sábado, 28 de agosto de 2010

Personagens da Caatinga: ARIANO SUASSUNA.




Ariano Vilar Suassuna (João Pessoa, Paraíba, 16 de junho de 1927) é um dramaturgo, romancista e poeta brasileiro. É filho do ex-governandor João Suassuna (1924-1928). Ariano Suassuna é um dos mais importantes dramaturgos brasileiros, autor do célebre Auto da Compadecida, e um defensor militante da cultura brasileira.
Ariano Villar Suassuna nasceu no dia 16/06/1927 no Palácio da Redenção, na Paraíba(PB). Oitavo filho dos nove irmãos, seu pai, João Urbano Pessoa de Vasconcellos Suassuna, era governador da Paraíba. Sua mãe chamava-se Rita de Cássia Dantas Villar. Três anos depois, então deputado federal, o pai do autor é assassinado no centro da cidade do Rio de Janeiro (RJ). A fim de evitar inimigos, a família muda-se constantemente. Em 1933, mudam-se para Taperoá, no sertão dos Cariris Velhos da Paraíba. Encantado pelas paisagens e pela tradição do sertão nordestino, o jovem Ariano Suassuna começou a escrever por protesto contra a morte do pai
De 1934 a 1937, inicia seus estudos e entra para o internato do Colégio Americano Batista, no Recife. Após concluir o curso Clássico, começa o curso de Direito.
Em 1947, escreveu sua primeira peça teatral, "Uma mulher vestida de sol", e ganhou o prêmio Nicolau Carlos Magno. Continua escrevendo para teatro, sempre elogiado, até que, em 1955, escreve um de seus inúmeros sucessos, "Auto da Compadecida", texto baseado em três narrativas do Romanceiro nordestino.
Casa-se, em 1957, com Zélia de Andrade Lima, que lhe deu 6 filhos. Tem 13 netos.
(Participação de Ariano Suassuna no Jornal da Globo, em 12/06/2007).

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Comitê da Caatinga realiza sua XIX Reunião na CPRH.



O Comitê Estadual da Reserva da Biosfera da Caatinga (CERBCAA-PE) realizou na última quarta-feira(25.08), no auditório da CPRH - Agência Estadual de Meio Ambiente, em Recife (PE), sua XIX Reunião Ordinária. Participaram da reunião 25 (vinte e cinco) representantes da Codevasf, IPA, ICMbio, Sectma, CPRH, Ibama, Promata, UPE -Universidade de Pernambuco, e as Ogns GDMA (São Caetano), e APNE.
Os trabalhos foram abertos pelo Coordenador do CERBCAA/PE, Elcio Barros, que passou a palavra ao anfitrião do evento, Hélio Gurgel Cavalcanti, Diretor-Presidente da CPRH, que deu as boas vindas aos presentes e falou da importância de receber o Comitê Estadual da Caatinga naquela Agência.
Como tema central da pauta da reunião, a Coordenadora Regional (CR6) do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade, Mary Carla Marcon Neves, fez uma palestra sobre as "Ações do ICMbio", Para dar um foco mais específico à conservação na gestão ambiental federal, foi criado o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), o mais novo órgão ambiental do governo brasileiro, criado pela lei 11.516, de 28 de agosto de 2007. Com a atribuição de realizar a gestão de 304 Unidades de Conservação (atualmente), propor a criação de novas áreas protegidas e apoiar aproximadamente 500 Reservas Particulares do Patrimônio Natural (RPPN), a instituição ainda é responsável por definir e aplicar estratégias para recuperar o estado de conservação das espécies ameaçadas por meio dos Centros Especializados de Pesquisa e Conservação.
O ICMBio é uma autarquia vinculada ao Ministério do Meio Ambiente e integra o Sistema Nacional do Meio Ambiente (Sisnama). A missão da Coordenadoria Regional é disseminar informações, motivar, integrar e apoiar as Unidades de Conservação vinculadas, visando à melhoria da sua gestão. Carla Marcon falou também das Atividades em nível Regional visando as atribuições da Coordenadoria Regional com as seguintes ações: Promover a articulação e integração das Unidades descentralizadas no âmbito de sua área de abrangência; Apoiar o planejamento, a execução e o monitoramento de programas, projetos e ações técnicas de competência do Instituto no âmbito de sua jurisdição, (Visita às UC; elaboração do Diagnóstico das Ucs; Programa de controle de processos; subsídio legal,técnico e documental); Atuar como interlocutor entre as Unidades descentralizadas e a Sede do Instituto, quanto a divulgação de informações, diretrizes e resultados esperados e alcançados; Instância de representatividade política regional (Assento em todos os CMAE; Comitês da MA, Caatinga, B. Hidrográfica; Visitas IBAMA, MPF, OEMAs, ICMS e CC);
Articular as UDs para otimizar a execução orçamentária, (incentivo e estímulo, reunião sobre Compensação  p/ nivelamento de demandas e especificações para envio p/ execução); Instância julgadora de autos de infração, (Colegiado); Emitir autorização para licenciamento ambiental, conforme normas estabelecidas, (equipes por formação) e Atuar na melhoria da qualidade da gestão das Unidades descentralizadas do Instituto, obedecendo as diretrizes definidas no seu planejamento estratégico, (apoio de AA da CR nas atividades das UC; Sedes/Base apoio).
As Unidades de responsabilidade da CR6 são: 1) Floresta Nacional de Negreiros/PE – (Decreto de 11 de outubro /2007) - Localizada no Município de Serrita e Ibimirim/PE Possui 3.000 ha; 2) Reserva Biológica de Serra Negra – (Decreto 87.591 de 20 de setembro de 1982) Localizada no Município de Ibirimim/PE - Possui 1.100 há; 3) Parque Nacional do Catimbau/PE – (Decreto de 13 de dezembro de 2002) - Localizada nos Municípios de Ibimirim, Tupanatinga e Buíque/PE; Possui 62.300 ha;
5) Área de Proteção Ambiental Costa dos Corais/PE-AL – (Decreto de 23 de outubro de 1998) - Abrange os Municípios de São José da Coroa Grande, Barreiros, Tamandaré e Rio Formoso/PE - Possui 413.563 ha; 6) Reserva Extrativista Acaú-Goiana/PE-PB – (Decreto de 26 de setembro de 2007) - Abrange o Município de Goiana/PE - Possui 6.678,30 ha; 7) Parque Nacional de Fernando de Noronha/PE – (Decreto 94.780 de 14 de agosto de 1987) - Abrange o território de Fernando de Noronha/PE - Dispõe de 1.745.000,00 para implementação da Unidade, ainda não disponíveis;
O Coordenador do CERBCAA/PE falou da importância do Estado de Pernambuco implantar a primeira Unidade de Conservação na Caatinga, e que o relatório preliminar da CPRH já destacou as áreas da Serra Talhada, Floresta e Pedra do Cachorro. Falou também do Projeto de "Valorização do Bioma Caatinga" que será coordenado pelo Comitê Estadual em 17 cidades da região do Pajeú e onde será implantado o primeiro sub-comitê regional. Ao final da reunião, a atual coordenação foi eleita por unanimidade pelos membros presentes para o período 2010/2012: Elcio Alves de Barros e Silva/IPA (Coordenador Geral), Raimundo Guaraci Cardoso/GDMA (Vice-Coordenador) e Marcelo Luiz C.Teixeira/Codevasf (Secretário Executivo).
Agradecemos o apoio recebido da CPRH para a realização desta reunião, especialmente ao seu diretor presidente, Hélio Gurgel Cavalcanti e a Diretora de Recursos Florestais e Biodiversidade, Maria Vileide Lins.


