambuco) neste debate para que mais prefeitos tenham conhecimento da causa e aí possamos partir para um encontro com o governador levando estas propostas”, finalizou Djamo Leão.

(*) Assessor de comunicação dep. est. Nelson Pereira de Carvalho


Entenda a importância do ICMS Ecológico para a preservação do meio
ambiente nos municípios brasileiros.

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Biomas em perigo. Desmatamento pode acabar com 95% da Amazônia até 2075 e provocar o desaparecimento da caatinga.


Pós-queimada: ritmo recorde de devastação - Foto: Janduari Simões

Um relatório chamado "Assessment of the Risk of Amazon Dieback" e conduzido pelo Banco Mundial avaliou o risco de parte da floresta amazônica entrar em colapso devido à conjunção de três fatores: desmatamento, mudanças climáticas e queimadas. Segundo ele, em 2025, cerca de 75% da floresta seriam perdidos. Em 2075, só restariam 5% de florestas no leste da Amazônia.
O estudo, que contou com a colaboração dos pesquisadores brasileiros do Instituto Nacional de Pesquisa Espacial (Inpe) Carlos Nobre e Gilvan Sampaio, trabalha com o conceito de "Amazon Dieback", termo que ainda não tem tradução exata para o português e que representaria uma redução da biomassa da floresta. "Podemos dizer que é o risco de colapso de parte da floresta. O nível, o ponto a que chega a floresta que, mesmo que você faça reflorestamento, ela não retorna", explica Sampaio.
De acordo com a análise, o risco de colapso de parte da floresta é maior no leste da Amazônia, região que compreende o Pará e Maranhão. "Em nossos estudos, avaliamos que, principalmente no leste da Amazônia, com a mudança do clima mais a mudança no uso da terra, você não conseguirá mais sustentar ali uma floresta de pé, como é o caso da floresta amazônica. Você teria uma floresta com, digamos, menos biomassa acumulada, que poderia ser semelhante à uma savana", diz Sampaio.
O efeito combinado do clima e desmatamento, nessa região, pode resultar em uma forte diminuição da área de floresta no bioma.
No sul da Amazônia, região que compreende o Mato Grosso e sul do Pará, o relatório indica crescimento da área de savana, principalmente devido à atuação das queimadas. O noroeste da Amazônia é a área que sofre menor impacto, já que compreende a parte mais preservada da floresta.
Além disso, a soma dos impactos de mudanças climáticas, desmatamento e queimadas da Amazônia resultaria em consequências negativas em outras regiões do País. O estudo identifica uma mudança no regime de chuvas que atingiria o Nordeste brasileiro, intensificando o desaparecimento da caatinga na região e aumentando as áreas de semideserto.
Segundo Sampaio, a pesquisa não traça propostas para evitar o "dieback" da Amazônia. "Não fizemos recomendações. Na verdade, as recomendações são aquelas que já conhecemos: diminuir as emissões de gases de efeito estufa e controlar o desmatamento".

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Visita da CPRH a Caatinga


Foto: RPPN Pedra do Cachorro

Técnicos da CPRH - Agência Estadual de Meio Ambiente,  iniciaram hoje (22.02) uma série de visitas as áreas indicadas pelo Comitê Estadual da Reserva da Biosfera da Caatinga - CERBCAA/PE para instalação de Unidades de Conservação.
As áreas indicadas são:
  • Pedra do Cachorro, em São Caetano.
  • Serra Talhada, no município do mesmo nome
  • Serra da Canoa, em Floresta.
O objetivo da viagem é ter um contato inicial para colher informações básicas e posteriormente os estudos serão aprofundados através de levantamentos de campo e observância dos critérios legais.

