sexta-feira, 23 de setembro de 2016

Cemafauna Caatinga ajudando na conservação dos animais silvestres no semiárido nordestino desde 2008

           


Fachada. Foto: Divulgação
Fachada. Foto: Divulgação

Na semana do Dia Nacional de Defesa da Fauna comemorado dia 22, o Centro de Conservação e Manejo de Fauna da Caatinga (Cemafauna Caatinga) com sede no Campus de Ciências Agrárias da Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf) em Petrolina, interior de Pernambuco, não para e cotidianamente presta serviços para a sociedade, em especial, no que diz respeito a conservação ambiental. De 2008 até julho desse ano, cerca de 133 mil animais foram resgatados, desse total, 87% deles foram reintroduzidos na natureza depois de passar por todo o processo de triagem, cuidados médicos, alimentação e reabilitação para a vida selvagem.
Veados, tatus, tamanduás, macacos, cachorros-do-mato, gatos-do-mato, guaxinins, papagaios, maracanãs, jiboias, e muitos outros já foram devolvidos ao seus habitats naturais. Alguns exemplares de algumas espécies são mantidos em coleções científicas de cada um dos cinco grupos de fauna – mamíferos, peixes, répteis, aves e insetos – para estudo. Com um acervo estimado em mais de 130 mil exemplares as Coleções Científicas são visitadas por pesquisadores, professores e estudantes das mais variadas regiões do país, a exemplo da entomóloga Aline Andrade que atua como pesquisadora nas áreas de Ecologia comportamental, química e genética de abelhas Euglossini e para seu Pós-doutorado em andamento em Genética e Evolução pela Universidade Federal de São Carlos, utiliza o acervo da coleção de entomologia do laboratório do Centro.

CETAS - Centro de Triagem de Animais Silvestres. Foto: Divulgação
CETAS – Centro de Triagem de Animais Silvestres. Foto: Divulgação

O Cemafauna surgiu inicialmente para atender as demandas de resgate e monitoramento de fauna nos trechos sob influência das obras do Projeto de Integração do São Francisco com as Bacias Hidrográficas do Nordeste Setentrional (PISF) realizado pelo Ministério da Integração Nacional (MI). A primeira instalação foi o Centro de Triagem de Animais Silvestres (CETAS) que começou a funcionar ainda em 2008 como requisito das demandas do Programa Básico Ambiental 23 (Programa de Conservação de Fauna e Flora) sendo o único num raio de 500 km, o mais próximo está em Salvador/BA na sede do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA). Hoje, além de atender a demanda do resgate de fauna, sua localização estratégica possibilita o atendimento a diversos órgãos de fiscalização ambiental auxiliando no combate ao tráfico de animais silvestres, visto que Petrolina está inserida nas rotas dessa prática ilegal.
 
A área de atuação do Centro estende-se por todo o semiárido nordestino do Brasil, que compreende uma extensão de 982.563,3 km². Além dos diversos municípios que abrigam a obra do Projeto de Integração do São Francisco nos estados de Pernambuco, Paraíba, Ceará e Rio Grande do Norte, o Cemafauna também realiza ações no estado da Bahia participando de operações de fiscalização ambiental a exemplo da Fiscalização Preventiva Integrada (FPI) realizada pelo Ministério Público da Bahia em parceria com diversos órgãos ambientais. “Nós recomendamos à população que ao encontrar animais silvestres em suas residências, primeiro entrem em contato com os órgãos fiscalizadores para que então sejam tomadas as medidas necessárias para a recuperação desses animais”, afirma a coordenadora técnica e gerencial do Centro, Patricia Nicola.

Soltura veado. Foto: Divulgação
Soltura veado. Foto: Divulgação

Além disso, desde 2012 através do Museu de Fauna da Caatinga realiza ações de cunho socioambiental fomentando atividades, visitas guiadas e palestras temáticas sobre a importância da conservação da fauna da caatinga. No hall, cerca de 40 peças de animais típicos da caatinga taxidermizados estão em exposição com o intuito de ilustrar a rica fauna que é composta por mais de 1.500 espécies entre aves, mamíferos, anfíbios, peixes, répteis e insetos. Ainda nesse espaço é possível interagir com totens, dispositivos tecnológicos com vídeos, fotos, mapas e conteúdos sobre o trabalho desenvolvido pelo Cemafauna a favor da natureza.
 
“Já são 30 anos dedicados à conservação e ao manejo de fauna brasileira. Há oito conseguimos realizar um sonho que nos traz a sensação de missão cumprida, mas também de que há muito a se fazer sempre”, afirma o coordenador geral do Cemafauna, o biólogo e professor Luiz Cezar Pereira. Ao longo de todo esse tempo agindo nas caatingas, os analistas enfrentam a resistência de alguns, presenciam as tentativas de tráfico de animais silvestres que ocorrem com bastante frequência, mas também têm momentos de imensa satisfação. As solturas são prova de que o trabalho desenvolvido durante todos esses anos não está sendo em vão. “A cada soltura nós esperamos que os animais continuem o ciclo de vida natural, sobrevivam e se reproduzam. Esse é o final feliz que mais buscamos que aconteça”, declara a médica veterinária Geiza Rodrigues.
Dia Nacional de Defesa da Fauna

A data ficou instituída a partir da publicação no Diário Oficial do Decreto n° 3.607 assinado pelo então presidente Fernando Henrique Cardoso em 22 de setembro de 2000. O documento designou o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama) como autoridade administrativa para implementar a Convenção sobre o Comércio Internacional das Espécies da Flora e Fauna Selvagens em Perigo de Extinção (CITES).

