terça-feira, 28 de setembro de 2010

Conheça o Projeto "Valorização do Bioma Caatinga" promovido pelo Comitê Estadual da Caatinga na região do Vale do Pajeú.


(Imagens: O mundo da Caatinga natureconservancy - youtube)

O Bioma Caatinga pode ser considerado um dos mais ameaçados do Brasil. Grande parte de sua superfície já foi bastante modificada pela utilização e ocupação humana. E em nosso Estado, Pernambuco, é carente de medidas mais efetivas de conservação da diversidade, como a criação de unidades de conservação de proteção integral. Hoje em dia já é muito difícil encontrar remanescentes da vegetação nativa maiores que 10 mil hectares.
O Bioma Caatinga apresenta extensas áreas degradadas e solos sob intenso processo de desertificação.
A CAATINGA foi por muito tempo caracterizada como “pobre”, porém as pesquisas recentes têm revelado um grande potencial, uma ampla diversidade biológica, com espécies endêmicas e adaptações distintas. Apesar de ser um bioma com grande potencialidade ainda é pouco valorizado e reconhecido.
O Objetivo do Projeto “VALORIZAÇÃO DO BIOMA CAATINGA” é promover ações que visem à valorização da Caatinga através de ações de educação ambiental.
Nesta primeira etapa do projeto serão atendidos 17 municípios da nossa CAATINGA situados na região de desenvolvimento do Vale do Pajeú, visando:

• Sensibilizar a população local sobre a importância e fragilidade do bioma Caatinga;

• Capacitar professores da rede de ensino pública e particular sobre as potencialidades e sensibilidade do bioma nos municípios atendidos pelo projeto;

• Incentivar trabalhos na área de educação ambiental, destacando o Dia Nacional da Caatinga e Dia Internacional do Meio Ambiente;

• Divulgar os recursos naturais da Caatinga;

• Criar o primeiro Subcomitê do Comitê Estadual da Reserva da Biosfera da Caatinga - CERBCAA-PE através de um processo de educativo e participativo da população

O CERBCAA/PE acredita que através de ações como as deste projeto, da atuação de organizações não governamentais e do poder público, poderemos mudar a situação atual da CAATINGA, bioma genuinamente brasileiro. O Projeto promovido pelo Comitê Estadual da Caatinga,  tem o patrocínio do FEMA - Fundo Estadual de Meio Ambiente, Governo do Estado de Pernambuco (Sectma), Execução da Âncora e Apoio do IPA - Instituto Agronômico de Pernambuco. Folder valorizacao do bioma
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sábado, 25 de setembro de 2010

O SONHO DA ÁGUA PRÓPRIA.






No sertão do Nordeste a população está espalhada. Como a atividade econômica é pouca, não surgiram muitas cidades grandes, e portanto não se concentrou a população. As famílias sertanejas vivem longe umas das outras, mais que tudo da subsistência, plantando pelo menos mandioca, tentando tirar um pouquinho que seja da terra. Os ciclos da natureza não ajudam. A chuva, suficiente para viver, cai toda num terço do ano e deixa o sol esturricar a terra no resto do tempo. Aí, às vezes, não chove. E tudo que se plantou morre.
Nesse lugar, uma visão comum pelas estradinhas é a de caminhões de água. Vimos vários. Muitos vereadores têm entre suas atividades uma espécie de serviço de “disk-água”: entregam para quem pede, garantem um voto em troca. Os caminhões-pipa, geralmente, carregam a água dos açudes para as casas dispersas (já que a dispersão torna inviável um sistema de água encanada para todo mundo).
Se a chuva é suficiente, mas concentrada demais, existe uma solução óbvia: que cada um guarde o excesso de chuva da sua propriedade para quando faltar. Isso não é uma ideia absolutamente nova, claro. Há décadas constrói-se cisternas no sertão, alimentadas por uma calha com a água que cai no telhado da casa. Mas são iniciativas dispersas e muitas vezes prejudicadas por deficiências no projeto (muitas cisternas vazavam, por exemplo).
Em 2003, uma rede de mais de 600 organizações da sociedade civil criou a Articulação do Semi-Árido, ou Asa, para, de maneira descentralizada, construir cisternas pelo sertão. Foi um sucesso. Hoje quem viaja por aquelas bandas vê cisternas em toda parte: há mais de 400 mil em todo o Nordeste e no sertão de Minas. Se você perguntar para as pessoas se elas gostam da cisterna, provavelmente vai ouvir elogios desbragados. “Foi um presente de Deus”, disse o agricultor José Macário dos Santos, chefe de uma família de oito, numa resposta típica. Como ele, 97% dos agraciados com a cisterna estão satisfeitos. Menos satisfeitos ficam alguns políticos tradicionais. Uns circulam por aí com seus caminhões-pipa, oferecendo para encher as cisternas. Assim o morador não tem que se preocupar com a manutenção e a colocação das calhas (e a chuva é desperdiçada).
Mais recentemente o projeto foi aperfeiçoado. Agora a proposta é dar duas cisternas para cada família: uma para o consumo, outra para um pomar-horta. Além de segurança hídrica, a família ganha segurança alimentar e financeira. O projeto também está se tornando mais abrangente, e passa a envolver o apoio à produção local, a gestão de águas, o desenvolvimento de tecnologias sociais. Privilegia-se espécies da caatinga, que não morrem nem quando há seca. A Embrapa Semi-Árido, onde o professor Nilton de Brito trabalha (conheça-o no vídeo acima), está bastante envolvida nesse projeto. A instituição tem testado o desempenho dos diferentes tetos na coleta de água de chuva, projetado sistemas simples e baratos de irrigação por gotejamento e mantido pomares-laboratório.
(Fonte: Estadão.com.br - Isso não é normal)