Foto geral da XIX Reunião Ordinária - 25.08.2010








Caatinga monitorada.

Operação do Ibama, no Ceará, fiscaliza desmatamento e queimadas ilegais

Está em andamento, em todo o Nordeste, a Operação São José do Ibama, que prioritariamente atua no bioma Caatinga e tem como objetivo coibir desmatamentos e queimadas ilegais, fiscalizar planos de manejo e consumidores finais de lenha.
Até o momento, só no Ceará, já foram fiscalizados alvos nos municípios de Quixeramobim, Quixadá, Senador Pompeu e Mombaça. Ao todo os fiscais lavraram 11 autos de infração e aplicaram multas que já somam mais de R$ 205 mil.
Um dos problemas mais recorrentes encontrado pela equipe do Ibama é o comércio de Documento de Origem Florestal (DOF). Ele é uma espécie de guia, que informa o local de extração da madeira e todo seu percurso até o destino final, mas é frequentemente adulterado.
A Operação São José se concentra nos grandes consumidores de madeira (como as cerâmicas), no Pólo Gesseiro do Araripe, na secagem de grãos do agronegócio e nas carvoarias. Todos devem apresentar o DOF. Em geral toda a madeira nativa da Caatinga tem sido transformada em lenha, a maior matriz energética naquela região do País.

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Onça Pintada se torna símbolo da biodiversidade. Ameaça de extinção é grande na caatinga.


A ocupação humana, as queimadas e algumas atividades econômicas produziram
efeitos irreversíveis no  habitat da onça pintada.

Depois do mico-leão dourado, do panda, da baleia, chegou a vez da onça pintada. Maior felino das Américas e rainha das florestas brasileiras, a onça-pintada se tornou símbolo de campanhas pela preservação da biodiversidade. Ela consta como "vulnerável" na lista de animais ameaçados de extinção do Ministério do Meio Ambiente. Mas na Caatinga e na Mata Atlântica está à beira da extinção. No Pantanal, a onça é vítima de caçadores e da expansão das pastagens. Só na Amazônia a população é razoável, mas pouco estudada. Aliás, a onça-pintada, um animal naturalmente esquivo e misterioso, ainda tem muitos de seus hábitos desconhecidos. Sem medidas emergenciais, a espécie poderia desaparecer de todo o país - à exceção da Amazônia - nos próximos 100 anos.
O estado crítico da onça-pintada mobilizou o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), que lançará, ainda este ano, um livro com mais de 200 ações de socorro à espécie, entre medidas de curto e longo prazo. As propostas foram esboçadas desde o fim do ano passado, quando o animal foi tema de um workshop em Atibaia, em São Paulo. A cidade sedia o Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Mamíferos Carnívoros (Cenap), órgão do ICMBio responsável pelo estudo de grandes felinos brasileiros.
Salvar a onça-pintada custará R$ 12 milhões, entre o investimento em pesquisas, criação de novas unidades de conservação e educação ambiental. Outra medida cobrada pelo Cenap é o reconhecimento, em até três anos, do animal como símbolo da conservação da biodiversidade brasileira.
Até agora, porém, a espécie está em risco. Estima-se que restem menos de 13 mil onças-pintadas no país - a conta não inclui o Pantanal. Os pesquisadores são cautelosos ao analisar esta contagem, considerando as dificuldades em estudar um animal que percorre áreas tão grandes e embrenha-se na mata virgem da Amazônia. De certo se sabe mesmo que a onça, de predadora temida, tornou-se caça, perseguida por fazendeiros.
- As pesquisas mais recentes mostram que, no Pantanal e na Amazônia, a situação da espécie não é favorável como se imaginava - alerta Rogério Cunha de Paula, chefe-substituto do Cenap. - Sem esses biomas, portanto, a onça-pintada ocuparia um estágio ainda pior do que vulnerável. Se não agirmos, vamos seguir o caminho de Uruguai e Argentina, onde este animal já desapareceu.

Predador não é páreo para cidades e pastagens

Um dos maiores problemas da onça pintada é a falta de um lugar para chamar de seu. Mais da metade (54%) das áreas de habitat desses felinos não existe mais. O desmatamento pode fazer com que a espécie desapareça, em até cinco anos, de algumas regiões. Segundo os pesquisadores, uma maneira de garantir a sobrevivência das pequenas populações do animal, cada vez mais isoladas pela expansão de centros urbanos e outras atividades econômicas, seria interligar as unidades de conservação. O Cenap dedica-se há três anos à construção do Corredor da Onça, uma estrutura que cumpriria este papel na Caatinga.
- É um projeto que precisa ser negociado cuidadosamente, porque a proteção da onça-pintada não pode restringir o desenvolvimento da população humana que vive entre as unidades de conservação - pondera Rogério Cunha de Paula, do Cenap. - Precisamos do apoio de outros ministérios. Com o projeto, teremos garantida a conservação do felino em uma área de 133 mil de km², que abrange quatro parques nacionais, além de outro ainda em desenvolvimento.
O escudo para a onça seria mais do que bem-vindo. Das 17 unidades de conservação existentes na Caatinga, apenas três têm manejo apropriado para proteger espécies ameaçadas. Nas outras, portanto, o animal está em risco. A consequência imediata é a fragmentação das populações, o que a expõe ainda mais à caça. Na região de Bom Jesus da Lapa (BA), por exemplo, sobraram apenas três felinos.
(Fonte: O Globo. Renato Grandelle)


(onça pintada, o maior felino das Américas, é um dos animais sobreviventes encontrados na Serra da Capivara, sul do Piauí. Uma surpresa para os pesquisadores. No Nordeste, elas são tão raras que parecem lendas.

"Eu só acreditei depois que vi", conta o agricultor Arnoldo Ribeiro. Viu e acabou escapando por um triz. O encontro com a onça-pintada deixou marcas. Primeiro, ele viu o filhote dentro de um buraco no paredão. "Era um filhote de onça! Meu cunhado, que estava fora, disse que havia o rastro de um cachorro. Eu disse que não era de um cachorro porque ainda está o mau cheiro da urina dela. O filhote tinha mais ou menos três dias de nascido", lembra.
Equipe enfrenta a Caatinga em busca da onça pintada Enquanto Arnoldo admirava o filhote, mal sabia que também estava sendo observado pela mãe superprotetora. Ele levou um susto. "Eu escorreguei tentando correr e caí. Quando eu percebi, ela vinha com a boca aberta para pegar meu pescoço. Foi Deus que ajudou, porque eu caí e ela bateu nas minhas costas, me escorei com meu braço, o rosto no chão, caí só com o peso dela. Depois que ela me atacou, voltou para dentro da fenda. Ela só estava defendendo o filhote, que parecia um cabrito recém-nascido", lembra o agricultor.
"Nós sabemos que eles estão aqui. O desafio é chegar até o animal", diz o biólogo do Instituto Onça Pintada, Leandro Silveira). - Fonte: Globo Repórter.
Leia também: Sobreviveu a ataque de onça

terça-feira, 24 de agosto de 2010

PROPORÇÕES DEVASTADORAS: Semiárido sofre devastação de 0,4% da sua área ao ano.

