sábado, 30 de outubro de 2010

Personagens da Caatinga: O SERTANEJO E SUA ARTE.



Minha Vida: Sertão (2008) traz um breve recorte da vida de um agricultor em seu dia-a-dia na mais tenra caatinga, que toca a sua vida depois de perder a esposa, lhe restando apenas um neto, um filho e um vizinho a mais de seis quilômetros de distância. Recheado com músicas que fazem parte do universo catingueiro, o documentário do diretor Wllyssys Wolfgang oferece um momento de catarse através da arte sertaneja puramente vivenciada. Documentário / cor / 2008 / 9min50seg. (Fonte: YouTube).

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Cerrado e Caatinga são os biomas mais vulneráveis

Os biomas Cerrado e Caatinga não são resistentes (Foto: Divulgação)


Embora a Mata Atlântica tenha sido mais impactada ao longo do processo histórico brasileiro, os biomas Cerrado e Caatinga são os que apresentam as maiores vulnerabilidades no que diz respeito à conservação, segundo o diretor de Florestas da Secretaria da Biodiversidade do Ministério do Meio Ambiente (MMA), João de Deus Medeiros.
“Em biomas como o Cerrado e a Caatinga, nós temos uma situação duplamente complicada, que é uma representatividade ainda baixa e a distribuição no bioma e nas categorias de proteção e uso sustentável ainda muito desequilibrada”, ressaltou o representante da pasta ambiental do governo. Medeiros também mencionou a influência da ação humana sobre os biomas, como o agronegócio, considerado por ele “um fator de conflito”.

A 10ª Conferência das Partes (COP10) da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Diversidade Biológica (CDB) será realizada a partir da próxima segunda-feira, 18 de outubro, até o dia 29, em Nagoya, no Japão. Durante o encontro, o governo brasileiro deve repactuar os compromissos assumidos na Convenção sobre Diversidade Biológica (CDB) de 2006, quando o país se comprometeu em garantir, até 2010, a cobertura de 10% de proteção de cada bioma por meio de unidades de conservação e de 30% da Amazônia.

Medeiros justificou que, apesar de não ter cumprido a meta proposta na CDB, o Brasil foi o país que mais contribuiu para a conservação da biodiversidade nos últimos anos. A COP10 vai trazer ao debate os problemas que ameaçam espécies vegetais e animais em todo o mundo. Ele acredita que o país terá na conferência uma maior legitimidade para cobrar os compromissos assumidos pelos outras nações, principalmente as desenvolvidas.

Segundo ele, com um percentual menor do que o da Amazônia, a área protegida nos demais biomas ainda está distante do proposto na CDB.
“É uma meta que ainda representa um grande desafio para o país. Mas nós acreditamos que há cada vez mais sinais de que isso é uma prioridade defendida pela sociedade. Nós precisamos aprimorar esses mecanismos de negociação para que a sociedade entenda a necessidade e a urgência dessas ações. E, com isso, a gente tenha maior facilidade para efetivar a criação dessas novas áreas”, João de Deus Medeiros.
O diretor de Florestas do MMA lembrou que as nações industrializadas também são signatárias da CDB e, apesar de não terem mais um percentual de biodiversidade muito significativo, têm um papel importante a desempenhar na negociação internacional, para auxiliar os países detentores de biodiversidade a implementar essas ações nos seus respectivos territórios.

Nova COP15? O EcoD noticiou no dia 23 de setembro que o secretário de Biodiversidade e Florestas do MMA, Bráulio Ferreira de Souza Dias, receia que a cúpula no Japão venha a repetir o fracasso da 15ª Conferência das Partes das Nações Unidas sobre o Clima (COP15), realizada em Copenhague (Dinamarca) em dezembro de 2009.

“Nós vamos trabalhar até o último momento para o sucesso da conferência, mas existem desafios muito grandes e não há, por enquanto, apoio de todos para garantir esse sucesso”, admitiu Ferreira. O secretário informou que vários países ricos estão impedindo a conclusão das negociações do protocolo e muitos deles não querem colaborar financeiramente para que sejam adotadas medidas de preservação ambiental.
(Fonte: Eco Desenvolvimento e Domtotal.com)

sábado, 23 de outubro de 2010

Personagens da Caatinga: JACKSON DO PANDEIRO.