Cemafauna Caatinga. Foto: Divulgação
Cemafauna Caatinga. Foto: Divulgação
 
Fonte: Folha Geral

quarta-feira, 21 de setembro de 2016

Rio São Francisco - A extinção da caatinga (ESTUDO)

                                                 
                                                                                                                                                  
extinção-da-caatinga
 
Um estudo aponta que o bioma caatinga, único bioma exclusivamente brasileiro, está em sério risco de extinção por conta das mudanças perpetradas no Rio São Francisco nas últimas duas décadas.
A caatinga ocupa, ainda, 10% do território brasileiro e, apesar do seu aspecto agreste e seco, é um bioma muito rico em biodiversidade e importantíssimo para a manutenção do equilíbrio ecológico da região à qual pertence.
 
O estudo de José Alves Siqueira, professor da Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf), em Petrolina, Pernambuco que resultou na publicação do livro “Flora das caatingas do Rio São Francisco: história natural e conservação”, vem acrescentar uma nota de alarme à situação de degradação acelerada que este bioma vem sofrendo desde a década de 1990. Antes eram os desmatamentos, a transformação do uso da terra para a monocultura de algodão, o uso de maquinário pesado que destrói a estrutura do solo e agora, nos dois últimos anos especialmente, a redução drástica da vazão do único rio que banha a caatinga, o Rio São Francisco.
  

 
 
caatingas san francisco
Fonte foto 
Um rio não é só um rio, um corredor de águas necessárias à expansão agrícola de um país ou região. Um rio é toda a vida que habita suas águas, suas margens e suas matas. O dano que projetos causam a um rio, mesmo que com o objetivo de melhorar a vida das populações regionais (ou fornecer água farta para os cultivos de quem possa pagar por elas) têm de ser avaliado em comparação com o dano que se causa ao bioma. Teremos um corredor de águas, que se extinguirá com o tempo, ou queremos um rio vivo que alimente a vida de animais e humanos que queiram viver às suas margens. É preciso escolher com consciência.
No resumo do estudo de Siqueira fica bem claro quais são os impactos ambientais que estão ocorrendo e porquê: “O Rio São Francisco considerado um dos maiores rios da América Latina, com sua riqueza de organismos é cenário desse estudo que reflete sobre sua história apocalíptica quanto às questões socioambientais e os impactos nos ciclos econômicos. Assim, foram analisados os problemas que acometem o São Francisco por meio de estudos do histórico desde a passagem dos naturalistas que documentaram a biodiversidade “in loco” de ontem, do hoje e de previsões do amanhã.
A premissa provém da falta de compreensão do conceito de “rio vivo”, uma vez que do ponto de vista técnico de engenharia ele é visto apenas como um canal de água que gera eletricidade e fornecimento de água para abastecimento humano com fins múltiplos. Os resultados apontam para a idiossincrasia entre o Rio São Francisco e as Caatingas, ambos se retroalimentam e tornam-se anêmicos quando a sua biodiversidade é extirpada. As recomendações apontadas aqui sugerem investimentos em educação e que setores produtivos no Brasil se debrucem para compreender o funcionamento dos ecossistemas e sua ampla rede de comunicação, caso contrário, não haverá a mínima chance de reverter esse quadro caótico sobre a biodiversidade do Rio São Francisco”. Soa como um alerta desesperado (leia a íntegra do trabalho aqui.
Entre os impactos que o pesquisador aponta estão a construção de barragens (hidrelétricas) que impedem a piracema (movimento de peixes subindo o rio para desovarem) e modificam de forma inexorável a comunidade bentônica e limnológica (peixes e pequenos animais que vivem nas águas, areias e lodos). Também é apontado como fator de degradação o desvio das águas - para abastecimento humano e animal, recreação, indústrias - e o desague de esgoto sem tratamento, situações que alteram a qualidade das águas e do ambiente. “Com o fim da piracema, uma vez que os peixes não conseguiam mais subir o rio para se reproduzir, o declínio do número de cardumes e da variedade de espécies foi intenso. Entre as mais afetadas, as chamadas espécies migradoras, entre elas curimatá-pacu, curimatá-pioa, dourado, matrinxã, piau-verdadeiro, pirá e surubim”. Leia mais aqui.