Quando a equipe da CPRH se dirigia a Pedra do Cachorro, já na zona rural de São Caetano (PE), flagraram e apreenderam dois caminhões transportando lenha originada de desmatamento ilegal da caatinga naquele município.
Por isto, a viagem atrasou. As técnicas da CPRH tiveram que retornar a sede do município para entregar os infratores à delegacia local, devendo a visita a Pedra do Cachorro ser realizada apenas amanhã (23.02) e a chegada em Serra Talhada (PE) está prevista para a noite de terça-feira.

sábado, 20 de fevereiro de 2010

Blog Ciência e Meio Ambiente do JC Online destaca as atividades do Comitê da Caatinga


A seção diária de Ciência e Meio Ambiente do Jornal do Commercio impresso, tão bem conduzida, há tantos anos, pela jornalista Verônica Falcão, destaca na sua edição de hoje (20.02), o artigo de Elcio Alves de Barros sobre a Reserva da biosfera e unidades de conservação na caatinga, além de divulgar na íntegra o "Relatório de Atividades do Comitê Estadual da Reserva da Biosfera da Caatinga - Ano 2009".  Este importante blog , é voltado não apenas à ecologia, mas também à ciência, de um modo geral e além do mais, o leitor poderá alcançar outros links, sem esquecer que poderá comentar, com críticas e elogios, seu conteúdo. Nossos agradecimentos à jornalista Verônica Falcão. 
Leia o artigo completo e o relatório em: Blog Ciência e Meio Ambiente


terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Serra das Confusões, no Piauí, será o maior parque do bioma caatinga no país


Importante sitio histórico e ecológico terá área ampliada com incorporação
da Serra Vermelha. Acordo entre o MMA/ICMBio e o
governo do estado foi fechado nesta quarta-feira, em Brasília

O Parque Nacional da Serra das Confusões, no Piauí, será, a partir de março, a maior unidade de conservação da caatinga, ao incorporar aos seus 5,5 mil hectares parte da área da Serra Vermelha.
Situado ao sul do estado, em um bioma de transição com o cerrado, o parque preserva sítios históricos, além de ser um importante destino turístico do Nordeste.
Um acordo entre o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e o governo de Piauí, que vinha sendo costurado desde 2008, foi fechado nesta quarta-feira (10/02) entre o ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, e o governador Wellington Dias.
Com isso, as áreas de maior altitude da Serra Vermelha passam a integrar a área protegida, e a agropecuária poderá explorar as áreas mais baixas. O decreto ampliando o parque deverá ser assinado no início de março pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
O entendimento prevê, ainda, a incorporação da reserva legal de 20% das propriedades, como é previsto pelo Código Florestal para o bioma caatinga, pelo parque. A medida é destinada a atender aos produtores que atuam no entorno daquela Unidade de Conservação e assegurar uma área maior para a produção.
O memorial descritivo da área está em fase de conclusão pelo ICMBio. Documento que servirá para definir, além do território a ser incorporado ao parque, a Área de Preservação Permanente (APP) para os pequenos, médios e grandes produtores da região.
O Instituto já identificou a área de concentração prioritária para a produção na região de Novo Horizontina. A estimativa inicial é ampliar o Parque Serra das Confusões em 270 mil hectares, número que depende da conclusão do memorial.
(Foto: Divulgação/ Ministério do Meio Ambiente  - Fonte: Globo Rural).
Leia também: Serra das confusões se torna o maior parque nacional dentro do bioma caatinga

                           
Leia também: Piauí terá caatinga mais preservada

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

I ENED - Reunião de Campina Grande fecha proposta de pacto para o semiárido



Campina Grande (PB) sediou, de 03 a 06 de fevereiro, a reunião preparatória ao 1º Encontro Nacional de Enfrentamento da Desertificação
o MMA vai estudar a possibilidade de inclusão de alguns pontos propostos na reunião de Campina Grande no Programa de Aceleração do Crescimento II, que está em discussão no governo federal. Terão ênfase especial, entre outros, a produção de energia limpa e a oferta de 100% de água para as famílias que vivem nas áreas suscetíveis à desertificação.
Até o final da próxima semana, será encaminhado aos participantes o documento com as informações sistematizadas, que serão discutidas no encontro nacional de Petrolina/Juazeiro, em março.

