sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Comitê da Caatinga se reúne com a Direção da CPRH


Dando continuidade as ações estabelecidas pelo Comitê Estadual da Reserva da Biosfera da Caatinga - CERBCAA/PE para o corrente ano, no último dia 28.01 (quinta-feira) estivemos reunidos com a diretoria da CPRH- Agência Estadual de Meio Ambiente, através de seu Diretor-Presidente Hélio Gurgel, a Diretora de Recursos Florestais e Biodiversidade, Maria Lúcia Costa Lima e  o Diretor de Controle de Fontes Poluidoras,  Waldecy Ferreira Farias Filho. O CERBCAA/PE foi representado por Elcio Barros (Coordenador Geral), Guaraci Cardoso (Vice-coordenador) e Marcelo Teixeira (Secretário Executivo).
A reunião tratou da criação de unidades de conservação na caatinga Pernambucana.
Inicialmente foi entregue à CPRH uma relação de propriedades, e seus respectivos proprietários, totalizando uma área de 5.247,50 ha, na Serra da Canoa, município de Floresta (PE), para criação de uma unidade de conservação na bacia do Rio São Francisco como compensação ambiental de projetos da CODEVASF.
O CERBCAA/PE foi contactado pela CPRH no inicio deste ano e através das ongs EMA e SOS Caatinga, participantes do nosso Comitê, logo identificamos esta área. A CPRH está analisando outras áreas e incluiu esta também para levantamento por parte de sua equipe técnica.
Continuando a reunião, tratamos da criação das UCs de Serra Talhada e São Caetano, ficando acertado que até a realização da primeira reunião do CERBCAA/PE este ano, provavelmente na última quarta-feira de fevereiro, técnicos da CPRH visitarão as áreas indicadas em companhia de membros do Comitê e então, conjuntamente, definiremos os próximos passos para viabilização destas UCs propostas pelo CERBCAA/PE.
Ao final da reunião, solicitamos ao Dr. Hélio Gurgel, que é também o Secretário Executivo, a  participação do CERBCAA/PE como membro do CONSEMA - Conselho Estadual de Meio Ambiente de Pernambuco.
Dr. Hélio Gurgel, ficou de analisar o regimento do Conselho para definir se é possivel e colocou-se mais uma vez à disposição do nosso Comitê e, como temos reinvindicado, levantou a possibilidade de utilização de recursos da câmara de compensação ambiental para criação de UCs na Caatinga.
(Fotos: Guaraci Cardoso)

Cerrado e Caatinga poderão ser reconhecidos como patrimônio nacional.


Os biomas do Cerrado e da Caatinga poderão ser reconhecidos como patrimônio nacional. Foi incluída na ordem do dia a proposta de emenda à Constituição (PEC 51/03) que lista esses dois biomas junto à Floresta Amazônica, a Mata Atlântica e o Pantanal Mato-Grossense, na relação de biomas protegidos e cuja exploração se dará dentro de condições que assegurem a preservação do meio ambiente e a melhoria de qualidade de vida da população.
O autor da PEC, senador Demóstenes Torres (DEM-GO), salientou na justificação da matéria que pretendeu corrigir uma falha da Constituição, "que carece de justificativa científica e, certamente, resulta da restrita divulgação da importância dessas formações vegetais".
- A importância do Cerrado decorre não só do fato de ocupar cerca de um quarto do território nacional mas, principalmente, de englobar ampla variedade de ecossistemas e elevada diversidade biológica, que se manifesta tanto na flora quanto na fauna. A baixa prioridade concedida à conservação desse ecossistema é evidenciada pelo insignificante percentual de áreas protegidas na forma de unidades de conservação - alertou.
Em relação à Caatinga, Demóstenes disse que, além de ocupar cerca de 850 mil quilômetros quadrados no semi-árido nordestino, esse bioma é o mais severamente devastado pela ação do homem. O senador ainda observou que a Caatinga não se constitui uma formação homogênea, ao contrário, abriga uma grande diversidade biológica e, apesar disso, não existem unidades de conservação na área.
(Fonte: Ricardo Icassatti / Agência Senado)
Leia mais em: Líder do PV: Governo pode ‘rifar’ meio ambiente para aprovar pré-sal

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Descoberta arqueológica em Pernambuco tem conexão com pegadas de dinossauros da PB


Foto: Allan Patrick/Creative Commons/Reprodução

Um sítio arqueológico com fragmentos cerâmicos e gravuras rupestres foi encontrado em um canteiro de obras da transposição das águas do rio São Francisco, em Custódia (que fica a 350 km de Recife).