O problema da devastação agrava-se porque as ações
humanas são pulverizadas na região. Irauçuba, localizado ao norte do Estado do Ceará, é um dos municípios citados pelo estudo do Ministério do Meio Ambiente como mais afetado pela desertificação no País. (Foto: Cid Barbosa).




Estudo do Ministério do Meio Ambiente (MMA) mostra que, anualmente, o Semiárido Brasileiro sofre uma devastação de 0,4% de sua área total. Levando-se em conta que 11% do território nacional é formado pela região semiárida, o percentual ganha proporções devastadoras, pelo fato de ser pulverizado, como salientou a analista da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Vanderlise Gingo Petrelli.
Em sua apresentação sobre "Tecnologias para o Desenvolvimento do Semiárido: o caso da Embrapa", na Segunda Conferência Internacional: Clima, Sustentabilidade e Desenvolvimento em Regiões Semiáridas (Icid+18), Vanderlise disse que um dos principais prejuízos para o desenvolvimento é a perda constante de carbono.
"Temos que saber quais são os reflexos que causamos no bioma Caatinga. Temos os fatores característicos, com baixos teores naturais, baixa capacidade de retenção de água e o aumento dos efeitos da entropia nesses ecossistemas", explicou. "É importante estabelecer um sistema de manejo, mantendo o aumento do estoque de carbono. Mas só iremos conseguir isso a partir do momento em que aumentarmos a variabilidade da flora. Temos que propor novos sistemas", afirmou.
Para Vanderlise, também é importante, é debate o desmatamento em outras regiões do País, não ficando limitado somente a um determinado espaço, porque as relações do ecossistema estão interligadas: "Deve-se pensar também numa redução do desmatamento na Amazônia, o que corresponde a 80%; e no Cerrado, com 40%". Disse, ainda, que é importante colocar em prática as metas estabelecidas pela NAMA 2020.
O analista e pesquisador da Embrapa, Iêdo Bezerra Sá, pensa da mesma forma. Ele acredita que a mudança só é possível se o combate à desertificação da Caatinga for realizado de forma intensa e responsável. "É importante que haja uma recuperação da mata ciliar e também uma efetivação da política das Áreas de Preservação Permanente (APPs), como as alternativas energéticas para o Semiárido e um trabalho de preservação das áreas degradadas", destacou.
Um estudo realizado por ele, com apoio da Embrapa Semiárido, empresa vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), revelou que na região semiárida já são mais de 20 milhões de hectares o tamanho da área atingida por processos de degradação em níveis que variam entre baixo, acentuado, moderado e severo. A maior parte dessa área, cerca de 62%, encontra-se na situação mais intensa de deterioração ambiental.
As áreas afetadas mais seriamente estão localizadas nos núcleos de Cabrobó (PE), Gilbués (PI), Irauçuba (CE) e Seridó (RN). Os objetivos gerais que se pretende alcançar com o estudo são a implantação e a minimização dos efeitos da seca em função da transferência de tecnologias de convivência com o Semiárido, além da construção de indicadores de sustentabilidade ambiental.
Atualmente, as áreas degradadas no mundo se estendem por cerca de 61,3 milhões de quilômetros quadrados - algo em torno de um terço da superfície da Terra. Conforme dados da Organização das Nações Unidas (ONU), este fenômeno coloca fora de produção cerca de 60.000 km de terras férteis a cada ano.
(Fonte: Diário do Nordeste)
Leia também: Devastação controlável

sábado, 21 de agosto de 2010

Personagens da Caatinga: MESTRE VITALINO.



Por Marcelo Teixeira (*)

Neste sábado, vamos falar  e conhecer um pouco da vida e arte de Vitalino Pereira da Silva nasceu no dia 10 de julho de 1909, no Sítio Campos, em Caruaru, Pernambuco. Morava no Alto do Moura, uma vila a cerca de seis quilômetros de distância de Caruaru. Filho de lavradores, iniciou-se com apenas 6 anos (1915) na arte do artesanato de barro. Como toda criança fazia bichinhos - boi, cavalo, bode - com as sobras do barro usadas por sua mãe que era louceira, designação dadas às mulheres que faziam utensílios domésticos de barro. Chamava a esta produção de loiça de brincadeira. Vitalino passou da loiça de brincadeira para as cerâmica figurativa com a peça Caçador de onça: um gato maracajá trepado numa árvore, acuado por um cachorro e o caçador fazendo pontaria, que foi vendida na Feira de Caruaru. Dono de um grande talento musical, aprendeu a tocar pífano (espécie de flauta sem claves e com 7 furos) e com apenas 15 anos montou sua própria banda, a Zabumba Vitalino. 
(Fonte: Fundação Joaquim Nabuco (Recife, Pernambuco - BR)

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Comitê da Caatinga realizará sua XIX Reunião Ordinária na CPRH no dia 25.08.2010 em Recife (PE).



O Comitê Estadual da Reserva da Biosfera da Caatinga - CERBCAA/PE, realizará sua XIX Reunião Ordinária no próximo dia 25 de agosto, no auditório da CPRH - Agência Estadual de Meio Ambiente, no horário de 08:30 às 12:30. Além da palestra da Dra. Carla Marcon Neves, Coordenadora do ICMbio - Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade , entre outros importantes itens, teremos a eleição da coordenação do CERBCAA/PE. Conforme pauta encaminhada em email anterior.

Agora conheça  a Pauta da citada Reunião e o Regimento Interno do Comitê:




REGIMENTO INTERNO DO COMITÊ ESTADUAL DA RESERVA DA BIOSFERA DA CAATINGA - CERBCAA/PE - aprovado em maio de 2009.

O Semiárido será mapeado.

Estudo da Embrapa vai definir geografia da desertificação em Pernambuco e
 nível de degradação em 122 municípios atingidos (Foto APNE).