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Caatinga: Vegetais são resgatados na área da transposição


Para autorizar obras nas margens do Rio São Francisco, Ibama exigiu realização de inventário de espécies.
Por isso, Univasf está executando serviço, que garantiu reconhecimento da flora da região

Por: Verônica Falcão

Das duas mil espécies de plantas encontradas na caatinga, 581 ocupam as margens dos canais por onde será desviada a água do Rio São Francisco, no Sertão. O levantamento, realizado pela Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf), é uma das exigências do Ibama para a execução da obra, do Ministério da Integração Nacional, e inclui os resgate de sementes, frutos e amostras das árvores, arbustos e ervas, entre outros tipos de vegetais.
O estudo, iniciado em julho de 2008, se estende por 350 quilômetros do eixo Norte, que liga Cabrobó (PE) a José da Penha (RN), e 210 do eixo Leste, que vai de Petrolândia (PE) a Monteiro (PB). “Tem sido um trabalho exaustivo de inventário e resgate, que vem permitindo o reconhecimento da flora da região, muito mais rica do que se costuma imaginar”, diz o coordenador do projeto, o professor da Univasf José Alves de Siqueira Filho.
O levantamento é realizado nas duas margens dos canais, num raio de mais de 200 metros, correspondentes à área da vegetação a ser desmatada. As valas terão 50 metros de largura e 10 de profundidade. O estudo tem mostrado que as famílias botânicas mais comuns na área de influência da transposição do Rio São Francisco são as das leguminosas, como a umburana-de-cheiro, e das euforbiáceas, a exemplo do pinhão-manso, além das gramíneas.
“Das 581 espécies, 33,4% são ervas, 26,8% arbustos, 17% árvores, 13,5% trepadeiras, 3,9% plantas aquáticas, 1,4% parasitas e 0,9% de epífitas”, detalha José Alves, responsável pelo Centro de Referência para a Recuperação de Áreas Degradadas (Crad-Univasf).
Ao todo, foram identificadas 83 famílias botânicas. As amostras de plantas são incorporadas ao acervo do herbário da Univasf, um dos dois do Nordeste que possuem armários de correr, os mesmos usados nos do Royal Botanic Garden, da Inglaterra. O outro é o da Universidade Estadual de Feira de Santana, na Bahia.

DESTAQUES

Um dos destaques das plantas catalogadas é uma espécie ao mesmo tempo endêmica e ameaçada de extinção, o ipê-cascudo. Denominada pelos cientistas Handroanthus spongiosus, a arvoreta permanece florida apenas de dois a cinco dias por ano, entre os meses de novembro e dezembro. O espetáculo das flores amarelas pode ser visto logo após o início do período chuvoso.
Sem folhas e flores, durante o ano o ipê-cascudo se confunde com as outras plantas da caatinga, vegetação exclusiva do Brasil que se espalha por quase 800 mil quilômetros quadrados no interior do Nordeste. É um tipo de hibernação às avessas, chamada de estivação, que permite as espécies da flora da caatinga suportarem o período de estiagem. Ao sinal das primeiras chuvas, no entanto, os galhos e gravetos aparentemente secos retomam as folhas e flores.
Para Siqueira Filho, o inventário é importante não só para o estudo da caatinga, mas também para nortear as ações de reflorestamento previstas pelo Rima. “Sabendo quais as espécies da região, os técnicos que farão o serviço poderão usá-las no lugar das espécies exóticas, como o eucaliptote empregadas em projetos de revegetação”, explica.
(Fonte: Jornal do Commercio - Ciência e Meio Ambiente)

Leia também: Sítio arqueológico de gravura é encontrado no Eixo Leste do Projeto São Francisco

domingo, 7 de fevereiro de 2010

RESERVA DA BIOSFERA E UNIDADES DE CONSERVAÇÃO NA CAATINGA


Foto: Pedra do Cachorro - S.Caetano (PE)

Por Elcio Alves de Barros

A "Conferência sobre a Biosfera" organizada pela UNESCO em 1968, foi a primeira reunião intergovernamental a tentar reconciliar a conservação e o uso dos recursos naturais, fundando o conceito presente de desenvolvimento sustentável.
Em 1970, a UNESCO lançou, o "Programa Homem e Biosfera", com o objectivo de organizar uma rede de áreas protegidas, designadas Reservas da Biosfera, que representam os diferentes ecossistemas do nosso planeta e cujos países proponentes se responsabilizam em manter e desenvolver.
Existem mais de 400 Reservas da Biosfera em todo planeta. Cada Reserva da Biosfera é uma coleção representativa dos ecossistemas característicos da região em que se estabelece.

As reservas da biosfera possuem três funções básicas:

• conservação das paisagens, ecossistemas e espécies;

• desenvolvimento econômico e humano que seja cultural, social e ecologicamente sustentável;

• logística, que dê suporte para pesquisas, monitoramento e educação.