Os vestígios, que podem ter 9.000 anos, foram achados em uma região de caatinga conhecida por Lage das Onças, no lote 10 da obra, a 40 km da cidade.
A descoberta surpreendeu especialistas também por sua conexão com outra região brasileira, a Paraíba, onde há pegadas de dinossauros. A área em Pernambuco abriga ainda ruínas de um engenho e até cartuchos de fuzil que podem ter ligação com o cangaço.
As gravuras, talhadas em pedra, não se assemelham à forma humana ou animal. Segundo os arqueólogos, os desenhos são de "grafismos puros", que nada representam da vida real.
Os fragmentos cerâmicos foram encontrados a aproximadamente cem metros de distância das gravuras, no exato local onde passará o canal do eixo leste da transposição.
A descoberta paralisou os trabalhos de terraplenagem numa área de aproximadamente 20 mil metros quadrados. Os tratores se afastaram e todo o trabalho precisou ser suspenso para que os arqueólogos pudessem resgatar as peças e iniciar o trabalho de avaliação do valor histórico do sítio e dos vestígios encontrados.
Segundo o Ministério da Integração Nacional, após o recolhimento dos fragmentos, a passagem das máquinas pelo local será retomada. Esse trabalho será monitorado pelos pesquisadores, para evitar que eventuais vestígios não recolhidos sejam destruídos é um trabalho de monitoramento que pode levar vários meses.
O sítio de gravuras rupestres não será afetado pela obra, dizem os arqueólogos. As pedras algumas com desenhos em forma de pequenos quadrados e com graduações cromáticas estão localizadas fora do eixo, no curso de um riacho não perene, sobre o paredão de uma pequena queda dágua que se forma em tempos de chuva.
Recomendada no Rima (Relatório de Impacto Ambiental) e patrocinada pelo ministério, a prospecção arqueológica abrange os dois eixos da transposição, os canais leste e norte.
Na primeira fase da pesquisa, que está acontecendo paralelamente à obra, um grupo de arqueólogos ligados à Univasf (Universidade Federal do Vale do São Francisco) já notificou cerca de 80 possíveis achados históricos e pré-históricos.
Além dos fragmentos cerâmicos e das gravuras rupestres, eles encontraram objetos e estruturas que remontariam ao período de atividade dos cangaceiros, como as ruínas de um antigo engenho e cartuchos de fuzil datados de 1912 a 1915.
As descobertas foram mapeadas, fotografadas, catalogadas e, quando possível, recolhidas, num processo conhecido como "salvamento".
Em fevereiro, uma nova equipe de especialistas, do Instituto Nacional de Arqueologia, Paleontologia e Ambiente do Semiárido do Nordeste, assumirá o trabalho de prospecção de toda a área do sítio arqueológico. Os vestígios já encontrados serão estudados.
"É uma oportunidade única de pesquisarmos a mais importante rota do Brasil em paleontologia", disse a coordenadora do instituto, a arqueóloga francesa Anne-Marie Pessis.
Segundo ela, a região tem conexão apresenta as mesma condição de clima e solo com o chamado vale dos dinossauros, localizado em Sousa, município paraibano conhecido por suas inúmeras trilhas de pegadas fossilizadas de animais pré-históricos.
(Fonte: Folha Online) Leia mais em: Um achado arqueológico nas obras do São Francisco


O lugar é pouco conhecido dos brasileiros. O vale no meio do sertão tem uma das maiores incidências de pegadas de dinossauros. A região tem registros de rastros de mais de 80 espécies diferentes.