FORTALEZA – Pela primeira vez, Pernambuco deverá ter um mapeamento completo da desertificação nas regiões semiáridas do Estado. O projeto pioneiro é da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) Semiárido, sediada em Petrolina, que está participando da 2ª Conferência Internacional sobre Clima, Sustentabilidade e Desenvolvimento em Regiões Semiáridas, que termina amanhã, na capital cearense. A ideia é montar, a partir de imagens atualizadas de satélite, uma fotografia detalhada da região, identificando os diferentes níveis de degradação do solo em toda a extensão dos 75 mil quilômetros quadrados do semiárido pernambucano.
O estudo, inédito no Brasil, vai definir a geografia da desertificação e o nível de degradação nos 122 municípios atingidos. O coordenador do projeto, o engenheiro florestal Iêdo Bezerra de Sá, explica que o detalhamento é importante porque os fatores que acentuam a degradação não são uniformes. “Em alguns lugares, o problema está mais associado à retirada da cobertura vegetal. Em outros, têm relação com a suscetibilidade dos solos, a situação do relevo ou a distribuição das chuvas. Vamos mostrar quais desses fatores estão influindo mais na degradação das terras em cada município”, explica.
Ele avalia, por exemplo, que o pólo que hoje causa mais problemas ambientais em Pernambuco é o gesseiro. “Esse estudo nunca foi feito com esse nível de detalhes. Ele já foi realizado em uma escala não operacional, que serve para detectar o problema, mas não oferece ferramentas para enfrentá-lo. Vamos fazer isso numa escala cartográfica de 1 para 100 mil, que consegue montar um retrato com nível alto de precisão, revelando todas as diferenciações do terreno.”
Uma das propostas é criar três diferentes índices: de degradação do solo, climático e socioeconômico. “Algumas dessas informações até já existem, mas não estão relacionadas. O objetivo é traçar um diagnóstico completo da desertificação em cada região do semiárido, sobrepondo e analisando todos esses indicadores”, afirma Iêdo Bezerra.
A pesquisa de campo e laboratorial tem prazo de dois anos para ser concluída. O levantamento vai tentar captar financiamento da Fundação de Amparo à Ciência e Tecnologia de Pernambuco (Facepe), por meio de edital público. O projeto será apresentado na próxima semana e, se for aprovado, a assinatura do contrato está prevista para dezembro. A pesquisa está orçada em R$ 120 mil e terá a participação de dez pessoas da Embrapa Semiárido, Embrapa Solo, Fundação Joaquim Nabuco e Universidade do Vale do São Francisco (Univasf).
Com base no diagnóstico detalhado, os pesquisadores pretendem propor intervenções específicas em cada região. “São várias as alternativas: fazer floresta energética, manejar a vegetação existente, plantar florestas que se possa colher, como se planta milho e feijão”, elencou Iêdo Bezerra. Hoje, a Embrapa vai se reunir com representantes do governo do Estado e pesquisadores pernambucanos que estão participando da conferência para apresentar o projeto.
O secretário estadual de Meio Ambiente, Hélvio Polito, presente ao evento, disse que o mapeamento das áreas desertificadas de Pernambuco é uma das ações previstas no Plano Estadual de Combate à Desertificação, aprovado no fim do ano passado.
(Fonte: Jornal do Commercio - Ciara Carvalho)


O semiárido nordestino é região de chuva escassa. Mas as mudanças no clima têm causado um desequilíbrio. Os cientistas de 100 países sabem que o local sofrerá mais com o aquecimento global.
(Crédito: Bom dia Brasil - TV Globo).
Leia também: Parte do Nordeste corre risco de virar deserto.

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

A verdadeira ameaça à agricultura brasileira.



Por José Alves de Siqueira Filho (*)

O que a tragédia ocorrida após o temporal no interior de Pernambuco e em Alagoas tem a ver com o a agricultura e a pecuária e com o novo Código Florestal Brasileiro, que está em vias de ser aprovado? O documento prevê a diminuição das exigências legais para a proteção de matas ciliares - localizadas nas beiras dos rios -, a sobreposição de reservas legais e de áreas de preservação permanente, a flexibilização dessas últimas, além de anistia geral aos infratores do passado. Esse conjunto de intervenções nos permite dizer que a agricultura e a pecuária serão seriamente prejudicadas e que as chances de enchentes semelhantes acontecerem novamente são reais. O que fazer para evitar episódios parecidos? Como o ciclo se repete? A ausência de matas ciliares, a ocupação desordenada dessas áreas e o histórico secular da produção da agroindústria da cana-de-açúcar nas margens dos rios que cortam os 67 municípios pernambucanos atingidos pelas chuvas são retrato da desastrosa política de uso e ocupação do solo. Hoje, no entanto, há conhecimento técnico e científico para reverter a situação. Coincidentemente, a destruição provocada pelo "tsunami continental", o primeiro do gênero na região, ocorreu em vários municípios alagoanos, assim como em Barreiros, Água Preta e Palmares (PE), além de cidades do Agreste de Pernambuco que até bem poucos dias atrás clamavam por chuva.
As consequências na Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) Cabanos, em Altinho (PE), ajuda a contar essa história de desconstrução e irracionalidade humana à luz dos interesses de grupos econômicos e políticos preocupados em ampliar seus negócios internacionais, especialmente a China, que resolveu comer carne de boi, gostou e quer mais. O caso de Cabanos é paradoxal e quase inverossímil. O poder de resiliência da vegetação retornar às condições originais de 100 anos atrás é praticamente nulo. Recentemente, fizemos o plantiode sementes e mudas nas margens do Rio Una que corta a propriedade que possui a RPPN. É uma pequena amostra da biodiversidade que um dia ocupou a região da Bacia do Una. O plantio foi um fracasso por conta da quantidade de gramíneas exóticas e invasoras que ocupam as margens do rio para alimentar o gado e, claro, por conta das chuvas que este ano atrasaram. Tentamos replantar com as ingazeiras, árvores de crescimento rápido e muito eficientes na contenção de erosões. Plantamos também sementes de forma adensada em várias linhas na margem, mas a erosão da beira do rio forma barrancos impedindo a fixação das pequenas plantas.
O rio também está repleto de barragens que abastecem as propriedades sem uma política de uso e gestão das águas do Una. Agora, o custo da restauração será ainda maior exigindo conhecimentos da bioengenharia. A omissão do poder público, especialmente do Incra, que legalizou várias desapropriações de terras nas vazantes e leitos de rios; do Ibama, que não fiscaliza e, quando multa, ninguém paga, pois sempre cabem recursos judiciais; do Ministério Público, o órgão mais independente de todos, mas que carece de sensibilidade e clareza em suas linhas de prioridades sobre as grandes questões ambientais; das prefeituras municipais, que se restringem a pagar apenas a folha salarial, acéfalas de programas governamentais de médio e longo prazo; da escola pública, que não educa as crianças. Para muitos, o rio é o esgoto onde deve ser colocado o lixo. Não é à toa que em Palmares, Catende, Jaqueira e Maraial, as casas ficam de costas para o Rio Una, onde se vê apenas canos de esgotos das casas. Os ribeirinhos reconstroem suas casas recuperando aberrações hidráulicas em direção ao rio, as usinas plantam cana-de-açúcar e os pecuaristas capim para o gado. Parece que nada aconteceu e tudo é desígnio de Deus. Ao invés de diminuir a exigência de matas ciliares, o governo precisa implementar um programa para o pagamento de serviços ambientais às propriedades que protegem suas nascentes e matas ciliares. É necessário estimular o plantio imediato e a ampliação da rede de proteção para o dobro do exigido pela legislação atual. No caso das matas ciliares diminuídas ou eliminadas, rios simplesmente secam ou se tornam temporários. Outra parte deles morre servindo apenas de canal para as enxurradas cada vez mais frequentes, como as sugeridas pelos especialistas em aquecimento global. Na Mata Sul, desprovida de cobertura florestal, conjuntos habitacionais populares são instalados de forma irresponsável. O problema só muda de lugar: das encostas do morro para a beira do rio.
O momento é oportuno para o governo desapropriar as casas e readequar a urbanização das cidades. O rio já fez a sua parte. Limpou tudo e de graça. Quanto ao código, os sérios equívocos nele propostos irão cobrar suas contas no futuro. Nunca conseguimos executar, à guisa da razão, o antigo. Com o atual, basta deixar como está. Por isso suas implicações serão ainda mais drásticas, provocando enormes prejuízos à agricultura brasileira.
(Fonte: UNIVASF)

(*) Professor da Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf)

jose.siqueira@univasf.edu.br

terça-feira, 17 de agosto de 2010

Governo pretende criar fundo da caatinga ainda neste ano.