Jackson do Pandeiro, o mais importante ritmista brasileiro, em todos os tempos, tem despertado mais comentários e idolatria que audição e estudos, desde seu último disco, “Isso É Que É Forró”, lançado em 1981. Falecido em 10 de julho de 1982, José Gomes Filho, o rei do ritmo, o gênio de Alagoa Grande, na Paraíba, um dos pilares da música popular brasileira da década de 1950 para cá, ainda tem sua rica e vasta obra restrita às lembranças nostálgicas de quem vivenciou seu período áureo ou esquecida em empoeiradas prateleiras de solitários e escassos colecionadores. Mais ou menos, aliás. Há coisa de uns 10 anos, a curiosidade em torno do músico e sua vasta e consistente obra vem ganhando contornos de perpetuação.
Silvério Pessoa, Lenine, Bastianas, Cabruera, Maíra Barros, Cascabulho, Jarbas Mariz, Chico César, Beto Brito, entre outros bambas da nova geração de talentos sonoros, têm conseguido manter acesa a chama da vela da sabedoria jacksoniana. Tão moderno quanto tantos que aí estão e ainda virão.
O programa Arquivo N fez uma homenagem ao cantor, instrumentista e compositor paraibano Jackson do Pandeiro, morto há mais de 25 anos.
(Crédito: Globo News / Tv Globo)

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Con(v)ivência com a seca



(Este videoclipe tem como fundo a música É a seca de março torrando o sertão de Jessier Quirino e o texto baseia-se no artigo Uma Visão da Seca a Luz da Psicanálise (LEITE, SEVERIANO, COSTA, 2009) que apresenta a visão do Nordeste como uma Região árida e carente, um dos possíveis olhares que nós como nordestinos não podemos e não devemos negar, já que faz parte da nossa realidade, da nossa identidade).




Artigo

Clovis Guimarães Filho (*)

A caatinga já perdeu mais de 45% dos seus 82 milhões de hectares originais e a festa continua, ao ritmo estimado de 267 mil hectares desmatados/ano. Não foi considerada nesse cálculo a degradação oriunda do superpastejo e de outras atividades extrativistas conduzidas de forma espoliativa. 
Para o MMA o problema do desmatamento deve-se a falta de alternativas energéticas para a região, o que dificulta e torna quase impossível a solução do problema. Um exemplo disso é a destruição criminosa que ocorre no polo gesseiro do Araripe, agravada por uma negligencia das autoridades que beira a cumplicidade.
A julgar pelos planos anunciados para reverter o processo de degradação da caatinga, as perspectivas não parecem animadoras. Veja-se, por exemplo, a fiscalização, anunciada sob a égide de uma Comissão Nacional de Combate à Desertificação, com representantes de 12 ministérios, 07 orgãos federais, 11 governos estaduais, 11 representantes da sociedade civil, 01 da Associação Nacional de órgão municipais do meio ambiente e mais 02 de entidades empresariais.
É realmente desestimulante para as nossas expectativas. Parece mais um genérico da ONU. Melhores resultados, certamente, seriam atingidos com o simples fortalecimento de um único órgão fiscalizador nas áreas mais afetadas, com mais agentes ambientais realmente na caatinga e menos funcionários na beira-mar e em Brasília.
Nesta última a desertificação se dá apenas nos finais de semana (volta dos políticos aos seus estados e origem), sendo, por muitos, até considerada benfazeja para os ares da nossa capital federal. Reservas ou quaisquer outras formas de áreas protegidas são simples complementos do processo e não funcionam, mormente as reservas brasileiras, a maioria de existência só no papel, o que nos induz a pensar que foram criadas apenas para dizer que as temos.
A busca de um novo padrão energético para o segmento industrial na região semiárida deve ser acompanhada de esforço similar na busca da valorização dos produtos naturais ou naturalizados da caatinga. Somente quando esses produtos tiverem um padrão de qualidade e um valor comercial efetivamente superior ao da lenha ou do carvão, a preservação do bioma poderá ser assegurada.
O repasse dos recursos do projetado Fundo Caatinga para as comunidades e produtores rurais de sequeiro, como planejado pelo MMA, deve ser feito com foco prioritário na fixação de um padrão diferenciado de qualidade nos produtos e serviços direta ou indiretamente associados à caatinga (frutas, madeira, carnes e queijos, peles e esterco, mel e outros produtos de abelhas sem ferrão, plantas ornamentais, artesanato, agro e ecoturismo) e na implementação de programas voltados para o seu reconhecimento regional e nacional, visando sua plena inserção no mercado.
Esta, sem dúvidas, constitui a grande, senão única, alternativa estratégica capaz de contribuir efetivamente e a curto prazo no esforço de preservação dos recursos da caatinga e de promoção do bem estar das populações que nela vivem e dela dependem. Isso, enquanto se espera a exploração do maior filão do bioma caatinga, ainda por ser melhor conhecido e explorado.
Ele é representado pela sua extraordinária biodiversidade, na qual se inserem espécies vegetais de uso medicinal, produtoras de óleos essenciais, agentes praguicidas e outras provedoras de matérias primas para indústria química, alimentar e farmacêutica.  Espécies animais também integram o acervo, especialmente insetos, inimigos naturais de pragas, provedoras de substancias de uso medicinal (soros, enzimas, hormônios), além de  bactérias, fungos e líquens com propriedades de antagonismo a agentes de pragas e doenças, bioinseticidas, biolixiviadoras, antibióticas, sem esquecer os gens indutores de tolerância a estresses hídrico, salino, a acidez do solo e a doenças. São 2.500 espécies de plantas e mais de 1.000 de animais, não incluídos nesse número os insetos que imploram para serem estudadas.