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

MMA e MI preparam o I Encontro Nacional de Enfrentamento da Desertificação



O Ministério da Integração Nacional (MI) e o Ministério do Meio Ambiente (MMA) realizam, com a participação e execução do IICA e GTZ, o I Encontro Nacional de Enfrentamento da Desertificação (I ENED), que será realizado entre os dias 3 e 5 de março, em Juazeiro, Bahia, e Petrolina, Pernambuco. O I ENED tem como objetivo central se transformar em um marco no enfrentamento da desertificação no Brasil com o firmamento do Pacto pelo Desenvolvimento do Semi-árido.
Para viabilizar tal iniciativa, foram realizadas reuniões regionais preparatórias no período de 4 a 11 de dezembro, em Recife (PE), Natal (RN) e Salvador (BA),com a participação de todos os estados que apresentam áreas suscetíveis à Desertificação. Nestas reuniões discutiu-se a metodologia de elaboração dos Programas estaduais de combate à desertificação (PAEs).
A fase preparatória culminará com a reunião de Campina Grande, Paraíba, nos dias 3 a 6 de fevereiro de 2010 e contará com a participação de especialistas e representantes dos governos federal e estaduais, da comunidade científica e da sociedade civil.
As ações de enfrentamento do processo da desertificação no âmbito do MMA e do MI contam com a parceria da Cooperação Alemã (GTZ) e dos projetos de Cooperação Técnica firmados entre estes Ministérios e o IICA.

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Resposta da SECTMA ao Comitê da Caatinga.


Clique na Carta acima

O Comitê Estadual da Reserva da Biosfera da Caatinga - CERBCAA/PE recebeu na última terça -feira  (19) correspondência do Secretário Executivo de Meio Ambiente de Pernambuco referente a carta nº 01/10 enviada pelo CERBCAA-PE. O Dr. Hélvio Polito diz em sua carta que os recursos de compensação ambiental são administrados pela CPRH, e que as áreas indicadas para  criação de Unidades de Conservação serão incorporadas às agendas de trabalho da SECTMA - Secretaria de Ciência, Tecnologia e Meio Ambiente e que fica aguardando pronunciamento oficial das Prefeituras Municipais de São Caetano e Serra Talhada referente ao interesse e indicação das áreas para criação das UCs indicadas pelo Comitê da Caatinga. Com relação a correspondência recebida, o CERBCAA/PE sentiu falta de um posicionamento da SECTMA sobre o ICMS Socioambiental.
Quanto a criação de Unidades de Conservação entramos em contato com as Prefeituras citadas, sendo que a do município de São Caetano já nos enviou oficio confirmando interesse e apoio na criação da UC da Pedra do Cachorro. Aguardamos ainda o pronunciamento oficial da Prefeitura de Serra Talhada.
Concluindo, agendamos com o Dr. Hélio Gurgel,  Diretor Presidente da CPRH - Agência Estadual de Meio Ambiente uma audiência para a próxima quinta-feira (28) quando naquela oportunidade esperamos entregar-lhe as manifestações de interesse pela criação de UCs das prefeituras mencionadas e discutirmos a aplicação de recursos de compensação ambiental na criação das mesmas.