Ministério do Meio Ambiente avalia transferir recursos que seriam destinados
a mudanças climáticas para esse novo projeto

FORTALEZA – Até o final do ano, o Ministério do Meio Ambiente vai definir como irá funcionar o Fundo Caatinga, que financiará ações de sustentabilidade nas regiões semiáridas do Brasil. O secretário-executivo do Ministério do Meio Ambiente, José Machado, afirmou, ontem, durante a 2ª Conferência Internacional sobre Clima, Sustentabilidade e Desenvolvimento em Regiões Áridas e Semiáridas, a Icid 2010, que está sendo decidido se o fundo será criado por decreto presidencial ou por meio de projeto de lei.
“Até dezembro teremos uma proposta concreta. A minuta já está pronta, mas ainda não definimos qual será a fonte de financiamento. É possível que utilizemos recursos da exploração de petróleo”, afirmou José Machado.
O coordenador do Plano de Ação Nacional de Combate à Desertificação, Marcos Fabbro, explicou que a expectativa do Ministério do Meio Ambiente é que, em 2011, o fundo movimente algo em torno de R$ 150 milhões. “Mais importante do que o valor dos recursos, é definir como eles serão gastos. Temos que dar eficiência às verbas destinadas às ações no Semiárido”, defendeu Marcos Fabbro.

PROGRAMAS

Segundo o coordenador do Plano de Ação Nacional de Combate à Desertificação, dos 11 Estados brasileiros atingidos pela desertificação, apenas Pernambuco, Ceará e Rio Grande do Norte já possuem programas estaduais de combate à desertificação. Ele acredita que, até o final do ano, os demais Estados também já terão concluídas as suas políticas para enfrentar o problema.
“Um dos maiores benefícios do Fundo da Caatinga será justamente o de impulsionar a criação dos programas estaduais e organizar a gestão dos recursos públicos. Temos que pactuar as ações para criar uma rede eficiente de investimentos. É isso que garantirá o desenvolvimento sustentável nas regiões secas do País”, afirmou Marcos Fabbro.

POTENCIAL BILIONÁRIO


Embora exista escassez de água, o clima da caatinga é bastante favorável à plantação de frutas e flores, quando irrigada, observa Robson Oliveira, coordenador do Conselho Euro-Brasileiro de Desenvolvimento Sustentável (Eubra). A temperatura tem uma grande estabilidade ao longo do ano, explica.
Com uma boa gestão de recursos hídricos, diz Oliveira, os nordestinos poderiam ver sua produção anual saltar de cerca de R$ 200 por hectare para até cerca de R$ 100 mil por hectare, nível de retorno de algumas regiões de produção agrícola intensiva na Europa. “Se tornássemos apenas 25% do terreno do semiárido irrigável e desenvolvêssemos produtos agregados, como vinhos e doces, poderíamos elevar o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro em três vezes.”
Segundo Oliveira, que, pelo Eubra, também atua na composição do Fundo Caatinga, a ideia por trás do projeto é fomentar principalmente pequenas iniciativas de melhora das condições de plantio do agricultor, como uso de energia solar e dessalinização de água. “Com uma mínima segurança alimentar, abre-se espaço para o desenvolvimento econômico”, diz.
Ele cita exemplos de regiões do semiárido que conseguiram se desenvolver bem com acesso a irrigação, como o pólo produtor de frutas e vinhos em Petrolina (PE) e Juazeiro (CE) e o parque de floricultura no Ceará, que virou Estado exportador de flores.
(Fontes: Jornal do Commercio e IG - Economia)

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Conferência mundial em Fortaleza. O mundo de olho no semiárido.


Encontro, começa hoje, em Fortaleza (CE), e vai discutir soluções sustentáveis para as regiões secas, que reúnem um terço da população do planeta. Elcio Barros, coordenador do Comitê Estadual da Caatinga/PE, participa do evento. A Caatinga já perdeu sua vegetação em quase 50% de sua área total. Foram 16.576 km² destruídos. Cerca de 2,7 mil km² por ano. Ela só tem 7% do seu território em áreas protegidas.


No País, eles somam 22 milhões de brasileiros. No mundo, a conta sobe para dois bilhões de pessoas. Um terço da população do planeta vive em terras semiáridas, boa parte delas ameaçadas de desertificação. É também sobre essa região que o aquecimento global e as mudanças climáticas provocarão maiores estragos. Um dado ainda mais preocupante, considerando que os efeitos recairão justamente sobre a população mais pobre do planeta. De amanhã até sexta-feira, especialistas do mundo inteiro estarão reunidos em Fortaleza para discutir os desafios impostos a esse pedaço de terra e aos seus moradores.
A 2ª Conferência Internacional sobre Clima, Sustentabilidade e Desenvolvimento Sustentável em Regiões Semiáridas terá representantes de mais de 90 países da África, Europa, Ásia e América Latina. A Icid 2010, como está sendo chamada a conferência, vai gerar, consolidar e sintetizar dados e estudos sobre mudanças climáticas, além de identificar ações voltadas ao desenvolvimento seguro e sustentável nas regiões semiáridas. Mais do que discutir problemas e traçar diagnósticos, a reunião servirá para propor soluções e alternativas que ajudem a minimizar os impactos das alterações climáticas, sobretudo nas áreas desertificadas.
Nesse sentido, a troca de experiências é uma das maiores apostas do encontro. A prova disso é que um dos continentes com maior número de participantes é a África, uma das regiões mais atingidas pelo fenômeno da desertificação. Dos cerca de 500 estrangeiros que participarão da conferência, 100 são representantes do continente africano. “O olhar é direcionado para a busca de soluções e a cooperação técnica. Queremos trocar as experiências que estão dando certo, exportá-las para outras regiões do planeta. As áreas semiáridas abrigam uma população muito maior do que a sua capacidade. O desafio é garantir um desenvolvimento sustentável para essa região”, explica o coordenador-executivo da conferência, Antônio Rocha Magalhães.
A 2ª Icid acontece 18 anos após a realização da primeira conferência, ocorrida em 1992, também em Fortaleza, cujos resultados foram preparatórios para a Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e Desenvolvimento, a Rio-92. Antônio Rocha ressalta que o primeiro encontro teve um grande impacto, tanto no âmbito nacional quanto no internacional.
“Os trabalhos exibidos durante a primeira Icid foram levados para a Rio-92, assim como a declaração de Fortaleza, com recomendações de políticas públicas para as regiões áridas e semiáridas. Muitos participantes do evento, oriundos da África e da Ásia, chegaram à Rio-92 como negociadores”, observa o coordenador. A primeira edição da Icid também serviu como fator decisivo para a criação da Convenção das Nações Unidas de Combate à Desertificação (UNCCD).