(*) Ex-pesquisador da Embrapa, consultor em agronegócio da caprino-ovinocultura.  
(Fonte: Blog Ciência e Meio Ambiente)

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Pernambuco ganha centro de referência em conservação da Caatinga

(Foto: José Leomar)

Considerado um dos biomas mais devastados pela ação do homem no Brasil, a Caatinga passa a contar com um grande aliado em sua conservação. A Unidade Acadêmica de Serra Talhada (UAST) da UFRPE será a sede de um novo Centro de Referência em Recuperação de Áreas Degradadas (CR-ad), voltado para a realização de pesquisas e atividades de extensão sobre a Caatinga.
Os recursos para a construção do CR-ad Bioma Caatinga (R$ 1 milhão) foram liberados pela Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf), em meados de agosto, após aprovação de projeto elaborado por equipe de 11 pesquisadores, dos quais dez são da própria UAST.
O CR-ad Bioma Caatinga contará com um herbário, dois laboratórios, banco de germoplasma; viveiro com capacidade de produção de até 60 mil mudas (a ser construído na Estação de Pesquisa de Parnamirim da UFRPE); viveiro-escola; veículo com tração a ser usado em pesquisas; caminhão para o transporte de mudas e uma van para a condução de passageiros. A compra de equipamentos e materiais do centro já se encontra em fase de licitação.
De acordo com o professor Martinho Carvalho, coordenador do projeto, o centro de referência tem a finalidade de estimular a comunidade local a proteger e recuperar a vegetação nativa da região. Acredita-se que 45% da Caatinga tenham perdido sua cobertura vegetal. Além disso, 15% são áreas desertificadas. O principal motivo dessa devastação é o desmatamento para a produção de carvão. A intenção é de que o centro se torne difusor e catalisador de iniciativas voltadas para a recuperação do bioma da Caatinga nas esferas públicas e privadas.
O coordenador do projeto afirma que, até relativamente pouco tempo atrás, a Caatinga era considerada um bioma pobre em espécies. Contudo, pesquisas recentes mostraram enorme diversidade biológica, com número expressivo de espécies desconhecidas pela Ciência. “A construção de centros como esse é de grande importância. Precisamos conhecer mais sobre as espécies, sua reprodução, e encontrar alternativas para a conservação desse bioma”, ressalta Martinho Carvalho.
Segundo o pesquisador da UFRPE, os principais eixos de atuação do CR-ad Bioma Caatinga incluem ações de reflorestamento, com a utilização de espécies nativas; formação de multiplicadores na produção de mudas; além de pesquisa nas áreas de germinação, controle de pragas de mudas e restauração da vegetação nativa, principalmente nas áreas de abrangência das bacias dos rios Pajeú, Brígida e Moxotó.
A ação antrópica degradante e o uso inadequado de seus recursos naturais têm gerado diversos problemas para o bioma caatinga, foco do projeto. A extinção de muitas espécies nativas, a erosão do solo, o assoreamento de rios, a desertificação e o empobrecimento das comunidades do entorno são alguns deles. Além desse centro, existem outros seis em funcionamento ao longo da Bacia do Rio São Francisco.
“Nossa intenção é realizar intercâmbio de pesquisas e experiências com todos esses centros, de modo a amadurecer as discussões e o conhecimento que se tem atualmente sobre a Caatinga nordestina”, frisa Martinho Carvalho.
O Ministério do Meio Ambiente, por meio do Programa Nacional de Florestas (PNF) e da Diretoria de Conservação da Biodiversidade (DCBio), dará apoio e acompanhará o desenvolvimento do projeto.
(Fonte: UFRPE - Informações: (87) 3831.2938, ramal 215, ou: martinhocarvalho@yahoo.com.br)