A estrutura das reservas da biosfera pressupõe a existência de três áreas geograficamente delimitadas:

Uma Zona Núcleo - constituída por áreas representativas do ecossistema em que está inserida e reconhecida e protegida legalmente, as Unidades de Conservação.

Uma Zona de Amortecimento – área contígua a Zona Núcleo onde são permitidas apenas atividades compatíveis com os objetivos da Unidade de Conservação que é a Zona Núcleo.

Uma Zona de Transição – onde apenas atividades que promovam o desenvolvimento sustentável são incentivadas.

A Caatinga é o único bioma exclusivo do Brasil e compreende uma área de aproximadamente 11% do território nacional (IBGE, 1993). Ocupa, principalmente, a região Nordeste do Brasil, além da porção norte do Estado de Minas Gerais. Pode ser caracterizada pela vegetação do tipo savana estépica, pela longa estação seca e pela irregularidade pluviométrica com precipitação anual média variando, aproximadamente, entre 400 e 600 mm que contribuem para que os rios da região, em sua maioria, sejam intermitentes e sazonais.
Mesmo sendo uma região semi-árida, a Caatinga é extremamente heterogênea, sendo reconhecidas 12 tipologias que despertam atenção especial pelos exemplos fascinantes e variados de adaptação aos habitats semi-áridos.
Essa posição única entre os biomas brasileiros não foi suficiente para garantir à Caatinga o destaque merecido. Ao contrário, o Bioma tem sido sempre colocado em segundo plano quando se discute políticas para o estudo e a conservação da biodiversidade do país, como pode ser observado pelo número reduzido de unidades de conservação Além disso, é também um dos biomas mais ameaçados e alterados pela ação antrópica, principalmente o desmatamento, apresentando extensas áreas degradadas e solos sob intenso processo de desertificação.
Apesar de várias espécies terem sido descritas na região, a Caatinga é ainda pouco conhecida do ponto de vista científico, a maioria das nossas universidades e institutos de pesquisas concentram suas ações e seus estudos na zona da mata e no litoral. A expectativa é que nos próximos anos esta situação mude com a interiorização das universidades federais que em Pernambuco já chegaram a Petrolina, Serra Talhada, Caruaru e Garanhuns todas cidades localizadas na Caatinga. Também, espera-se que a universidade publica estadual - UPE crie novos campi no interior.
Promover a conservação da biodiversidade da Caatinga não é uma ação simples. Grandes obstáculos precisam ser superados. O primeiro deles é a pouca importância nos planos de desenvolvimento dos governos dada à questão ambiental.
Nestes planos a qualidade de vida da população interiorana não está vinculada a questão ambiental. Os órgãos governamentais não dispõem de um sistema que fiscalize e controle o desmatamento satisfatoriamente. Tampouco desenvolvem ações de educação ambiental voltada para a população rural e os jovens em idade escolar. Os livros didáticos utilizados nas escolas de primeiro e segundo grau pedem que os estudantes façam pesquisas sobre a mata atlântica. Sobre a Caatinga nenhuma palavra. Este conjunto de fatores contribui cada vez mais com a destruição de recursos biológicos
Menos de 4% da área da Caatinga está protegida em unidades de conservação. Se considerarmos apenas as UCs de proteção integral o percentual é menor que 1%. As terras indígenas, que são também importantes para manter a biodiversidade, ocupam, também, menos de 1% da área da região. As unidades de conservação além de cobrirem apenas uma pequena extensão da região da Caatinga, não representam bem a biodiversidade endêmica e ameaçada de extinção do bioma. A combinação de falta de proteção e de perda contínua de recursos biológicos contribui para a extinção de espécies exclusivas da Caatinga.
Se não tivermos Unidade de Conservação na Caatinga, não teremos Reserva da Biosfera da Caatinga como pressupõe o modelo apresentado no inicio.
Acredito que no momento atual marcado por um processo de mudança climática produzida pelas atividades humanas não existem argumentos que racionalmente se oponham a criação de novas unidades de conservação. Apenas argumentos econômicos se opôem a esta idéia e apenas critérios econômicos estão superados não preenchem os requisitos para o desenvolvimento sustentável.
Por isto, o objetivo principal do CERBCAA/PE é lutar para aumentar a área de Caatinga protegida em nosso Estado. Sabemos que só criar Ucs não é suficiente para alcançarmos o desenvolvimento sustentável. Outros instrumentos são necessários nessa caminhada em busca do equilíbrio ecológico e da qualidade de vida da população caatingueira. É apenas o primeiro passo de uma longa caminhada que precisa ser iniciada.