sábado, 23 de janeiro de 2010

12 hectares áridos a cada minuto


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O alarido em torno do "fracasso de Copenhague", na reunião da Convenção do Clima, impediu que a comunicação desse destaque a algumas discussões ali ocorridas, entre elas as que se referiam ao tema da desertificação e suas relações com mudanças climáticas (uma das causas centrais da desertificação progressiva no mundo, onde esse processo avança à razão de mais de 60 mil km2 por ano, 12 hectares por minuto). É pena.
Ainda na nona reunião da Convenção da ONU sobre Luta contra a Desertificação, realizada em Buenos Aires, no final de setembro e começo de outubro, ficou claro que a situação continua a agravar-se. Só para focar mais perto de casa, foi dito ali que a América Latina e o Caribe já têm 25% de terras áridas, semiáridas e subúmidas secas. E destas, 75% com sérios problemas de degradação por causa do clima e do mau uso. Argentina, México e Paraguai são os países com mais problemas. Mas o Brasil tem mais de 1 milhão de km2 envolvidos no processo, dos quais 180 mil no Semiárido nordestino e mineiro, em situação mais delicada. Ao todo são 1.482 municípios (15% do território nacional) e 32 milhões de pessoas.
Segundo a ONU, no mundo 2 bilhões de pessoas vivem em áreas com terras secas predominantes - 40% da superfície da Terra. Dessas, 325 milhões (40% da população total do continente) estão na África, onde o processo evolui mais rapidamente que em qualquer parte. Até 2025, diz a ONU, a seca pode atingir 70% do planeta. De 1990 para cá, cresceu 15% a área atingida. E quase nada se tem avançado no enfrentamento do problema, devido, além do clima, a desmatamento, mau uso e degradação do solo, urbanização em áreas antes férteis (em 40 anos um terço das terras de cultivo foi abandonado). E esse caminho é dos que mais contribuem para o crescimento do número de "migrantes ambientais", que já são 24 milhões hoje e poderão ser 200 milhões em 2050.
Entre nós a situação é mais grave nos 180 mil km2 e, nestes, em Irauçuba (CE), Seridó (PB), Gilbués (PI) e Cabrobó (PE). Na Paraíba, segundo estudo da Embrapa e da Unicamp, 66,6% das terras férteis foram comprometidas pelo processo de desertificação; no Ceará, 79,6%; no Piauí, 70,1%. Mas parte pode ser recuperada, com caminhos e métodos adequados. Só que dos R$ 49,4 milhões destinados a enfrentar o problema entre 2004 e 2009 apenas 20% foram utilizados (Congresso em Foco, 11/4/2009).
Mas há caminhos para enfrentar o problema, no mundo e aqui. Entre nós, felizmente, passou a prevalecer a visão de que é preciso trabalhar a questão não tentando "combater a seca", e sim adotando um programa de "convivência adequada" com o Semiárido e suas possibilidades. A propósito, o escritor Ariano Suassuna, que cria cabras em região árida, costuma dizer - e provavelmente por isso já foi citado aqui - que "enfrentar a seca criando um Departamento Nacional de Obras Contra as Secas, como fizemos, é como criar um departamento de combate à neve na Sibéria". Tarefa impossível.
No campo da água, propriamente, o caminho mais indicado para abastecer as populações que vivem em pequenas comunidades isoladas, onde não chegam nem chegarão adutoras com águas de transposição, é o das cisternas de placas, que recebem a água de chuva canalizada nos telhados e a depositam em reservatórios de paredes cobertas por placas que impedem a infiltração na terra. Por esse caminho, na estiagem, uma cisterna pode abastecer com 20 litros diários de água cada uma das pessoas na casa - "uma bênção", como disse ao autor destas linhas uma mulher no interior de Pernambuco, erguendo as mãos para o céu. Já se construíram mais de 200 mil cisternas de placas e é preciso chegar a 1 milhão - mas, infelizmente, o grosso dos recursos no Semiárido vai para o programa de transposição de águas do São Francisco, que não as atenderá, já que mais de metade da água transposta irá para programas de irrigação de produtos destinados à exportação e outra grande parte, para reforço do abastecimento de água das cidades que, em média, perdem mais de 40% da que sai das estações de tratamento.
Nas zonas rurais, o caminho está também em barragens subterrâneas e barragens encadeadas, que viabilizem cada vez mais programas como a cultura de caju, do umbu, da cera de carnaúba, de fibras e outras, além da apicultura, piscicultura (em reservatórios já existentes), caprinocultura e outras.
Em março, em Petrolina e Juazeiro, será realizado o Encontro Nacional de Enfrentamento da Desertificação, no qual se pretende construir um "pacto pelo desenvolvimento sustentável do Semiárido". Será uma boa oportunidade de avançar. Não apenas conceitualmente, mas acertando a destinação dos recursos imprescindíveis, que até aqui são quase ridículos. Abrindo para sua utilização caminhos corretos, que não sejam nem o das megaobras como a do São Francisco (muitas vezes comentadas aqui), nem os que acabam concentrando água para poucos beneficiários (como nos grandes açudes construídos durante décadas em propriedades privadas, sem beneficiar o grosso da população).
É preciso ressaltar, como tem feito a ONU, que a degradação da terra não é apenas consequência de mudanças climáticas, é causa também - como tem sido observado, principalmente, na África, onde a terra degradada é fonte geradora de emissões que intensificam o efeito estufa. A recuperação dessas terras ajuda a fixar carbono e até removê-lo da atmosfera. E nesse ponto entra em cena o problema do mercado mundial de carbono, em que os financiamentos continuam a escassear, ante a incerteza quanto do futuro do Protocolo de Kyoto e seu Mecanismo do Desenvolvimento Limpo, que destina recursos a esses caminhos.
Os novos conceitos permitem enfrentar dois problemas ao mesmo tempo, o do clima e o da pobreza - não esquecendo que hoje há mais de 1 bilhão de pessoas que passam fome todos os dias.
Washington Novaes é jornalista E-mail: wlrnovaes@uol.com.br
(Fonte: Envolverde)

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Personagens da Caatinga: Antonio Conselheiro e Canudos.