domingo, 17 de outubro de 2010

Histórias de Vida e Cidadania no Semiárido



Vídeo e revista sobre políticas públicas no Semiárido serão lançados nesta segunda, a partir das 18h, no Cinema da Fundação (Derby). O especial Histórias de Vida e Cidadania no Semiárido, realizado pela ONG Diaconia, trata de ações voltadas ao acesso à água potável, à segurança alimentar, ao saneamento e à conservação do meio ambiente. As produções foram realizadas em parceria com a Tearfund e União Européia e contam com o apoio da Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj), na realização do lançamento.
Em foco, nove municípios que integram projeto focado na segurança alimentar, renda e inclusão social desenvolvido pela Diaconia. A ação beneficia 560 famílias, com o desenvolvimento de tecnologias adaptadas ao Semiárido com o objetivo de erradicar a pobreza. Foram construídas 300 cisternas para o armazenamento de água, consumo familiar e produção de alimentos, implantadas três unidades de beneficiamento de frutas, 30 viveiros e mais de 150 mil mudas para a plantação de árvores forrageiras, frutíferas e espécies nativas.
Dados publicados na revista apontam que o Estado do Rio Grande do Norte, localizado no Semiárido nordestino, é uma área marcada pelos altos índices de exclusão, onde a população rural sofre com a dificuldade de acesso à água e à segurança alimentar. Ainda segundo dados do Unicef, a falta de água tem forte repercussão na vida das crianças e adolescentes, sobretudo na saúde, devido às precárias condições sanitárias: 38,47% das casas onde residem crianças e adolescentes não têm rede geral, fossa séptica ou rudimentar.

sábado, 16 de outubro de 2010

Personagens da Caatinga: CARRANQUEIROS DO SÃO FRANCISCO.



As carrancas são manifestações genuínas da arte popular brasileira que desenvolveu-se na região do rio São Francisco, por artistas populares denominados carranqueiros.
Pensando em criar uma identidade própria para as embarcações que navegavam pelo rio São Francisco, artistas esculpiam enfeites de proa. Esses elementos de decoração sempre representavam uma escultura de cabeça e pescoço de alguma figura, que misturava traços humanos com traços animais e apresentava uma expressão de figura mitológica indeterminada e de grande impacto, dando origem à arte das carrancas.
Hoje, essa arte popularizou-se.
Podemos encontrar as carrancas não apenas nas proas das embarcações do São Francisco, como simples enfeite, mas tornou-se um disputado elemento de decoração e parte do acervo de museus nacionais e estrangeiros, sendo suas peças de grande valor de comercialização para turistas.
O artista que mais se destacou nessa arte foi Francisco Biquiba Dy Lafuente, o Francisco Guarany, pois foi o único artista carranqueiro que viveu exclusivamente da produção de carrancas.
(Fontes das imagens: http://www.fundaj.gov.br/)

(Neste vídeo, o Videomaker e Documentarista, André Fuly forma uma equipe e se embrenha no meio da caatinga no médio São Francisco entre as cidades de Juazeiro da Baiha e Petrolina em Pernambuco, para contar a arte e a história das "Carrancas" figuras de proa que povoam os barcos e as vidadas dos ribeirinhos e beradeiro do Velho Chico. - Fonte: Youtube).

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

A realidade pouco conhecida da Caatinga

(Foto: CNRBCAA)