* Engenheiro Agrônomo, coordenador geral do CERBCAA/PE.

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Seminário discute pacto para enfrentamento da desertificação e políticas públicas para a Caatinga.




Semiárido brasileiro ocupa quase 1 milhão de terras.  Abrangendo 1.133 mil municípios dos estados nordestinos,
além de porção do Espírito Santo e Minas Gerais, semiárido brasileiro é habitado por cerca de 22 milhões de brasileiros.

O fortalecimento da política institucional de combate à desertificação e a intensificação do diálogo entre os órgãos e a sociedade marcaram os discursos de abertura, na noite desta quarta-feira (3/2), da reunião preparatória de Campina Grande, na Paraíba, que discute a construção de um pacto para o semiárido brasileiro. As propostas que estão em debate no município campinense serão levadas para o grande encontro nacional de enfrentamento da desertificação (I Ened), em março, nas cidades de Juazeiro (BA) e Petrolina (PE). Os participantes enfatizaram a necessidade de comprometimento dos setores governamentais e da sociedade civil com a agenda da desertificação.
O secretário de Extrativismo e Desenvolvimento Rural Sustentável, Egon Krachecke, chamou a atenção da plateia, representada por autoridades dos governos federal, estaduais e municipais, e representantes da sociedade civil e da igreja, para o problema, lembrando que o Ministério do Meio Ambiente trabalha fortemente para avançar na política institucional de combate à desertificação e para o desenvolvimento sustentável do semiárido, bem como para alavancar o PAN-Brasil, documento que orienta as ações nacionais de combate à desertificação. Precisamos articular e integrar a agenda das ações do governo federal com a dos estados, setores produtivos e da sociedade civil , reforçou.
O secretário de Recursos Hídricos e Ambiente Urbano, Silvano Silvério, representando o ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, disse que o compromisso do encontro de Campina Grande é definir ações concretas de diálogo entre os órgãos regionais e federal para as políticas públicas voltadas ao semiárido, região que será sofrerá com as mudanças climáticas. Estudos já indicam, segundo ele, redução do nível da água dos açudes, aumento do nível do mar, perda da vegetação da caatinga. Segundo ele, as leis sancionadas pelo presidente Lula, em dezembro de 2009: Fundo Clima e Política Nacional de Mudança Climática, serão importantes para criar instrumentos legais para mitigar os efeitos do clima, como redução de gases estufa.
Ele citou os programas do MMA, como o de revitalização da bacia do São Francisco, que prevê controle de erosões, recuperação de matas ciliares; o Água Doce, que permite o acesso à agua com qualidade para população do semiárido nordestino; e o Plano Nacional de Recursos Hídricos (PNRH), que após quatro anos de seu lançamento, está em consulta pública para revisão.
A diretora do Departamento de Mudanças Climáticas do MMA, Branca Americano, falou, em sua palestra, sobre os compromissos assumidos pelo Brasil na Convenção do Clima, em Copenhagen, na Dinamarca, cujo papel foi de protagonista. Ela lembrou as duas leis sancionadas pelo presidente Lula no ano passado, que vão apoiar projetos de ações de mitigação e adaptação dos efeitos das alterações do clima. Do total de R$1 bilhão de reais dos recursos do Fundo, vindos de fontes do petróleo, a ideia é aportar cerca de R$ 400 a R$500 milhões (quase metade) para programas de adaptação no semiárido. A expectativa, segundo Branca, é de que a Política Nacional de Mudança Climática seja regulamentada ainda este ano, para que se possa garantir a definição de estratégias de ação.