Este é um video didático elaborado pela "Fundação Joaquim Nabuco" e Pelo "Ministério da Cultura", com o apoio da "TV Cultura". É um dos episódios da Série "Brasil - 500 Anos" (disponível no site: www.dominiopublico.gov.br), falando sobre o Conflito armado entre sertanejos sem-terras e as forças da República (1893 a 1897). Os sertanejos esperavam a vinda do Reino do Rei Dom Sebastião: um reino onde todos seriam igual socialmente - de gloria e justiça para todos.

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Minc contra o desmatamento na Caatinga em Pernambuco. Operação fecha sete indústrias no Sertão do Araripe.


Operação na Caatinga fecha sete indústrias do
polo de gesso do Araripe, em PE
(Foto: Ascom/MMA)


Empresas fiscalizadas, no último dia 13, utilizavam madeiras nativas extraídas ilegalmente da caatinga para a produção de gesso na região do Araripe pernambucano. As multas poderão ultrapassar R$ 50 mil
Uma operação contra o desmatamento da caatinga fechou sete indústrias do polo de gesso de Araripe, no Sertão pernambucano, ontem pela manhã. Elas utilizavam madeiras nativas extraídas ilegalmente do bioma para a produção do gesso.
O ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, lacrou o maquinário da empresa Santa Cecília Gessos, no município de Trindade, uma das sete indústrias fechadas pela fiscalização, onde foram encontrados cerca de 35 metros cúbicos de madeira nativa, como visgueiro, catingueiro, marmeleiros. O dono da indústria, Ézio Pereira, tentou enganar os fiscais do Ibama, apresentando o documento de origem florestal (DOF) cadastrado depois da auditoria.
Ao informar no DOF o veículo usado para transportar a madeira, Pereira ainda colocou uma placa de carro modelo picape. Segundo fiscais do Ibama, a quantidade de madeira encontrada deveria ter sido transportada, no mínimo, por dois caminhões, o que demonstra mais um indício de fraude. Segundo o dono da Santa Cecília Gessos, houve uma troca da letra “B” pela letra “P” na hora de digitar a placa do veículo. As multas poderão ultrapassar R$ 50 mil.
“Quem desmata a caatinga terá que replantar uma a uma as matas nativas que destruiu e vai sentir o peso da lei. A caatinga não vai virar carvão”, ressaltou Carlos Minc.
O assessor especial do MMA, José Maurício Padrone, que coordenou a operação, disse que esta não é a primeira vez que essas indústrias de gesso do polo do Araripe são pegas pela fiscalização por crime ambiental. Em 2007, 56 empresas foram embargadas por usar madeiras sem ser de área de manejo florestal. Elas voltaram a atuar depois de assinarem um termo de ajuste de conduta (TAC) junto ao Ministério Público.
Carlos Minc reconheceu a importância econômica do polo do Araripe, responsável por 95% da produção nacional de gesso e lembrou que é preciso trabalhar com sustentabilidade. “O polo gesseiro é fundamental e a caatinga também. Então, queremos desenvolver atividades econômicas e impedir que elas destruam a caatinga”, destacou. Segundo Minc, 70% das empresas do polo gesseiro de Araripe funcionam legalmente, com madeira de Plano de Manejo.

MATÉRIA-PRIMA

A madeira é usada em fornos para derreter a gipsita, matéria-prima para a produção do gesso. O consumo anual de gesso teve um crescimento de 20% a 30%. Apesar do crescimento, o consumo brasileiro é muito inferior ao de outros países. Enquanto o Brasil consome 3 quilos de gesso por pessoa, a média europeia é de 80 quilos.
Na região do Araripe, existem 22 planos de manejo aprovados e 12 funcionando, para disponibilizar madeiras para as empresas. A promotora de meio ambiente de Petrolina, Ana Rúbia Torres, explicou que, além do crime ambiental, os responsáveis pelas empresas também poderão responder a processos civil e penal.
A operação foi realizada pelo Ministério do Meio Ambiente, Ibama, Polícias Civil e Militar Força Nacional e Ministério Público.
(Fonte: Jornal do Commercio - Ciência e Meio Ambiente - 14.01.2010)



Os proprietários das sete fábricas de gesso são suspeitos de utilizar nos fornos madeira extraída ilegalmente da caatinga. O objetivo era acabar com a exploração não-sustentável do meio ambiente. (Globo Rural TV).