Personagens da Caatinga: LUIZ GONZAGA, O REI DO BAIÃO.


Luiz Gonzaga (Gonzagão) Cantor e compositor, Luiz Gonzaga do Nascimento nasceu na Fazenda Caiçara, no município de Exu, sertão pernambucano, filho de Ana Batista de Jesus e do sanfoneiro Januário José Santos, com quem aprendeu a tocar sanfona. Deixou sua cidade natal em 1930, em busca de emprego, e acabou entrando para o Exército, morando em vários lugares no Nordeste.
A carreira musical só começou em 1939, no Rio de Janeiro, tocando em um conjunto que se apresentava nos cafés da zona de prostituição. Participou de programas de calouros, como os de Almirante e Ary Barroso e, em 1941, gravou o seu primeiro disco - apenas como solista; a primeira música cantada, Dança Mariquinha, seria gravada em 1945. A partir de então passou a percorrer o Brasil, fazendo shows, iniciando sua longa carreira de sucesso. Influenciou vários compositores da chamada moderna música nordestina, como Caetano Veloso, Gilberto Gil, Raimundo Fagner, Elba Ramalho e outros.
Foi Luiz Gonzaga quem levou para o disco os ritmos e as batidas do xote e do baião - já conhecidos entre os cantadores de viola do Nordeste: ele pegou a batida e criou o jogo melódico, daí ser considerado o criador do baião. Gravou 56 discos e compôs mais de 500 canções.
Morreu após uma internação de mais de 40 dias, vítima de osteosporose. Seu velório e enterro foram acompanhados por mais de 50 mil pessoas em Juazeiro do Norte. (Fonte: JB Online). SOM BRASIL - Especial Gonzagao.

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Precisamos de árvores. É simples!


Na margem de um rio em Gravatá (PE,) uma muda espera
o tempo transformá-la em mata ciliar