Políticas Públicas para a Caatinga

Na manhã desta quinta-feira (4/2), a secretária de Biodiversidade e Florestas do MMA, Maria Cecília Wey de Brito, destacou no painel sobre políticas públicas gerais, o trabalho do Núcleo Caatinga no desenvolvimento de ações para o semiárido. Segundo ela, o tratamento no MMA dado à Caatinga, não é diferente dos demais biomas, como Amazônia, Cerrado, lembrando que 2010 é o ano da Biodiversidade, presença de vida em todos os biomas, seja fauna, flora, entre outros, sendo a caatinga o mais rico em diversidade biológica. Ela informou que em abril, durante as comemorações do Dia Nacional da Caatinga, o MMA deverá lançar o primeiro monitoramento dos dados oficiais de controle e desmatamento da caatinga, assim como é feito na Amazônia e no Cerrado.
A secretária lembrou que a Caatinga é o único bioma inteiramete brasileiro, e mesmo assim ainda não é reconhecido como patrimônio natural. Ela pediu apoio dos parlamentares e mobilização dos presentes para que a matéria seja aprovada pelo Congresso.
O encontro de Campina Grande segue até amanhã, 6/2, no Garden Hotel,em Campina Grande (PB).
(Fonte: Amarnatureza - Gerusa Barbosa - Assessora de Comunicação do MMA)
Leia também: Semiárido brasileiro ocupa quase 1 milhão de terras

Enquanto isso, o Sertão está cada vez mais seco...confira o vídeo abaixo.

Arara da caatinga pernambucana ameaçada de extinção é novo morador de parque zoobotânico em Petrolina


Imagem mostra arara-canindé, espécie que passa a
habitar o zoo de Petrolina - (Foto arquivo JC)


As instalações do parque zoobotânico do 72o Batalhão de Infantaria Motorizado (72 BI Mtz) em Petrolina, Sertão do Estado, contam agora com mais um morador: trata-se de um filhote de arara-canindé, também conhecida como arara de barriga amarela, uma espécie ameaçada de extinção. Agora, são cinco aves desta espécie na unidade militar que fica no sertão pernambucano. De acordo com informações do setor de Relações Públicas do 72 BI, o nome da nova arara-canindé deverá ser escolhido através de enquete junto à população. A arara-canindé chega a medir até 90 centímetros e se caracteriza por ter uma plumagem azul nas asas e amarelo na parte do ventre. Costumam voar aos pares ou em grupos e quando chegam na época reprodutiva formam casais que ficam juntos durante toda a vida.
O parque zoobotânico do 72 BIMTz foi implantado há três anos e abriga espécies animais e vegetais nativos do bioma caatinga. São 22 cativeiros com cerca de 25 espécies de mamíferos, aves e répteis. Os animais são encaminhados à unidade militar após apreensões feitas por órgãos como Ibama, Corpo de Bombeiros, Polícias Militar e Federal.
A proposta do parque zoobotânico é preservar espécies ameaçadas de extinção, bem como fomentar uma atividade de educação sócio-ambiental junto a diversos segmentos da sociedade. A visitação pública acontece diariamente nos turnos da manhã ( 8h às 11h) e tarde ( 14h às 17h).
(Fonte: Roseane Albuquerque - Do Núcleo SJCC/Petrolina)

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Onça-pintada é ameaçada na Caatinga


Há 356 animais no bioma, mas só metade em idade reprodutiva;
Mata Atlântica também tem situação crítica (Foto:br.viarural.com/.../default.htm).