Sertão, terra rachada, sol a pino, povo sobrevivente. A imagem mais relacionada à Caatinga esconde uma realidade pouco conhecida. O único bioma exclusivamente brasileiro é também a região semiárida mais rica em biodiversidade do planeta. Os dados mais atuais indicam 932 espécies de plantas, 148 de mamíferos e 510 de aves, algumas exclusivas do bioma.
Ocupando 11% do território brasileiro, a Caatinga também apresenta grande potencial de uso sustentável de seus recursos naturais como madeiras, forrageiras, medicinais, fibras, resinas, borrachas, ceras, tonantes, oleaginosas, alimentícias, aromáticas, além de sítios arqueológicos e paisagens consideradas ideais para o ecoturismo.
Contudo, o semiárido brasileiro ainda é lembrado principalmente pela pobreza, com seus 1.482 municípios entre os mais pobres do país; pelo clima seco, com 95% da área do bioma em regiões suscetíveis à desertificação; pela ocupação humana desordenada, que começou nos tempos do Brasil colônia e que, hoje, abriga 27 milhões de pessoas, o semiárido mais habitado do mundo; e pela grande área – quase metade do bioma – alterada por desmatamentos e queimadas.
O ciclo do desmatamento na Caatinga começa nas pequenas propriedades – descapitalizadas e dependentes do carvão – e move as indústrias de gesso e cerâmica no Nordeste, bem como a de ferro gusa nas siderúrgicas do Centro-Sul. Os dados do desmatamento na Caatinga, segundo o inédito Projeto de Monitoramento do Desmatamento dos Biomas Brasileiros por Satélite, mostram que o bioma ainda possui 53% de vegetação remanescente (dados do período entre 2002 e 2008). Uma confirmação de que ainda é possível conservar e fazer o uso sustentável dos recursos naturais do semiárido brasileiro.
Uso sustentável da biodiversidade
Um dos instrumentos mais efetivos para a conservação da biodiversidade é a criação de unidades de conservação (UC), que na Caatinga não atingiu a meta de 10% do bioma estipulada pela Convenção sobre Diversidade Biológica (CDB) e confirmada pela Comissão Nacional de Biodiversidade (Conabio). Na Caatinga, são 144 UC que representam 7% da área total do bioma, mas apenas 1% das unidades é de proteção integral, que são as mais restritivas à intervenção humana. Os dados são do Mapa de Unidades de Conservação e Terras Indígenas da Caatinga, produzido em parceria entre Ministério do Meio Ambiente e The Nature Conservancy e publicado em 2008.
Por outro lado, o uso sustentável dos recursos naturais – outro dos princípios da CDB junto à conservação e à repartição justa e equitativa dos benefícios – apresenta grandes perspectivas no semiárido brasileiro. A Caatinga dispõe de modelos já testados e com bons resultados para o manejo agrosilvopastoril, a integração do uso sustentável de produtos madeireiros e não-madeireiros e o manejo da vegetação para pecuária e agricultura. A valorização dos produtos da sociobiodiversidade e a criação de mecanismos de financiamento de atividades sustentáveis, aliados à tecnologia sustentável e aos conhecimentos tradicionais, são outras possibilidades para modificar o perfil de uso da Caatinga.
Com grande potencial de energia de biomassa, o manejo florestal sustentável, com a recomposição da cobertura florestal, é também uma alternativa do ponto de vista econômico e ecológico para melhorar a qualidade de vida da população do semiárido. Com uso sustentável, árvores podem ser usadas tanto para fins madeireiros quanto para uso diversos, como alimentação e remédio. Alguns instrumentos disponíveis são o Macrozoneamento Ecológico-Econômico (MacroZEE) do Nordeste, o Programa Caatinga Sustentável e o Plano de Prevenção e Controle do Desmatamento da Caatinga.
(Fonte: Texto de Ana Flora Caminha / Edição: Gerusa Barbosa / MMA)
EcoDebate, 11/10/2010

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

A Pedra do Cachorro é vistoriada para se transformar em Posto Avançado na Caatinga


Professora Pompéa Coelho realiza vistoria na Pedra do Cachorro

O Comitê Estadual da Reserva da Biosfera da Caatinga - CERBCAA-PE, encaminhou no dia 26 de fevereiro de 2009, proposta de criação do primeiro Posto Avançado da reserva da Biosfera da Caatinga em Pernambuco à direção do Conselho Nacional da RBCAA. A entidade indicada foi a Reserva Particular do Patrimônio Natural Pedra do Cachorro (foto acima), no município de São Caetano, de propriedade do Senhor Raimundo Guaracy Cardoso. A RPPN Pedra do Cachorro recebeu este titulo em 2001 e desenvolve ações de preservação da natureza, educação ambiental e eco-turismo. A expectativa do Comitê é de que o CNRBCAA conceda o titulo de Posto Avançado, após a visita técnica da Professora Maria de Pompéia Coêlho a Pedra do Cachorro no último dia 07 de outubro (quinta-feira). Postos Avançados (PA) são centros, locais físicos ou instituições, contidos total ou parcialmente dentro do perímetro da RBCA, onde acontecem regularmente pelo menos duas das suas funções:· A proteção da biodiversidade,· O desenvolvimento sustentável, e· O conhecimento científico,servindo como instrumento para a implantação e difusão dos conceitos e princípios da RBCA. Os Postos Avançados da Reserva da Biosfera da Caatinga têm como característica:· Ser um centro ou Instituição, um local ou uma área, contida total ou parcialmente dentro do perímetro da RBCA.· Ser Instituição pública ou privada que desenvolva suas atividades há no mínimo dois anos.· Desenvolver regularmente, pelo menos duas das três funções básicas das Reservas da Biosfera: proteção da biodiversidade, desenvolvimento sustentável, e conhecimento científico.· Ser um instrumento de implantação da Reserva da Biosfera, no qual sejam experimentados e praticados os princípios das RB’s.· Possuir sede física onde serão disponibilizadas informações e documentação sobre a Reserva da Biosfera da Caatinga.

Leia mais em: Reserva Particular do Patrimônio Natural

sábado, 9 de outubro de 2010

Personagens da Caatinga: PADRE CÍCERO.