Mudanças climáticas são um assunto muito complexo, muito complicado mesmo. Mas, se a gente tentar simplificar, a coisa básica é a seguinte: plante árvores que melhora.
Não que seja uma solução mágica que acaba com todos os problemas. Longe disso. Mas o plantio de árvores, se feito com espécies adequadas, nativas, e nos lugares certos, pode ajudar a aliviar muitos dos efeitos das mudanças climáticas.
O Nordeste do Brasil é um ótimo exemplo disso. As mudanças climáticas cercaram a região. Do interior, vem o aumento de temperatura e, consequentemente, de evaporação, tirando o “semi” do semi-árido. Do oceano, vem a água do mar, comendo a costa, demolindo casas, arrastando árvores. Entre os dois, correm os rios, cada vez mais assoreados, cada vez mais ocupados, cada vez transbordando com mais frequência.
Pois bem. Plante árvores que melhora.
Melhora em parte porque árvores nada mais são do que a solidificação do carbono que está sobrando na atmosfera e tapando a Terra como uma panela de pressão. Árvores, quando crescem, tiram carbono do ar. Árvores são feitas de carbono.
Mas esse efeito é lentíssimo. O carbono tirado da atmosfera hoje só vai resultar em refresco daqui a meio século. Nesse meio tempo, muita seca, muita enchente, muita tragédia e muito prejuízo vai acontecer no Nordeste por causa das mudanças climáticas.
Acontece que plantar árvores do jeito certo tem outros efeitos positivos que, esses sim, são imediatos, ou quase.
Árvores no semi-árido conservam a parca água da chuva e protegem o solo. "O principal indicador que detona o processo de desertificação é a retirada da cobertura vegetal, principalmente das árvores", diz o engenheiro Iedo Sá, da Embrapa Semi-Árido, em Petrolina. "A árvore forma o manto que cobre essa região. Quando você a retira, tudo que há de ruim acontece", afirma ele. O solo fica exposto aos elementos. O sol mata microorganismos e frita nutrientes. A água escorre, levando com ela a camada superficial da terra. "É o que chamamos de erosão laminar, que é a perda dos centímetros superiores da superfície do solo", diz Iedo. "Trata-se de um tipo discreto de erosão, quase invisível. Mas é o mais nocivo que existe." Para piorar, o sol inclemente faz essa água evaporar, deixando para trás sais minerais. Isso salga a terra, matando a fertilidade. Assim a desertificação se espalha. Iedo, que é especialista em desertificação, afirma que o único remédio é trazer a caatinga de volta. "A caatinga leva pelo menos 10 anos para crescer de volta – o dobro se o processo de desertificação estiver mais avançado", diz. Além disso, árvores dão frutas e sombra, que, num ambiente mais tórrido, podem salvar vidas de animais e humanos.
Árvores nas beiras dos rios seguram o solo no lugar, reduzindo o assoreamento e, consequentemente, as enchentes e o avanço do mar. "Árvores funcionam como um 'buffer' para a água que escapa dos rios", diz o Hidrólogo Abelardo Montenegro, da Universidade Rural de Pernambuco, usando a palavra em inglês para algo que diminui ou absorve o choque de um impacto (por exemplo, um pára-choque). Os troncos, as folhas e a terra oferecem obstáculos irregulares para a água das enchentes, freiando seu avanço. Além disso, fazer crescer florestas nas margens, onde hoje há bairros densamente povoados, daria espaço para a água se espalhar e preveniria que as enchentes resultassem em destruição e mortes.
Árvores de mangue têm um efeito parecido no litoral: impedem o assoreamento e dão espaço para o mar avançar, evitando que ele coma a costa. "Mais do que tudo, elas absorvem o impacto das ondas, em vez de deixar que elas se choquem com a costa mais ao norte", diz Moacir Araújo, professor de oceanografia da UFPE. "O problema é que os manguezais da costa nordestina foram devastados para dar lugar a empreendimentos imobiliários ou econômicos, como o porto de Suape", diz. "Se queremos uma solução mais permanente para o problema do avanço do mar, teremos que repensar a ocupação humana na costa, talvez até reconstituindo alguns manguezais.
Há pelo Nordeste alguns programas importantes de reflorestamento. No sertão, o PNUD, agência da ONU para o desenvolvimento, tem financiado grandes projetos. Na região do Araripe, a mais degradada do sertão por causa da necessidade de lenha da indústria gesseira, a Embrapa e o Sebrae estão bastante envolvidos na criação de "florestas energéticas". "São áreas de manejo que fornecem lenha para os fornos de gesso sem implicar em desmatamento", diz Iedo.
Mais complicado é rever a ocupação do espaço: por exemplo, mudar de lugar bairros que estão muito perto de rios e da costa para dar lugar a matas. "Ninguém quer sair de suas casas, a não ser que não tenha alternativa", diz Adriano Dias, pesquisador de adaptação às mudanças climáticas na Fundação Joaquim Nabuco. Vimos algumas iniciativas tímidas em cidades mais ricas, como a pernambucana Gravatá. Lá a prefeitura criou um parque turístico para preservar um trecho de caatinga e está promovendo a plantação de mudas em áreas públicas à beira dos rios – estudantes universitários plantam as mudas e, em troca, ganham transporte gratuito para as aulas. "Fazemos isso onde podemos, mas remover bairros para plantar árvores não está em cogitação", diz Aarão Lins, secretário do meio ambiente da cidade.
Claro que um grande programa de reflorestamento seria o ideal. Mas, na impossibilidade do ideal, uma árvore a mais, plantada do jeito certo numa dessas áreas estratégicas (o semi-árido, as margens dos rios, a costa), já é bem mais que nada.
(Fonte: Estadão.com.br - Isso não é normal)

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

O Sertão resiste ao deserto. Manter a caatinga de pé é a chave para o futuro do Nordeste.