Por Afra Balazina

A região da Chapada Diamantina, Bahia, pode ficar sem onças-pintadas em um prazo de nove anos e meio. Já para a área de Bom Jesus da Lapa, no mesmo Estado, o prognóstico é ainda pior: a extinção da espécie pode ocorrer em aproximadamente três anos. Para evitar um destino trágico, é preciso proteger mais áreas e tentar conectar, por meio de corredores ecológicos (ligação entre áreas de uso menos intensivo para garantir a sobrevivência da espécie), os grupos que hoje estão isolados.
Os dados são do Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Mamíferos Carnívoros (Cenap), órgão ligado ao Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade do Ministério do Meio Ambiente. O Cenap avalia que a onça-pintada (Panthera onca) está criticamente ameaçada na Caatinga.
A estimativa, segundo o analista ambiental do Cenap Rogerio Cunha de Paula, é que existam no bioma 356 animais, divididos em cinco áreas. Desse total, apenas cerca da metade está em idade reprodutiva (descontam-se os animais mais jovens e os muito velhos). Dessa forma, o número restante, 178, deixa a espécie em situação crítica - um dos critérios da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN, sigla em inglês) para a classificação é haver menos de 250 animais.
Outra analista ambiental do Cenap, Beatriz Beisiegel afirma que a situação na Mata Atlântica também é extremamente grave. De acordo com ela, uma estimativa preliminar, baseada em informações de diversos pesquisadores, indica a existência de "170 indivíduos maduros" no bioma.
Ela conta que é muito difícil encontrar vestígios do animal e mais raro ainda vê-lo.
Os estudos confirmam que a população de onças-pintadas vem caindo a cada ano. Entre as ameaças tanto na Caatinga quanto na Mata Atlântica estão a alteração e a perda de hábitat, provocadas pelo desmatamento, e a falta de alimento (as chamadas presas). Na Caatinga, diz de Paula, parte da população se alimenta de tatus e porcos-do-mato e acaba ocorrendo uma competição pelas presas. Também faltam matas contínuas para garantir a sobrevivência da onça-pintada. Outro conflito é que, ao matar rebanhos, elas podem incomodar fazendeiros e serem perseguidas.
Na lista vermelha da IUCN, a onça-pintada aparece como "quase ameaçada". Pelo Ibama, ela é considerada "vulnerável". Isso porque sua situação é melhor em outros biomas e regiões. Dentro do Brasil, o quadro está mais tranquilo no Pantanal e na Amazônia. É por isso que Leandro Silveira, presidente do Instituto Onça-Pintada, defende ações regionalizadas. "Cada bioma tem um problema diferente."
A onça, explica, é uma espécie guarda-chuva. Ao fazer um esforço para sua preservação, várias outras espécies que estão no mesmo ecossistema se beneficiam. Ele acredita que o melhor é investir na Amazônia, que tem grandes áreas intocadas, para garantir a sobrevivência do animal.
De acordo com ele, o custo de tentar reestruturar a população na Mata Atlântica é proibitivo. "É caro e há o risco de não funcionar. O melhor é investir em ações onde é mais viável manter os animais", afirma. Já a Caatinga, segundo ele, precisa de investimento imediato. "Ou se faz algo agora ou é melhor esquecer", diz.
le cita a Serra Vermelha, no Piauí, área onde uma empresa pretende produzir carvão a partir da floresta. Uma onça já foi fotografada na área. "É o último grande pedaço de Caatinga intacto e deve mantido."

METAS E AÇÕES

No fim do ano passado, o Cenap organizou um workshop em Atibaia, interior de São Paulo, sobre a conservação da onça-pintada, em parceria com o Instituto Pró-Carnívoros e a ONG americana Panthera.
Durante o encontro foram definidas metas e modo de atuação para o Plano de Ação Nacional da Onça-Pintada. Também foi produzido um mapa das áreas prioritárias para a conservação. O material deverá ser editado até o meio deste ano.
"Uma solução para proteger a onça-pintada é trabalhar na criação de novas unidades de conservação (como parques) e de corredores de conexão entre as já existentes para permitir a comunicação entre as populações isoladas", afirma de Paula.
O Cenap luta pela criação do Parque Nacional Boqueirão da Onça, na Bahia. A área é a segunda em maior número de animais na Caatinga. E os corredores entre os parques da região são importantes para facilitar o fluxo genético entre populações, aumentando assim a chance de sobrevivência da espécie no longo prazo.
Já o presidente do Instituto Onça-Pintada tem uma ideia alternativa: pagar uma compensação para fazendeiros que perdem gado para as onças. Assim, eles deixariam de matá-las. Silveira estima que pelo menos 200 onças sejam mortas ao ano por conta desse conflito. Já foi feito um projeto-piloto de compensação por dois anos, entre 2004 e 2006, e o resultado foi positivo. "Temos de ser realistas. É uma questão prática."
(Fonte: Estadão)

Vegetação espinhosa preserva onça-pintada no Nordeste. Felino vive na região da Caatinga protegido por espinhos e galhos secos.

A Universidade Federal Rural de Pernambuco e o Comitê Estadual celebram o Dia Nacional da Caatinga

Marcelo, Suassuna, Rita, Ednilza e Márcio (CERBCAA/PE) João Suassuna (Fundaj) Márcia Vanusa (UFPE) Francis Lacerda (IPA) e Jo...