Padre Cícero (Eclesiástico e líder político brasileiro) - 24-3-1844, Crato (CE) - 20-7-1934, Juazeiro do Norte (CE). Cícero Romão Batista foi o mais polêmico dos padres do clero brasileiro. Banido oficialmente pela Igreja Romana, depois de adquirir fama de milagreiro, foi aceito e canonizado pela Igreja Popular e virou santo nos sertões nordestinos, tendo uma imensa legião de fiéis espalhados pelo Brasil. Ordenou-se sacerdote em 1870. Dois anos depois, radicava-se no pequeno povoado de Juazeiro do Norte, no Ceará, onde fundou uma igreja e passou a desenvolver intenso trabalho pastoral com pregação, conselhos e visitas domiciliares. Em 1889, durante uma comunhão, uma hóstia consagrada por ele sangrou na boca da beata Maria de Araújo. O fato, relacionado ao derramamento do sangue de Jesus Cristo, foi considerado pelo povo um milagre. As toalhas com as quais limpou a boca da beata ficaram manchadas de sangue e passaram a ser veneradas. Em pouco tempo, Juazeiro passou a ser alvo de peregrinação, aumentando dia a dia sua população. (Fonte: TV Diário e Diário do Nordeste).
Leia  abaixo os ensinamentos do Padre Cícero, que é o Padroeiro das Florestas:

Preceitos ecológicos do Padre Cícero:

"1 - Não derrube o mato, nem mesmo um só pé de pau;
2 - Não toque fogo no roçado nem na Caatinga;
3 - Não cace mais e deixe os bichos viverem;
4 - Não crie o boi nem o bode soltos, faça cercados e deixe o pasto descansar para se refazer;
5 - Não plante em serra acima, nem faça roçado em ladeira muito em pé, deixe o mato protegendo a terra para que a água não a arraste e não se perca a sua riqueza;
6 - Faça uma cisterna no oitão de sua casa para guardar a água da chuva;
7 - Represe os riachos de 100 em 100 metros, ainda que seja com pedra solta;
8 - Plante cada dia pelo menos um pé de algaroba, de caju, de sabiá ou outra árvore qualquer, até que o sertão todo seja uma mata só;
9 - Aprenda a tirar proveito das plantas da Caatinga, como a maniçoba, a favela e a jurema, elas podem ajudar você a conviver com a seca;
10 - Se o sertanejo obedecer a estes preceitos, a seca vai aos poucos se acabando, o gado melhorando e o povo terá sempre o que comer;
11 - Mas, se não obedecer, dentro de pouco tempo o sertão todo vai virar um deserto só".

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

A Caatinga pede socorro.



Hoje reconhecidamente um dos biomas mais ricos do Brasil, a caatinga do semiárido nordestino é também o menos protegido: só 2% de sua área se encontram em unidades de preservação.
Das 5.344 espécies de plantas registradas na região, cerca de 320 são endêmicas - ou seja, restritas somente àquele bioma.
O lembrete foi feito na 62ª reunião anual da SBPC (Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência), realizada em julho último em Natal, no Rio Grande do Norte.
Os biólogos Maria Regina Vasconcellos, da Universidade Federal da Paraíba; Ana Maria Harley, da Universidade Federal do Espírito Santo; e Miguel Rodrigues, da Universidade de São Paulo, apresentaram dados de pesquisas para explicar a biodiversidade - especialmente botânica - das caatingas brasileiras e mostrar por que elas devem ser preservadas.
Pelo fato de a caatinga ter condições climáticas muito particulares - como chuvas irregulares -, as espécies botânicas adaptadas ao semiárido também são muito características. Suas árvores são em grande parte caducifólias, ou seja, suas folhas caem durante o período seco para evitar a perda de água.
A família mais presente na caatinga é a de plantas leguminosas. "São 320 espécies divididas em 86 gêneros", aponta Harley.
Considerada até o final dos anos 1980 um bioma de pouca biodiversidade, a caatinga tem hoje 45% de sua área alterados pelo homem, segundo Vasconcellos. "Esse reconhecimento tardio de sua riqueza natural, aliado a um índice ainda baixo de preservação, gera perda de diversidade biológica e também fenômenos como a desertificação", alerta a bióloga.

Desmatamento - Atividades que mais impactam o bioma da caatinga são o desmatamento (para lenha), queimadas e a criação de caprinos, que colaboram para o desaparecimento de espécies herbáceas, elemento de maior diversidade biológica da região. Grande parte dessas plantas aparece apenas durante os dois ou três meses de chuva, o que revela sua fragilidade naquele bioma.
Para conter essa rápida devastação, Vasconcellos sugere um trabalho nas escolas focado na valorização da caatinga. " Também temos tentado fazer valer a proteção ambiental nas RPPN (Reservas Particulares do Patrimônio Natural), uma vez que a maior parte da área da caatinga está localizada em fazendas e sítios", comenta.

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Biólogo alemão faz atlas virtual sobre peixes no Estado de Pernambuco.