Na época da seca, o verde desaparece. A árvore "adormece"
à espera de tempos melhores

O clima do sertão do Nordeste é ao mesmo tempo imensamente constante e absolutamente imprevisível. O sol é o constante. Por lá, o calor de 30 e muitos graus se repete em praticamente todos os dias do ano. A chuva é a imprevisível. No sertão não chove quase nunca, quando chove chove muito, e às vezes passa anos sem chover.
Sempre foi assim. Dom Pedro II visitou a região em 1877 para prestar solidariedade ao povo, quando uma seca matou mais do que a Guerra do Paraguai. Portanto, culpar as mudanças climáticas pela seca que, neste exato momento, assola o sertão, seria absurdo.
Mas o cenário preocupa, por dois motivos:
– A temperatura efetivamente está subindo – tanto as mínimas quanto as médias quanto as máximas. Todos os modelos indicam que continuará subindo. Mais calor significa mais evaporação, e o sertão já vive um deficit hídrico.
– O regime das chuvas, que sempre foi imprevisível, continua imprevisível. Aparentemente, a quantidade de água que cai não está mudando muito, mas ela está ficando cada vez mais concentrada no tempo. Às vezes chove num dia quase a água do ano inteiro. Tradicionalmente chove quatro meses e estia oito: é possível que a proporção esteja mudando para 2/10.
A combinação desses dois fatores aponta para um desastre natural: a desertificação. Soa estranho chamar desertificação de “desastre”, porque essa palavra geralmente é usada para eventos súbitos, rápidos, e a desertificacão se arrasta por anos. Mas seu caráter “desastroso” é inegável. Desertificação significa a morte das lavouras e dos animais, a falência do setor agrícola, a migração em massa da população rural, o alastramento de doenças infecciosas, o aumento da mortalidade infantil e mais um monte de coisas. Deserto é como câncer. Ele cresce. A presença dele por perto diminui os nutrientes do ambiente – e aí as plantas vão morrendo e ele vai avançando.
Mas a ligação entre o clima e a desertificação não é determinística. Existem seres capazes de deter o câncer. As plantas da caatinga estão adaptadas à incerteza do ambiente (sol sempre, chuva sabe-se lá quando). Elas sobrevivem quase hibernando quando o sol torra e ficam imediatamente verdes à primeira gota. Com elas, o deserto não avança, porque as raízes protegem o solo e retêm a água.
Manter a caatinga de pé é chave para o futuro do Nordeste, e não será fácil. A caatinga é hoje o bioma mais ameaçado do Brasil : 70% da sua cobertura original já foi modificada. A maior parte do desmatamento é para produzir lenha para as indústrias siderúrgica e do gesso. Há várias alternativas para essas indústrias: entre elas madeira de caatinga de reflorestamento. Menos simples é encontrar alternativas para o agricultor pobre que ainda vê no desmatamento para produzir lenha sua única opção. A possibilidade de cada família ter uma cisterna que guarde a água da chuva para alimentar um pomar-horta por gotejamento abriria várias possibilidades.
Outra questão central é garantir recursos hídricos para a população. O Nordeste ainda tem algumas das taxas mais baixas do país de acesso aos sistemas de água e esgoto, o que complica a convivência com um clima incerto. Nesse contexto, o polêmico projeto de transposição do rio São Francisco poderia ser um acerto: o rio garantiria um fluxo de água ininterrupto sertão acima. Mas o problema do sertão nunca foi a falta d’água: chove o suficiente, apenas de maneira irregular. Todos os hidrólogos e meteorologistas que consultamos afirmam que, se o objetivo é fornecer água para o abastecimento das cidades e das pessoas, mais importante do que cruzar sertão com o São Francisco seria melhorar o sistema de captação das águas da chuva, conectando os vários açudes para que um possa ajudar a manter o outro cheio.
A transposição interessa em especial porque ela poderia levar grandes volumes a estados como o Ceará. Isso viabilizaria indústrias que consomem muita água, como a siderúrgia e a criação de camarões. O Ceará precisa mesmo de atividades econômicas, até porque sua agricultura pode ser a mais duramente afetada pelas mudanças climáticas. Mas será que o melhor plano é mesmo erguer no sempre incerto semi-árido, em seu momento mais incerto, uma indústria que usa água intensamente?
Em agosto de 2010, realizou-se em Fortaleza uma conferência internacional para discutir os impactos das mudanças climáticas em regiões semi-áridas do mundo. O documento final do encontro, a chamada Carta de Fortaleza, traz o caminho das pedras para quem quer lutar contra o avanço do deserto. O documento destaca a necessidade de agir de maneira integrada, envolvendo as comunidades locais nas soluções.
(Fonte: Estadão.com.br - Isso não é normal)