AGENDA

Dessa vez, o encontro internacional está de olho na Conferência de Cúpula das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, que será realizada em 2012, no Rio de Janeiro, a Rio+20. A pesquisadora da Fundação Joaquim Nabuco Edneida Cavalcante, que coordena uma das mesas temáticas da reunião, diz que, ao final da conferência, será produzida uma agenda propositiva com o objetivo de influir nas decisões que serão tomadas na Rio+20.
Ela avalia que nos 18 anos de intervalo entre as duas conferências houve um agravamento da degradação das áreas semiáridas. “Ainda estamos destruindo mais do que recuperando”, lamenta. Mas a pesquisadora faz uma avaliação positiva sobre o nível de organização da sociedade, que passou a contribuir mais com a formulação de políticas públicas na área. “Houve um avanço imenso em relação às experiências testadas e aprovadas nesse período. Temos hoje vários modelos de convivência com o Semiárido que podem e devem ser reproduzidos nas regiões secas de vários países”, afirma.
No Brasil, 1.482 municípios do Semiárido são afetados diretamente pelo problema, segundo dados do Programa Nacional de Combate à Desertificação e Mitigação dos Efeitos da Seca. Estudos indicam ainda que quase 20% do Semiárido brasileiro será atingido de forma grave, tendo reflexos ambientais e socioeconômicos, como deterioração do solo e comprometimento da produção de alimentos, extinção de espécies nativas e degradação dos recursos hídricos.
(Fonte: Jornal do Commercio - Por Ciara Carvalho)

Leia também a Programação completa da  ICID 2010 e Semiárido na atenção de autoridades internacionais




sábado, 14 de agosto de 2010

Personagens da Caatinga: ZABÉ DA LOCA.



Por Marcelo Teixeira (*)

A conservação da caatinga também representa a preservação de nosso patrimônio imaterial, nossas tradições, nossos valores, nossa música, nossa literatura. Sem a caatinga, a cultura produzida pelo sertão perde sentido. Todos os sábados, o Blog da Caatinga estará divulgando um pouco da riquíssima cultura do nosso Bioma, são cantadores, poetas, cineastas, cordelistas e muito mais.

ZABÉ DA LOCA, a pernambucana Isabel Marques da Silva é uma venerável senhora de 85 anos. Ela nasceu em Buíque, na Região Agreste mas só agora se tornou conhecida dos brasileiros. Dona Isabel atende pelo nome de Zabé da Loca e toca pífano como ninguém. Zabé da loca ganhou esse nome por ter morado 25 anos dentro de uma gruta ( loca ), formada por duas paredes de taipa, no Sítio Tungão, a 19km de Monteiro, na Paraíba. Sempre acompanhada de seu pífano, Zabé que desperta atenção pela propriedade com que executa o instrumento, é também reconhecida como a “ Rainha do Pife” – forma como os sertanejos chamam o pífano. Em 2003, conseguiu o reconhecimento com a gravação do CD “Canto do semi-árido”, em que toca composições próprias além de uma versão de “ Asa Branca ”, de Luiz Gonzaga. Dona Zabé já não mora mais na loca.
Assistam a este vídeo do vaquejadanoar, divulgado no YouTube em 05/09/2008 e conheçam este caldeirão cultural que alimenta nossa alma de alegria e amor por este nosso povo rico de ritmos e das humildes grandeza de espírito evoluído.

(*) Editor do Blog da Caatinga

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Mudou o jornalismo,não o Semi-Árido.


Washington Novaes - O Estado de S.Paulo


A primeira manchete de jornal escrita pelo autor destas linhas na então Folha da Manhã, nos idos de 1958, dizia: Assume proporções de catástrofe na Paraíba a seca que assola todo o Nordeste. Mudou o estilo, passou-se mais de meio século, não mudou a realidade. Na próxima segunda-feira, em Fortaleza, a Organização das Nações Unidas lançará a Década da ONU sobre Desertos e de Combate à Desertificação, com o propósito de enfrentar o drama em mais de cem países e lançar um alerta sobre as "dimensões alarmantes" da questão
De fato, segundo a ONU, um terço da superfície do planeta, onde vivem 2,6 bilhões de pessoas, enfrenta o problema, em algum grau. Na região subsaariana, por exemplo, a degradação nos vários países varia de 20% a 50% do território e atinge 200 milhões de pessoas. Na Ásia e na América Latina, são 357 milhões de hectares afetados, 2,7 bilhões de toneladas de solo perdidas a cada ano. No Brasil, mais de 1 milhão de quilômetros quadrados, do Nordeste a Minas Gerais e Espírito Santo, 15 milhões de pessoas já atingidas diretamente, perdas de US$ 5 bilhões por ano. Se a temperatura da Terra subir mais que 2 graus, alerta a ONU, pode pôr em risco um terço da economia.
Em artigo recente neste espaço (22/1), já foram analisados muitos ângulos da parte que cabe ao Brasil no drama, com áreas em torno de 1 milhão de quilômetros quadrados suscetíveis de desertificação (quase 100 mil km2 já em processo), 1.482 municípios, 15 milhões de pessoas. Algumas dessas áreas - Gilbués (PI), Irauçuba (CE), Cabrobó (PE) e Seridó (RN) - "já podem ser consideradas desertos", segundo o meteorologista Humberto Barbosa (Portal do Meio Ambiente, 9/8); "e, pior, estão se expandindo". A Bahia tem em áreas problemáticas 289 municípios, 86,8% do território do Estado, onde vivem 3,7 milhões de pessoas. E nem é só no Semi-Árido. Segundo o Ministério do Meio Ambiente, 40% das áreas suscetíveis estão no Cerrado (entre elas, o paradisíaco Jalapão) e na fronteira gaúcha, na região de Alegrete. Até a região das nascentes do Rio Araguaia está ameaçada, com mais de 20 voçorocas de quilômetros de extensão.
Segundo a Fundação Oswaldo Cruz e a Universidade Federal de Minas Gerais, 1% do Nordeste, pelo menos, está sob risco alto de desertificação, por causa de mudanças climáticas. Já o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e o Laboratório de Meteorologia de Pernambuco dizem que as temperaturas médias fora do litoral nordestino estão aumentando rapidamente, com estiagens mais longas, chuvas mais intensas e mais rápidas, ar mais seco. Em Vitória de Santo Antão, por exemplo, em 40 anos a média das máximas subiu 3,5 graus (para 35°), enquanto a média mundial aumentava 0,4 grau. Por isso tudo, o Ministério do Meio Ambiente e o Inpe assinaram esta semana acordo para a elaboração do Sistema de Alerta Precoce de Secas e Desertificação, que pode antecipar situações problemáticas e providências cabíveis, partindo de dados meteorológicos e imagens de satélites. O diretor do Inpe, Gilberto Câmara, afirmou na ocasião que "o mundo vive uma tragédia anunciada". Na seca, 60% das chuvas na região caem em um mês; 30% em um dia.
A Caatinga já perdeu a vegetação em quase 50% de sua área total. Entre 2002 e 2008 foram 16.576 quilômetros quadrados, mais de 2,7 mil por ano. E só tem 7% do território em áreas protegidas, das quais apenas 2% com proteção integral. Por isso, muito terá de ser feito para tentar reverter o quadro. Influir no modelo energético, por exemplo, já que a lenha ainda responde por 40% da energia, somados o consumo no polo gesseiro de Araripe (1 milhão de metros cúbicos anuais de lenha, para fabricar 1,3 milhão de toneladas de produtos) e o consumo nas residências. Além do desmatamento, contribuem para a desertificação as queimadas, o "extrativismo desenfreado", o uso intensivo do solo.
Até aqui, muitas das propostas de "solução" se têm mostrado ineficazes ou até contraproducentes, embora mobilizando recursos públicos consideráveis. Nos açudes nordestinos, por exemplo, acumulam-se 37 bilhões de metros cúbicos de água, equivalentes a um terço do que o Rio São Francisco despeja no mar por ano - e com alto nível de evaporação. Mas não há uma rede de distribuição. Perímetros irrigados são outro exemplo de ineficácia. Segundo o Instituto Nacional do Semi-Árido, só 2% das terras, ali, podem receber sistemas de irrigação. Ainda assim, mais de metade da água transposta do Rio São Francisco se destina a projetos de irrigação (embora o próprio Ibama, que licenciou a obra, tenha advertido que a maior parte da água irá para terras já em processo de erosão ou desertificação).
Como já se escreveu aqui tantas vezes, o pensamento moderno e realista sugere que se mudem as estratégias, que se parta para a "convivência com o Semi-Árido", em lugar de tentar modificá-lo, tarefa impossível. Que se adotem soluções como as mais de 300 mil cisternas de placa já instaladas pela Articulação do Semi-Árido e outras instituições, que recolhem água da chuva e abastecem as famílias durante a estiagem. Como as mais de 4 mil cisternas de produção, como as barragens subterrâneas. A Embrapa sugere ênfase na pecuária leiteira, na vinicultura, na oleicultura, na fruticultura irrigada.
É preciso ter urgência. Este ano, a estiagem já levou à perda de 70% da safra em Picos (PI). Entre janeiro e maio, as chuvas no Ceará estiveram 53% abaixo da média. A "seca" verde atingiu 63 municípios cearenses.
O Ministério do Meio Ambiente espera ver criado por decreto federal o Fundo da Caatinga, a ser administrado pelo Banco do Nordeste. O Senado aprovou a inclusão da Caatinga (e do Cerrado) entre os patrimônios nacionais definidos pelo artigo 225, parágrafo 4.º, da Constituição. Ainda falta a aprovação da Câmara dos Deputados para a proposta, que tramita há mais de 20 anos. É preciso correr.