O trabalho desenvolvido pelo biólogo Heiko Brunken tem quase 500 espécies, com foto, nome científico, nomes populares e distribuição
No começo, eram cerca de 200 espécies. Agora, três anos depois de iniciar o levantamento dos trabalhos científicos sobre os peixes de Pernambuco, o biólogo alemão Heiko Brunken conta quase 500, entre os de água doce e salgada. O atlas virtual inclui foto, nome científico, nomes populares e a distribuição geográfica dos animais.
Brunken, da Universidade de Ciências Aplicadas de Bremen, conta que visitou o Estado pela primeira vez em 2002, pelo Serviço Alemão de Intercâmbio Acadêmico (DAAD). “Fiquei maravilhado com a natureza e com as pessoas. Como minha área é ictiologia e tinha feito um atlas semelhante para a Áustria e Alemanha, decide repetir o projeto aqui”, conta.
Heiko conta com a colaboração de pesquisadores das Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) e a Universidade de Pernambuco (UPE). Para ele, há mais informações disponíveis de espécies costeiras, enquanto falta dados dos peixes dos rios do Semi-Árido.
“O IPCC (Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas) aponta a região como a mais susceptível ao aquecimento global. Isso é preocupante porque pode-se perder animais que ainda nem se conhece.” Na avaliação do pesquisador, a escassez de água e o aumento da demanda pode interferir na conservação da chamada ictiofauna.
Outras ameaçadas apontadas pelo pesquisador são a agricultura, as obras de infra-estrutura e a transposição do Rio São Francisco. “O branqueamento dos recifes de coral, que abriga muitas espécies, também é outro problemas grave”, alerta.
Embora ainda não figurem na lista, o trabalho de Heiko inclui informações de espécies ameaçadas de extinção, como o mero e o cavalo-marinho. O mero, que depende do manguezal nos primeiros anos de vida, teve decretada a moratória da pesca pela portaria nº 42, datada de 19 de setembro de 2007.
A expectativa da equipe é concluir a primeira fase do atlas, cujo site é www.atlas-peixes-pe.com, até o próximo ano. “Mas o trabalho continuará, pois sempre surgem informações novas que precisam ser compiladas”, justifica.
O projeto não conta com financiamento de agências de fomento, mas recebe apoio da Sociedade de Ictiologia da Alemanha. A diversidade de peixes do País, informa Heiko, é menor que a do Brasil. “Alemanha e Áustria têm juntos 120 tipos de peixes de água doce.”
O pesquisador destaca como principal finalidade do atlas a compilação e socialização de dados. “Informações científicas, não só no Brasil, mas em todo o mundo, costumam ficar restritas ao circuito acadêmico”, justifica.
(Fonte: JC - Ciência e Meio Ambiente - Foto do Atlas de Peixes de Pernambuco)

domingo, 3 de outubro de 2010

Pesquisadores mobilizados para preservar os sítios arqueológicos de Carnaúba dos Dantas (RN).


A arte de preservar tesouro de 5 mil anos
Pesquisadores de Pernambuco, Rio Grande do Norte, Paraíba e Piauí se unem
 para preservar pinturas e gravuras rupestres no Sertão do Seridó (Foto Dean Carvalho)

Por Cleide Alves
cleide@jc.com.br

CARNAÚBA DOS DANTAS – Um tesouro com cerca de cinco mil anos de existência, localizado no Sertão do Seridó, mobiliza pesquisadores dos Estados de Pernambuco, Rio Grande do Norte, Paraíba e Piauí. O trabalho coletivo terá como resultado a preservação dos sítios arqueológicos de Carnaúba dos Dantas (RN), onde há registros de pinturas e gravuras rupestres. Ações de educação patrimonial começam a ser desenvolvidas a partir deste mês, mas já estão em andamento a limpeza dos desenhos e a colocação de passarelas para organizar as visitas nas áreas das pinturas.
Os 71 sítios identificados em Carnaúba dos Dantas representam a tradição nordeste, caracterizada por figuras que dão ideia de movimento – cenas de caça e dança, por exemplo. As pinturas, na cor vermelha, são atribuídas a grupos étnicos que habitaram a região. Proteger os painéis de arte rupestre não é uma tarefa simples. É preciso combater inimigos naturais, como vespas, abelhas, marimbondos e infiltrações d’água, e também atos de vandalismo que põem em risco a integridade dos sítios.
A instalação de passarelas de madeira, para o visitante contemplar os grafismos sem tocar nos painéis, foi a solução encontrada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) para controlar o vandalismo. “Dar condições de visitação pública e ao mesmo tempo garantir a preservação faz parte da política nacional do Iphan”, explica o arqueólogo Onésimo Santos, da superintendência do Rio Grande do Norte.
Ele informa que o projeto não prevê apenas as passarelas. Escadarias para facilitar o acesso aos sítios (subidas que exigem esforço físico do visitante) estão sendo construídas com pedras encontradas na região. “Vamos sinalizar com placas indicativas e criar áreas de descanso”, diz o arqueólogo. As intervenções começaram pelos Sítios Xiquexique 1 e Xiquexique 2, que ficam próximos da área urbana. “São os mais visitados e, portanto, os mais vulneráveis”, justifica.
Outros dois sítios de Carnaúba dos Dantas, Xiquexique 4 e Pedra do Alexandre, receberão tratamento semelhante, todos com recursos do Ministério da Cultura. A inauguração está programada para novembro deste ano, no Seminário de Socialização do Patrimônio Arqueológico, que o Iphan realizará em Natal. Paralelamente à confecção das passarelas, o instituto conta com a colaboração de uma especialista do Piauí, para identificar os males que acometem os painéis e fazer a limpeza.