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

São Raimundo Nonato tem maior conjunto de arte pré-histórica em rocha do mundo.


Apesar de todo cuidado que eles têm com sua pré-história, ainda existem problemas no presente da cidade que precisariam de uma maior atenção.
O JN no Ar foi para a cidade piauiense de São Raimundo Nonato. Vamos direto aos números do estado.
Piauí: mais de três milhões de habitantes. A economia do estado, a menor da região nordeste, é puxada pelo setor de serviços. No campo, a seca é uma constante ameaça.
A renda média mensal é de R$ 713, abaixo da média nacional de R$ 1.025. O acesso à rede de esgoto é o mais baixo do país.
A taxa de mortalidade infantil é a menor da região nordeste, a de homicídios também. Um em cada quatro habitantes não sabe ler nem escrever. Pouco mais de dois milhões de eleitores votam no Piauí.
São Raimundo Nonato aparece no meio da paisagem seca da caatinga. Para nossa sorte, a pista do futuro Aeroporto da Serra da Capivara ficou pronta há pouco mais de um ano. É a única parte concluída do projeto aprovado em 1997.
Obra inacabada parece ser a marca do lugar. A estrada que liga a região à capital, Teresina, também alterna asfalto com trechos de terra. O comércio e os bancos transformam a cidade em um centro importante para a região.
Hoje, moradores reclamavam do cheiro do sistema de esgoto instalado em São Raimundo Nonato. “Já tive que me mudar quando a minha filha nasceu, por causa do mau cheiro”, revela uma senhora.
Mas tem um trabalho na região que vai consumir muito mais tempo. Gerações de arqueólogos ainda vão estudar o Parque Nacional da Serra da Capivara, a 40 quilômetros da cidade.
Patrimônio Cultural da Humanidade pela Unesco, o parque tem a maior concentração de arte pré-histórica em rocha do mundo, mais de 900 sítios arqueológicos, 1,3 mil em toda a região.
Os desenhos de até 30 mil anos atrás foram feitos pelas mãos de alguns dos primeiros seres humanos a caminhar pelo continente americano.
“Preservar a história integrando a comunidade foi uma das primeiras decisões que tomou a Fundação Homem Americano, quando percebeu que, com uma população ignorante e pobre em volta, não ia conseguir preservar nada”, declara Rosa Trakalo, da Fundação Homem Americano.
No bem cuidado centro de visitantes, um vídeo mostra imagens da pioneira da pesquisa. A arqueóloga paulista Niede Guidon trabalha no local há quatro décadas. A dedicação da doutora Guidon trouxe para Nonato um curso de Arqueologia, que já formou três turmas.
Lucas Braga, órfão de pai pedreiro, está no segundo ano de faculdade e trabalha há seis na Fundação do Homem Americano, criada por Niede. “Eu fui aluno do Pró-Arte FUMDHAM, que é um projeto social da FUMDHAM. Pretendo fazer mestrado fora e pretendo voltar para cá para eu estudar aqui”, afirma o estudante.
Sônia Rosário morou 12 anos em São Paulo e queria voltar. Só conseguiu depois da vaga de recepcionista no museu criado pela fundação. “Eu gosto de morar aqui que é mais tranqüilo. São Paulo já é muito perigoso”, comenta.
O museu, rico em achados da região, usa os recursos mais modernos e mostra apenas uma parte do imenso acervo de peças a serem estudadas que estão nos laboratórios. “Tem muito trabalho para muitas gerações de arqueólogos e vários tipos de sítios”, aponta a arqueóloga Gisele Felice.
Ninguém vai escrever a pré-história do continente americano sem estudar a fundo o tesouro dessa cidade piauiense. Ao contrário das outras obras inacabadas da cidade, esta é uma boa notícia em Raimundo Nonato. (Fonte: Blog do JN no Ar)

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

A Rota do Vinho mostra as belezas do Vale do São Francisco. Da água para o vinho. Milagres do Velho Chico.