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Comitê Estadual da Caatinga se reúne com o Secretário Executivo de Meio Ambiente do Estado de Pernambuco.




Na manhã da sexta feira dia 08 de janeiro, o secretário de executivo de Meio Ambiente do Estado de Pernambuco, Helvio Polito Lopes Filho, recebeu em seu gabinete na Secretaria de Ciência, Tecnologia e Meio Ambiente - SECTMA os membros do Comitê Estadual da  Reserva da Biosfera da Caatinga - CERBCAA/PE, Elcio Barros (Coordenador Geral), Guaraci Cardoso (Vice Coordenador) e Marcelo Teixeira (Secretário Executivo). O Secretário estava acompanhado das técnicas da SECTMA, Eliane e Andrea. A conversa girou em torno do pleito do CERBCAA/PE visando a criação de Unidade de Conservação - UC na caatinga no Estado de Pernambuco. A justificativa do Comitê é que o bioma caatinga abrange 86% do Estado de Pernambuco onde mais de três milhões de pernambucanos vivem neste bioma. No entanto, menos de 1% deste território está protegido por Unidades de Conservação integral. Nenhuma UC Estadual. Este é um dos fatores que faz com que a ação antrópica na caatinga seja insustentável ambientalmente. Por outro lado, grandes projetos econômicos estão sendo iniciados na região: a Transposição do Rio São Francisco, a Ferrovia Transnordestina, Novos projetos de Irrigação, entre outros. O Comitê acredita que diante da inevitável implantação destes projetos, os recursos das compensações ambientais originadas destes empreendimentos e outros recursos que a SECTMA possa captar para a criação de novas unidades de conservação, devem ser direcionados para a Caatinga pernambucana, com transparência e processo decisório condizente com os princípios da democracia participativa que nossa sociedade deseja. Dentro deste propósito o Comitê indicou áreas nos municípios de Serra Talhada e São Caetano para criação de Unidades de Conservação Estaduais: 1 – A área que nomeia a cidade de Serra Talhada; 2 – A Pedra do Cachorro, no município de São Caetano.
O Comitê explicou ao Secretário que no ano de 2009 discutiu a questão do ICMS SÓCIO-AMBIENTAL em reunião do CONSEMA realizada em maio na cidade de Bonito e em audiência pública realizada pela comissão de Meio Ambiente da Assembléia Legislativa de Pernambuco, propondo mudanças que aperfeiçoam este instrumento de política ambiental.
Por fim, foi apresentado o projeto denominado de “Valorização do Bioma Caatinga”, que pretende atingir todos os municípios pernambucanos incluídos neste bioma, levando ações de educação ambiental e concluindo suas ações em 28 de abril deste ano por ocasião da comemoração do Dia Nacional da Caatinga, na cidade de Serra Talhada com a instalação de 07 subcomitês do CERBCAA-PE.
O Secretário Helvio Polito gostou das idéias apresentadas, mas informou que estudará o assunto junto com os seus técnicos e brevemente dará respostas ao Comitê da Caatinga.

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Cultivo do umbu gigante garante renda para agricultores familiares



A cultura do  umbu vem se destacando como boa alternativa econômica para a
produção familiar do semiárido baiano. (Foto do Blog de Ivan Azevedo)