(Fonte: ESTADÃO - E-MAIL: wlrnovaes@uol.com.br )

Fazenda na Caatinga preserva rochas e cavernas da pré-história.


Pelo caminho, são mais de 600 espécies de plantas que revelam a riqueza da vida no lugar.
Na fazenda, há pelo menos cinco trilhas. Lá, há pinturas e gravuras de mais de oito mil anos.

O principal roteiro turístico de Sergipe fica no sertão, em plena caatinga e às margens do Rio São Francisco. Uma bela opção para quem quer dar uma esticadinha até o Nordeste do Brasil.
A área de 700 hectares em pleno sertão era para ser mais uma fazenda de gado. Seu Augusto é um apaixonado pela caatinga. Quando comprou a propriedade, há 30 anos, resolveu mudar de idéia: “Observei que a caatinga tinha muito mais para me oferecer que a pastagem. Tentei preservar”, conta.
Pelo caminho, são mais de 600 espécies de plantas que revelam a riqueza da vida no lugar. Na fazenda, há pelo menos cinco trilhas. Por elas, é possível encontrar mais uma riqueza bem guardada por ali: rochas que serviram de tela para o homem da pré-história. São pinturas e gravuras de mais de oito mil anos.
Pesquisadores identificaram ali nove sítios arqueológicos. Rochas e cavernas se espalham pela fazenda, que ainda reserva, no final das trilhas, o espetáculo do Rio São Francisco. É um convite ao mergulho e à contemplação.
De um lado e do outro do rio, caatinga e paredões gigantes, alguns com mais de 70 metros, como o Morro dos Macacos e a Pedra do Gavião. O lugar recebe por ano mais de 100 mil visitantes.
(Fonte: Jornal Floripa)

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

INPE vai monitorar desertificação no Semiárido.

As mudanças climáticas vão aumentar a vulnerabilidade do processo de desertificação do Semiárido nordestino, disse  no último dia 9 o diretor do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), Gilberto Câmara. Ele não acredita que a transposição de águas do Rio São Francisco e os açudes conseguirão amenizar o problema da desertificação que tem origem no aquecimento global.

O diretor do Inpe falou durante assinatura de acordo de cooperação entre o instituto e o Ministério do Meio Ambiente, para criação de um sistema de alerta precoce de secas e desertificação no Semiárido nordestino. O sistema vai fazer previsões sobre o clima na região, apontar as probabilidades de uso da terra e prever as variações climáticas. Segundo Gilberto Câmara, o Semiárido é a região do país que merece mais atenção em relação às consequências do aquecimento global.

Sistema vai monitorar risco de desertificação no Semiárido

O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) vai elaborar o Sistema de Alerta Precoce de Secas e Desertificação no Semiárido brasileiro. O objetivo é desenhar cenários de vulnerabilidade resultantes do uso da terra, com ênfase na questão da desertificação, além de fazer previsões sobre mudanças climáticas.
Para viabilizar a implantação do sistema, o Inpe e o Ministério do Meio Ambiente assinaram ontem (9) em acordo de cooperação, durante a 2ª Reunião Ordinária da Comissão Nacional de Combate à Desertificação (CNCD).
No encontro, a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, defendeu a adoção de políticas públicas destinadas ao Semiárido para os próximos dez anos, a fim de amenizar os efeitos negativos das mudanças climáticas. Segundo a ministra, a Caatinga já perdeu 50% da cobertura original. “É necessário, pelo menos, tentar evitar que a situação se agrave ainda mais”, disse ela, ao destacar a necessidade de investimentos dos bancos públicos na área.
Na ocasião, foram empossados no CNDC 11 membros da sociedade civil, a maioria da Região Nordeste. Izabella Teixeira afirmou que o colegiado “precisa ter a mesma importância do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), dada a magnitude da sua destinação”.
Para a ministra, o CNDC deve buscar a adoção de medidas estruturantes, sem as quais não será possível obter resultados. “É preciso que a comissão aponte caminhos, com a convergência de objetivos e de ações.” Ela destacou, por exemplo, que a demanda por alimentos no país nas próximas décadas estará condicionada ao uso sustentável dos recursos naturais. “Sem água não haverá energia nem agricultura.”
Izabella Teixeira criticou a falta de engajamento dos prefeitos nas discussões sobre sustentabilidade do meio ambiente, “crucial num momento em que o tema desperta a atenção no Brasil e no mundo inteiro”. Ela lembrou que todas as previsões para os efeitos negativos do clima feitas há 30 anos se confirmaram.
Segundo a ministra, os prefeitos, “quando fazem suas marchas a Brasília, não trazem na sua agenda assuntos de interesse do meio ambiente”.
Izabella Teixeira disse que tratar do assunto de forma estratégica é fundamental, dada a importância para a produção de alimentos, a geração de energia e a redução de desastres naturais, como as enchentes ocorridas em Alagoas e Pernambuco em consequência de chuvas, que também tiveram exemplos drásticos em outros pontos do planeta, como no Paquistão.

(Reportagem de Lourenço Canuto, da Agência Brasil, publicada pelo EcoDebate, 10/08/2010)
Leia também: Impactos das Mudanças Climáticas no Sertão




terça-feira, 10 de agosto de 2010

CONSERVAÇÃO DA CAATINGA: Edital incentiva criação de Reservas Particulares.