A Caatinga, em tupi-guarani mata branca, é um bioma unicamente brasileiro, localizado no Semiárido nordestino, entre o estado do Piauí e Norte de Minas Gerais. Apesar da imagem negativa de seca e miséria difundida pela grande mídia, este ecossistema guarda encantos de singular beleza, a exemplo do Vale do São Francisco e suas espécimes raros da flora e da fauna
O Vale do rio São Francisco é um pólo de desenvolvimento tecnológico da fruticultura irrigada, implantado pela Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf) e iniciativa privada, com apoio da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). O impacto na paisagem contrastante da caatinga do Sertão com o verde exuberante dos projetos de irrigação produz frutas e vinhos exportados para os principais mercados do mundo.
Nos anos 60, o Vale do São Francisco ganhou atenção dos militares, que vislumbraram a região como um centro de energia e produção de alimentos. Foi quando começaram os projetos de irrigação da Codevasf com a água do Rio São Francisco. O núcleo de mudança foi a cidade de Petrolina, em Pernambuco.
Em sua órbita, hoje, cultiva-se 1 milhão de toneladas de frutas, com safras avaliadas em 1,3 bilhão de dólares. A fruticultura transformou não só a paisagem, mas a vida de 800.000 pessoas que trabalham no setor. Um hectare plantado de uva rende sessenta vezes mais que a mesma área destinada à pecuária e emprega seis vezes mais. Nas últimas décadas, os produtores locais intensificaram a produção de vinhos onde almejam converter o Vale do São Francisco na versão brasileira do Napa Valley, a famosa região produtora de vinhos da Califórnia. Vinícolas como a Botticelli, a ViniBrasil e a gaúcha Miolo lideram a produção de vinhos mais elaborados do lugar.
A região dispõe da infra-estrutura do Aeroporto Internacional de Petrolina; da hidrovia do São Francisco, com o Lago de Sobradinho, o maior lago artificial do mundo; de eclusas na Barragem de Sobradinho; de ligação rodoviária com as principais capitais do Nordeste; e de uma termelétrica com capacidade para geração 138 megawatts de energia.
Petrolina e a baiana Juazeiro se nutrem da economia da irrigação, pois apenas separadas por uma ponte, as duas cidades crescem juntas, embora Petrolina tenha a economia mais robusta.
Faltam vagas na rede hoteleira das duas cidades, e os voos que operam para lá quase sempre estão lotados. Sinal do elevado movimento de investidores e técnicos agrícolas que percorrem os municípios que compõem o chamado perímetro irrigado. A prefeitura de Petrolina investe 1 milhão de reais na implantação de pontos de acesso sem fio e gratuito à internet. Escolas de idiomas se alastram pelas duas cidades, e edifícios de luxo são erguidos nas duas margens do rio (Veja, 01.09.2010 - "O Milagre do São Francisco" - Leonardo Coutinho).
O Rio São Francisco, a tecnologia e a força de uma gente empreendedora transformaram o Vale do São Francisco em um novo destino turístico, caracterizado pelos frutos da irrigação: enoturismo, técnico-científico, ecoturismo, gastronomia, cultura, artesanato, além do turismo náutico e lazer.
Depois de se render aos encantos da “Califórnia Brasileira”, é hora de multiplicar as emoções num cenário constrastante entre a misteriosa caatinga do sertão nordestino e o verde exuberante dos projetos de irrigação implantados pela Codevasf e hoje grandes produtores de frutas. Quem for ao passeio da Rota do Vinho deve ir aos municípios de Lagoa Grande e Santa Maria da Boa Vista, em Pernambuco e prossegue no lado baiano com visitas à Juazeiro, Casa Nova e Sobradinho, onde encontrará um destino turístico cheio de charme, história, arte e agradáveis surpresas. É importante conhecer e desfrutar dessa cultura autêntica e belezas naturais, visitando cada um dos roteiros e assim se apaixonar pela Rota do Vinho Vale do São Francisco, onde corre um rio cheio de magia e poesia.