A cultura do umbu vem se destacando como boa alternativa econômica para a produção familiar do semiárido baiano. Para garantir o cultivo do fruto no período da seca, a Secretaria da Agricultura, Irrigação e Reforma Agrária (Seagri), através da Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola S.A (EBDA), tem investido em pesquisas e assistência técnica. Atualmente, estão sendo realizadas pesquisas nos municípios de Brumado, Dom Basílio e Livramento de Nossa Senhora, beneficiando dezenas de famílias. Técnicos da EBDA têm voltado à atenção para os umbus gigantes, que são de quatro a cinco vezes maiores que os frutos tradicionais, e possuem notável potencial para cultivo comercial.
O extrativismo de umbuzeiro é uma atividade importante na geração de renda para agricultores familiares de vários locais do semiárido, e esse tipo de umbu “gigante” cultivado favorece a implantação de uma fruticultura de sequeiro, que pode ser utilizada também para reflorestar o ambiente da caatinga, enriquecendo a vegetação com uma planta nativa capaz de reduzir os efeitos da degradação da região. Aliado a isto, a atividade apresenta um custo de produção baixíssimo, e todo o processo tecnológico de preparo das mudas de qualidade e o de manejo cultural da planta podem e devem ser executados pelos agricultores familiares, após serem capacitados.
Para o diretor de Agricultura, Hugo Pereira, a Empresa tem buscado criar formas de preservação e manutenção do umbuzeiro e principalmente da caatinga, o que vem refletir nas ações de produção e distribuição de mudas de umbu gigante aos agricultores familiares do semiárido. “Nossa meta é, até o final do período chuvoso, que se estende até meados de abril, distribuir mais de 4 mil mudas da fruta produzidas pela Embrapa Semiárido e EBDA, visando ao cultivo econômico” concluiu o diretor.
O umbuzeiro é uma planta nativa e altamente adaptada a condições climáticas não muito favoráveis, e produz um fruto exótico e competitivo no mercado frutícola. Essas plantas atingem peso entre 70 e 120 gramas, bem acima da média, e com bons níveis de brix (qualidade do sabor da fruta). A EBDA possui um banco genético dessas plantas, chamado de Germoplasma, que tem por objetivo preservar a espécie e multiplicar material genético de qualidade para produção de mudas.

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Araripe, a área mais degradada do bioma caatinga



A Mata branca está em brasa

Matriz energética e consenso não costumam andar juntos. O debate pode esquentar ainda mais quando se trata do polo gesseiro do Sertão do Araripe, onde indústria, ONGs e governo se colocam de um lado e acadêmicos, do outro. No centro da discussão está a lenha obtida no único bioma exclusivamente brasileiro, a caatinga.

O primeiro grupo advoga pelo manejo florestal que obedeça a regras rígidas e abasteça calcinadoras de gipsita. A outra turma alerta que não existe estudo, nem é eficiente derrubar-se a mata branca para fazer gesso.
O polo gesseiro fica no Araripe e está praticamente no coração da caatinga. É aquela região mais ao interior de Pernambuco, próxima do sul do Piauí e sul do Ceará. Não é mera coincidência estar lá a área mais degradada do bioma. A produção de gesso, que abastece 95% do que é consumido no país, é apontada como responsável pela abertura de clarões na mata.
A região concentra jazidas que exigem pouco para extração da gipsita. O minério branco só precisa passar pelos fornos das 139 calcinadoras para se transformar em gesso. Esse processo, que na maioria das vezes utiliza a vegetação da caatinga como combustível, é responsável por uma taxa de desmatamento alta.
Dados da Agência Estadual de Meio Ambiente de Pernambuco apontam que para a produção de 1,3 milhão de toneladas de gesso no Sertão do Araripe são necessários 1 milhão de metros cúbicos de lenha. A participação dos recursos florestais para produção desta energia chega a 93% (o restante vem da poda de cajueiros cearenses). A taxa é elevada mesmo para a região conhecida pela ausência de recursos hídricos e oferta de eletricidade limitada. Em todo semiárido, 40% da matriz energética vem da lenha, de acordo com o Ibama.
O ecologista Frans Pareyn, da entidade não-governamental Associação das Plantas do Nordeste (APN), e o analista ambiental Francisco Barreto Campello, do Ibama, garantem que o problema não é o uso do bioma – o desastre ambiental se dá pela falta de manejo.
O professor de ecologia e botânica José Alves Siqueira, da Universidade do Vale do São Francisco (Univasf) e diretor do Centro de Referência para Recuperação de Áreas Degradadas da Caatinga (Crad), discorda do manejo florestal do bioma. “Não existe base científica nestes modelos. Eles são especulativos”. Doutor em biologia vegetal, Siqueira afirma que a caatinga é mais delicada do que se supõe e que os planos de uso da mata como matriz energética não levam em consideração as espécies herbáceas e arbustivas, que são parte da riqueza da região.
A supervisora da área de manejo florestal do departamento de Ciência Florestal da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), Isabelle Meunier, argumenta que o manejo não está em questão. Se debate a oportunidade de se sustentar um polo industrial com a caatinga. “Não conheço nenhuma técnica capaz de atender uma demanda crescente sem oferecer produtividade crescente. Demanda crescente e produtividade decrescente geram colapso. Ecologista militante, Isabelle faz um adendo. “Falo como acadêmica, não como ambientalista”.
O mesmo raciocínio utiliza Aldemir Barboza, doutora em geografia e professora de meio ambiente da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Ela afirma que a lenha da caatinga, em especial no Araripe, não pode ser considerada um recurso renovável porque os índices de consumo superam a sua capacidade de recomposição. “Devem-se buscar alternativas sustentáveis para as atividades que demandam uma grande quantidade de energia”.
(Fonte: O ECO - Jornalista Celso Calheiros: Mata Branca está em brasa)