No 17 de agosto último o Ibama soltou uma nota técnica em que avalia os impactos ambientais resultantes da redução de vazão do Rio São Francisco que afetou, especificamente, os municípios de Sergipe ocasionando um aumento significativo da população de algas e cianobactérias compromentendo seriamente as qualidades das águas mesmo para abastecimento humano.


 
fruto do mandacarú
Fruto do Mandacarú fonte foto 
 
”A caatinga é um bioma onde vivem cerca de 27 milhões de pessoas; a maioria carente e dependente dos recursos do bioma para sobreviver. Boa parte de seu patrimônio biológico não pode ser encontrado em outro lugar do mundo, o que torna este bioma tão importante para o país”. Assim explica o ICMBIO porquê é imperativo tomar consciência sobre os efeitos das ações antrópicas sobre este bioma. Porque vamos alterar seu equilíbrio ecológico, prejudicar a população local e perder um patrimônio único.
 
Fonte: Greeme

 


segunda-feira, 19 de setembro de 2016





Assunto: Convite

Prezados membros do Comitê Estadual da Caatinga,

Convidamos  para a 27ª Reunião do Comitê Estadual da Reserva da Biosfera da Caatinga - CERBCAA/PE, a realizar-se na próxima terça-feira (20), às 09:30h na Semas - Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade do Estado de Pernambuco, Av. Conselheiro Rosa e Silva, 1339, Jaqueira, Recife - PE.

Atenciosamente,

Marcelo Teixeira
Secretário Executivo do CERBCAA/PE
           
Caatinga

UFRPE e ambientalistas cobram Unidades de Conservação da Caatinga

Processo de criação das unidades de conservação estaduais no semiárido pernambucano foi interrompido
Publicado em 17/09/2016, às 08h08
Serra das Abelhas, em Exu, no Sertão, tem potencial para ser transformada em unidade protegida, segundo pesquisadores / Foto: Divulgação
Serra das Abelhas, em Exu, no Sertão, tem potencial para ser transformada em unidade protegida, segundo pesquisadores
Foto: Divulgação
Da Editoria Cidades

Professores da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) e a Associação Pernambucana de Defesa da Natureza (Aspan) cobram do governo do Estado a implantação das Unidades de Conservação prometidas para o semiárido. “O processo de criação de áreas protegidas na caatinga começou, mas não foi finalizado”, destaca a bióloga da URPE Ednilza Maranhão.
Ela informa que abaixo-assinado com mais de 3,6 mil nomes será protocolado na Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Semas), Conselho Estadual de Meio Ambiente (Consema) e Agência Pernambucana de Meio Ambiente (CPRH). “Nem todas as áreas indicadas foram transformadas em unidade de conservação e isso aumenta o risco de perda da vegetação”, declara.

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Nascente de água em área indicada para ser unidade de conservação da caatinga, no município de Exu
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Ednilza cita como exemplo a Serra da Matinha, no município sertanejo de Carnaíba, onde há mais de 20 nascentes de água. “Fizemos levantamentos e constatamos uma diversidade enorme de plantas e bichos. É uma área de grande relevância e precisa ser protegida”, diz a professora.

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Também merecem atenção especial as Serras das Tabocas e das Abelhas, em Exu, no Sertão, acrescenta a bióloga. A primeira, observa, é um misto de dois biomas – cerrado e caatinga –, funciona como abrigo e alimento para animais, além de ter nascentes de água e guardar vestígios de sítios arqueológicos. “A Serra das Abelhas vem sendo usada para soltura de papagaio e macaco-prego apreendidos pelo Estado.”
No texto do abaixo-assinado a professora lembra que a caatinga corresponde a mais de 80% do território pernambucano, com 81.723,97 quilômetros quadrados. “Perdemos mais de 50% da áreas nativas do bioma, por desmatamento sem controle. A caatinga está virando deserto, as terras ficam improdutivas e isso afasta o morador da região”, ressalta.

LICITAÇÃO

O diretor de Recursos Florestais e Biodiversidade da CPRH, Walber Santana, garante que o compromisso do Estado com a criação das unidades de conservação na caatinga está mantido. Segundo ele, a empresa contratada por chamada pública para fazer os estudos que embasariam a implantação das áreas protegidas no semiárido teve problemas com a prestação de contas e o trabalho foi suspenso.
“Vamos relançar a licitação, até meados de outubro próximo, para finalizar o processo”, declara Walber Santana. Os recursos, acima de R$ 1 milhão, são oriundos do fundo de compensação ambiental, pago por empreendimentos geradores de impacto. A nova empresa contratada terá 12 meses para fazer o levantamento de dez áreas apontadas como prioritárias.
O estudo da fauna, flora, aspectos sociais e geomorfologia dos terrenos vai indicar as áreas que podem ser classificadas como unidade de conservação. “Pretendemos criar pelo menos quatro”, diz. No momento, há nove unidades de conservação estaduais na caatinga pernambucana, de uso sustentável e de proteção integral. Juntas, somam mais de 126 mil hectares protegidos, afirma Walber Santana.

A Universidade Federal Rural de Pernambuco e o Comitê Estadual celebram o Dia Nacional da Caatinga

Marcelo, Suassuna, Rita, Ednilza e Márcio (CERBCAA/PE) João Suassuna (Fundaj) Márcia Vanusa (UFPE) Francis Lacerda (IPA) e Jo...