Informações úteis: Codevasf: (87) 3866.7700 - Embrapa: (87) 3862.1711 – Sebrae: (87) 2101.8900 – Vinícola Biancheti: (87) 3991.2019 – Vinícola Botticelli: (87) 3860.1536 – Vinícola Ducos: (87) 3991.2025 – Vinícola Garziera: (87) 3869.9212 – Vinícola Miolo: (74) 3536.1132 – Vinícola Rio Sol: (87) 3860.1587 – Vinícola Cave do Sol: (87) 3985.1010 – SESC: (87) 3866.7474 – ASSITUR: (87) 3862.1616 – CHESF/Barragem: (74) 3816.2511 – Valexport: (87) 3863.6000 – Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Turismo e Eventos de Petrolina: (87) 3862.9261 – Aeroporto de Petrolina: (87) 3863.3366.

domingo, 5 de setembro de 2010

A devastação do gesso no Araripe.


A devastação do gesso from !sso não é Normal on Vimeo.


O vídeo acima foi gravado na mina de Antonio Campos, o "Grandão", um dos filhos
de Domingos de Campos, o descobridor do gesso no sertão do Araripe.

É fácil perceber quando você chega à região do Araripe, no coração do sertão, na fronteira tríplice entre Pernambuco, Ceará e Piauí. A mata fechada da caatinga, espinhenta como arame farpado, de repente desaparece. No seu lugar, a terra poeirenta exposta, seca, cada vez mais parecida com areia. No horizonte, nuvens brancas saem de chaminés. É pó de gesso, finíssimo. Em alguns lugares, o pó recobre a mata e a terra, esbranquiçando tudo. A região é onde a caatinga está mais ameaçada e é um núcleo importante de desertificação.
Também é fácil notar a prosperidade nas cidades do Araripe. Muitos 4 X 4, muitas lojas. Na praça central de Trindade, uma agitação de motos e operários se concentra em acertar os últimos detalhes antes da abertura da 2a Expogesso. O setor tem mais de 600 empresas, entre minas, fábricas e fornecedores. Emprega 80 mil pessoas, movimenta mais de 1 bilhão de dólares por ano. Está crescendo como chinês neste momento do boom da construção civil. 95% do gesso consumido no Brasil vem de lá. Lá perto, as obras da ferrovia Transnordestina anunciam que em breve o Araripe será diretamente conectado ao porto de Suape e ao mercado internacional. Mais prosperidade pela frente.
Para fazer o gesso, o primeiro passo é escavar a gipsita, que é abundante lá. A rocha é então moída e levada a um forno, onde as altas temperaturas desidratam o minério. O produto é o cal.
O maior problema ambiental do gesso é que os fornos são alimentados a lenha. Isso, além de emitir carbono, gera desmatamento. Hoje o Sebrae local está incentivando a adoção de madeira de manejo: o que resolveria o desmatamento mas não a emissão de gases. O Ibama eventualmente aparece na região e fecha uma ou outra empresa irregular – no ano passado 56 fábricas foram autuadas e fechadas, mas muitas reabriram desde então depois de pagar multa. O uso de madeira ilegalmente extraída ainda é generalizado, segundo os produtores que estão regulares.
A mineração também é muito impactante, como costuma ser. Vimos um surreal “canyon artificial” lá, criado pelo rasgo que fizeram no solo a dinamite e picareta. Outros problemas têm a ver com o pó de gesso, que é muito fino e tende a se espalhar. Muita gente tem problemas respiratórios e áreas de caatinga estão sendo sufocadas pela fina camada branca. A modernização do processo produtivo, com máquinas seladas que não deixam escapar tanto pó, melhorariam bastante a situação.
Além de maior produtor de gesso do Brasil, o Araripe é o quarto maior produtor de mel. Se a caatinga acabar, acaba o mel.
(Fonte: Isto não é normal - Estadão.com.br)

sábado, 4 de setembro de 2010

CAATINGA, ambiente dos fortes!