Arqueóloga e química, Conceição Lage trabalha desde o mês passado na remoção de sujeira natural dos Sítios Xiquexique 1 e Xiquexique 2. “Foram tiradas 26 casas de marimbondo ativas, duas colmeias de abelhas, dejetos de répteis, manchas de fuligem provocadas pela ação de retirada de insetos e depósitos salinos de Xiquexique 1, sem colocar a pintura em risco”, diz ela, em entrevista por telefone. Professora de arqueologia da Universidade Federal do Piauí, Conceição Lage acrescenta que os ninhos de vespas também deixam rastros nas pinturas.
“As vespas pegam argila da região e misturam com saliva para fazer as casas, com o tempo isso vira pedra e às vezes encobre a pintura. Tinha bastante por lá”, comenta. A pesquisadora sugere manutenção constante no local para evitar novas infestações. “Não existe um produto natural para espantar os insetos.” No Sítio Xiquexique 2, Conceição Lage se deparou com infiltração de água na rocha, provocada por raízes de plantas.
De acordo com a arqueóloga, as raízes ácidas abrem pequenos furos na pedra, por onde a água se infiltra, transportando sais, sujeira e areia até a área dos desenhos. “É complicado fazer a remoção porque há situações em que a pintura está coberta pelos sais e, em outras, elas estão sobre os sais”, declara. Nesse caso, ela indica intervenções na parte alta da rocha, para frear e inibir o aparecimento de buracos. Conceição Lage se dedica à conservação de arte rupestre desde 1991.
(Fonte JC - Ciência e Meio Ambiente)

sábado, 2 de outubro de 2010

Personagens da Caatinga - LAMPIÃO, O REI DO CANGAÇO.



Virgulino Ferreira da Silva, vulgo Lampião (Serra Talhada, 7 de julho de 1898 — Poço Redondo, 28 de julho de 1938), foi um cangaceiro brasileiro. O seu nascimento, porém, só foi registrado no dia 7 de agosto de 1900.
Uma das versões a respeito de sua alcunha é que ele modificou um fuzil, possibilitando-o a atirar mais rápido, sendo que sua luz lhe dava a aparência de um lampião.
No dia 27 de julho de 1938, o bando acampou na fazenda Angicos, situada no sertão de Sergipe, esconderijo tido por Lampião como o de maior segurança. Era noite, chovia muito e todos dormiam em suas barracas. A volante chegou tão de mansinho que nem os cães pressentiram. Por volta das 5:15 do dia 28, os cangaceiros levantaram para rezar o oficio e se preparavam para tomar café, foi quando um cangaceiro deu o alarme, já era tarde demais.
Não se sabe ao certo quem os traiu. Entretanto, naquele lugar mais seguro, segundo a opinião de Virgulino, o bando foi pego totalmente desprevenido. Quando os policiais do Tenente João Bezerra e do Sargento Aniceto Rodrigues da Silva, abriram fogo com metralhadoras portáteis, os cangaceiros não puderam empreender qualquer tentativa viável de defesa.
O ataque durou uns vinte minutos e poucos conseguiram escapar ao cerco e à morte. Dos trinta e quatro cangaceiros presentes, onze morreram ali mesmo. Lampião foi um dos primeiros a morrer. Logo em seguida, Maria Bonita foi gravemente ferida. Alguns cangaceiros, transtornados pela morte inesperada do seu líder, conseguiram escapar. Bastante eufóricos com a vitória, os policiais apreenderam os bens e mutilaram os mortos. Apreenderam todo o dinheiro, o ouro e as joias.

A Universidade Federal Rural de Pernambuco e o Comitê Estadual celebram o Dia Nacional da Caatinga

Marcelo, Suassuna, Rita, Ednilza e Márcio (CERBCAA/PE) João Suassuna (Fundaj) Márcia Vanusa (UFPE) Francis Lacerda (IPA) e Jo...