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Caatinga: Torres vão monitorar emissão de CO2 no Sertão Pernambucano




É na cidade de Araripina, numa das regiões onde há grande devastação da caatinga, e em Petrolina, numa das áreas mais preservadas do bioma, que serão instaladas as primeiras torres de monitoramento de emissão de gás carbônico no Nordeste. A previsão é de que os aparelhos estejam em funcionamento até o primeiro semestre de 2010. Os equipamentos vão permitir um monitoramento mais preciso para se conhecer o impacto do gás na região. As torres vão ser custeadas pela Financiadora de Estudos e Projetos (Finepe), por meio de um projeto conjunto de dez instituições, entra as quais o Laboratório de Metereologia de Pernambuco (Lamepe) e a Rede Brasileira de Pesquisas sobre Mudanças Climáticas (Rede-Clima), coordenada pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).

A torre de Araripina será importada. Já a de Petrolina, reformada. Isso porque já existia uma na cidade, que será preparada para fazer as mesmas avaliações da nova. Cada torre custa em média R$ 300 mil (equipamentos importados). O projeto todo está orçado em aproximadamente R$ 1,5 milhão. Atualmente, o único lugar do país onde existe um equipamento semelhante é na Amazônia.
Os dados obtidos com as torres de monitoramento em Araripina serão comparados com os resultados de Petrolina, onde a caatinga não é tão degradada. "Queremos também mostrar a importância da caatinga, que absorve gás carbônico, numa região que não é tão devastada, em relação a outra deteriorada", destacou o pesquisador do Inpe, Paulo Nobre, um dos coordenadores da Rede CLIMA.
A curiosidade sobre Araripina vem do aumento significativo da temperatura da cidade. As estações de avaliação do clima do Lamepe/Itep constataram que houve um aumento de quatro graus na média histórica do lugar. "Esse é um dado assustador, pois é uma elevação muito acima da média", ressaltou Paulo Nobre. As causas, os especialistas dizem que não sabem ainda.
"Vamos ter um diagnóstico preciso sobre a emissão de gás carbônico. Vai ser a primeira vez que teremos um parâmetro bem preciso sobre o bioma da caatinga", afirmou a coordenadora do Lamepe, Francis Lacerda. Os benefícios do monitoramento vão atingir não só Pernambuco. Com os dados obtidos através dessa avaliação será possível ainda saber os impactos da devastação em outros estados da região.
Outro benefício apontado pelo Lamepe é o fato de o estado virar referência nesse tipo de captação. "Pernambuco vai ocupar uma posição de vanguarda na área de mudança climática. O estado vai ficar na linha de frente e isso certamente nos trará muitos ganhos, a exemplo de investimentos nacionais e internacionais", ressaltou Francis Lacerda.
A compra das torres depende do impasse burocrático. A proposta já foi enviada pela coordenadoria do Lamepe para o departamento jurídico do órgão. Depois, será iniciado o processo de importação do aparelho, que dura em média três meses. "A nossa expectativa é que em março as torres cheguem por aqui", afirmou Francis Lacerda.

A Universidade Federal Rural de Pernambuco e o Comitê Estadual celebram o Dia Nacional da Caatinga

Marcelo, Suassuna, Rita, Ednilza e Márcio (CERBCAA/PE) João Suassuna (Fundaj) Márcia Vanusa (UFPE) Francis Lacerda (IPA) e Jo...