A expedição do Aventura Selvagem é na caatinga da Paraíba. Esse bioma esquecido é moradia de bichos fortes e rústicos. Animais que lutam pela sobrevivência num lugar quente, onde a seca dura praticamente o ano todo. Apesar disso, a vegetação é rica em plantas medicinais, muitas vezes utilizadas pelo sertanejo como único recurso para a cura de problemas de saúde.
É no meio do sertão que Richard Rasmussen encontra uma lacraia, bicho perigoso pelo veneno que injeta ao ser incomodado. No município de Cabaceiras, cenário de vários filmes brasileiros, o aventureiro promove o salvamento de pequenas traíras que estavam prestes a morrer num barreiro.
Ao visitar um criador de caprinos, Richard mede forças com um bode invocadíssimo. Imagine a cena! Depois, ele conhece dois filhotes do bode, recém nascidos que não param de berrar nos braços do selvagem. Um momento imperdível do programa!
Só que outro bicho chega pra roubar a cena: um sapo de chifre. Esse sim o rei da sobrevivência: ele fica debaixo da terra durante quase um ano à espera da chuva. Dá pra ter uma ideia do quanto o aventureiro fica eufórico com esse achado?
No quadro Profissão Natureza, Richard vai ao laboratório de um taxidermista. Ele mostra como é o processo de transformação de animais que já morreram em peças que parecem ter vida novamente. É uma espécie de empalhamento, cuja técnica requer muito conhecimento para que permaneça conservada por anos como se fossem novas.
Aventura Selvagem continua em Cabaceiras!

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

CPRH sedia XIX Reunião Ordinária do Comitê Estadual da Caatinga.


XIX Reunião Ordinária - 25.08.10

A Agência Estadual de Meio Ambiente (CPRH) sediou a XIX Reunião Ordinária do Comitê Estadual da Reserva da Biosfera da Caatinga de Pernambuco (CERBCCA/PE). O evento foi realizado no último dia 25, no auditório da Agência, e contou com a abertura do diretor presidente da CPRH, Hélio Gurgel, que deu as boas-vindas aos participantes. Na pauta da reunião, assuntos como a leitura da Ata da XVI Reunião Ordinária, palestra sobre as ações do Instituto Chico Mendes (ICMbio) e eleição para a gestão 2010/2012.
Hélio Gurgel falou sobre as atribuições da CPRH, enfatizando os cuidados que a Agência vem empreendendo na busca pela preservação da caatinga, além de destacar a importância desse bioma no meio ambiente. "A nossa preocupação data de muito tempo. É um elemento atávico porque, de alguma forma, temos nossas raízes na caatinga. A busca pelo desenvolvimento com enfoque nessa preservação é uma questão crucial e isso nos traz a certeza de que somente políticas adequadas podem trazer resultados positivos para o bioma, não apenas em Pernambuco, como também em todo o Nordeste", pontuou.
O evento foi conduzido pelo secretário executivo do Comitê, Marcelo Teixeira, e pelo coordenador Elcio Barros, que elogiou o trabalho que vem sendo realizado pela atual gestão do órgão ambiental no Estado. "A CPRH é uma parceira para alcançarmos nosso objetivo de lutar pela preservação da caatinga", disse. Em seguida, o secretário executivo procedeu a leitura da Ata, que foi aprovada por unanimidade pelos membros do conselho.
Houve ainda a apresentação de uma palestra com enfoque nas ações do ICMbio, proferida pela coordenadora regional (CR 6) do Instituto Chico Mendes (ICMbio), Carla Marcon. Ela fez uma explanação sobre a atuação do instituto e as ações realizadas com sucesso, além de enfocar a situação das unidades de conservação federais.
Outro assunto abordado na reunião foi o Projeto de Valorização do Bioma Caatinga, que será iniciado na próxima semana. O projeto consiste no desenvolvimento de ações de Educação Ambiental em 17 municípios da Região do Pajeú, atendendo aos professores das redes municipal e estadual de ensino, além de ambientalistas. As atividades vão ocorrer em três meses e, após esse período, será instituído o primeiro subcomitê do bioma da caatinga. O objetivo é promover mais visibilidade e multiplicar o número de pessoas envolvidas nessa questão. Dessa forma, as ações do comitê para a preservação do bioma serão ainda mais fortalecidas, contando com efetiva participação da CPRH.
(Fonte: Núcleo de Comunicação Social e Educação Ambiental/CPRH)
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