Até o dia 16 de agosto, a Associação Caatinga recebe
projetos para criação de RPPNs no Ceará


A Caatinga, bioma exclusivamente brasileiro, é um dos que mais sofrem degradação no País. Originalmente, a Caatinga cobria aproximadamente 11% do território brasileiro. Nos dias atuais, o seu nível de degradação é bastante preocupante. Estudos recentes, divulgados pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA), apontam que pelo menos 45% de toda a Caatinga já foi destruída.
Mais alarmante ainda é que o Ceará tem participação significativa neste cenário. Foi pensando em frear esta degradação e garantir a proteção das áreas restantes, que a Aliança Caatinga, formada por instituições que têm o mesmo propósito, lançou, no dia 9 de julho, o 2º Edital do Programa de Incentivo à Conservação em Terras Privadas na Caatinga.
Para a coordenadora do Projeto Caatinga Preservada, da Associação Caatinga, Natasha Chaves Cavalcante, "esses editais são importantes por prestarem apoio a proprietários rurais que desejam criar em suas áreas Reservas Particulares do Patrimônio Natural (RPPNs). Como é um ato voluntário, eles são estímulos para os proprietários reservarem um espaço de suas áreas para os cuidados com o bioma da Caatinga".
Segundo o MMA, dos 20 municípios campeões de desmatamento da Caatinga nos últimos oito anos, sete estão no Ceará. Além do nível de alteração e desmatamento, se for considerado que somente cerca de 1% do bioma é protegido legalmente por unidades de conservação de proteção integral, a Caatinga assume a posição de bioma brasileiro menos protegido do País e, consequentemente, o mais ameaçado. Além disso, os poucos remanescentes das florestas da Caatinga estão localizadas em terras privadas.

Estratégia

Neste contexto, a proposta de criação e manutenção de Reservas Particulares do Patrimônio Natural (RPPN) é extremamente importante como estratégia para a conservação do bioma, a manutenção dos recursos hídricos e, também, a redução de emissões de gases do efeito estufa. Por outro lado, alguns números alegram os militantes ambientais e a sociedade: a conservação da paisagem em terras privadas na Caatinga, por meio RPPN, já corresponde a 10% das áreas especialmente protegidas nesse bioma.
Somente no Ceará já são 16 reservas privadas. A estimativa é que o edital possibilite a criação de mais dez novas RPPNs. "Nós também esperamos apoiar nove planos de manejo em RPPN já estabelecidas no Ceará, para aquelas já existentes. Isso tudo no bioma Caatinga", afirma Natasha.
No Ceará, o bioma Caatinga está praticamente em todos os municípios, exceto àqueles localizados na região litorânea e nas serras, que têm Mata Atlântica.
O 2º edital de apoio a projetos, lançado recentemente pela Aliança da Caatinga, faz parte do Projeto Caatinga Preservada: Segurança Hídrica e Emissão Evitada de Carbono no Semiárido, patrocinado pela MPX e coordenado pela Associação Caatinga. O edital apoiará diretamente proprietários rurais no Estado do Ceará que desejam criar RPPN, bem como proprietários que já possuem RPPN em suas áreas e que desejam fortalecer a proteção das áreas por meio da elaboração do plano de manejo e ações de manutenção da integridade da RPPN.
Trata-se de esforço que parte de ato voluntário do proprietário rural em promover a conservação em sua propriedade e, assim, contribuir para preservação de florestas e ambientes naturais do bioma Caatinga, como forma de garantir a manutenção dos sistemas hídricos que contribuem para abastecimento e a segurança alimentar das comunidades do sertão nordestino. Os projetos para apoio a criação e gestão de RPPN no Ceará deverão ser enviados diretamente para a Associação Caatinga até o dia 16 de agosto. O edital, anexos e documentos necessários estão disponíveis no site da instituição.



Voluntariado

"Como é um ato voluntário, os editais estimulam os proprietários a cuidarem do bioma da Caatinga"

Natasha Chaves Cavalcante

Coord. do Projeto Caatinga Preservada


MAIS INFORMAÇÕES

Associação Caatinga

Rua Cláudio Manuel Dias Leite, 50

Cocó - Fortaleza/ (85) 3241.0759

www.acaatinga.org.br

Emanuelle Lobo

Especial para o Regional - (Fonte: Diário do Nordeste)

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Conferência Internacional: Conservação da Caatinga é tema de debate na ICID 2010.


Estação Ecológica Federal Raso da Catarina - Foto: MMA
Freiar o desmatamento e ampliar atividades sustentáveis são alternativas para conter a desertificação na região semiárida.


No Brasil, 95% das áreas suscetíveis à desertificação estão na Caatinga. Bioma exclusivamente brasileiro, a Caatinga já teve quase metade de sua cobertura vegetal desmatada. Por isso, combater o desmatamento e ampliar atividades sustentáveis são focos de ações para conter a desertificação na região.
A criação de áreas protegidas na Caatinga é uma das prioridades do Ministério do Meio Ambiente. Experiências mundiais de criação de unidades de conservação (UC) para o combate à desertificação serão debatidas durante a II Conferência Internacional sobre Clima, Sustentabilidade e Desenvolvimento em Regiões Áridas e Semiáridas (ICID 2010), de 16 a 20 de agosto, em Fortaleza (CE). O evento vai reunir representantes de mais de 100 países.
No dia 17, às 14h, o diretor de Áreas Protegidas do MMA, Fábio França, vai falar sobre o trabalho do governo brasileiro na criação de UCs na Caatinga. A Secretaria de Biodiversidade e Florestas do MMA, em parceria com o Instituto Chico Mendes e com a ONG TNC, definiu uma agenda de criação de unidades de conservação, que prevê 20 novas áreas.
Já foi criada uma UC e duas estão em processo de criação. O Monumento Nacional do Talhado do São Francisco (AL, BA, SE) foi criado em junho do ano passado. Ainda será criado o Parque Nacional do Boqueirão da Onça (BA) e ampliado o Parque Nacional das Confusões (PI).
Essas ações ampliam em 2% a área protegida da Caatinga. Segundo o Mapa de Unidades de Conservação e Terras Indígenas da Caatinga, produzido pelo MMA e a ONG TNC, lançado em 2008, a Caatinga tem 7% da sua área em unidades de conservação federais e estaduais e terras indígenas, sendo 1% área de proteção integral.
Ferramentas de adaptação às mudanças climáticas também serão apresentadas na mesa-redonda, assim como trabalhos desenvolvidos na Ásia e África e o panorama da desertificação nas Américas.
Uso sustentável - Responsável pelo Núcleo Bioma Caatinga, João Arthur Seyffarth vai coordenar painel sobre conservação e uso sustentável de espécies nativas, no dia 18, às 8h30. O manejo e conservação da Caatinga, conhecido por GEF Caatinga, desenvolve alternativas para o uso sustentável do bioma, tanto para atividades de manejo florestal madeireiro quanto para produção de alimentos.
Esses debates vão subsidiar a última mesa-redonda sobre o tema. No dia 20, às 14h, a secretária de Biodiversidade e Florestas do MMA, Maria Cecília Wey de Brito, participa da mesa-redonda sobre políticas públicas para a gestão da biodiversidade nas terras secas - ferramentas para o enfrentamento da desertificação e a adaptação e mitigação dos efeitos das mudanças climáticas.
A ICID envolve países da África, Ásia e América Latina, e cerca de dois mil participantes, com a meta de incluir de forma efetiva as questões relacionadas aos efeitos do aquecimento global em regiões áridas e semiáridas nas agendas de debates nacionais e internacionais.
por Ascom/MMA

sábado, 7 de agosto de 2010

Desmatamento: Ave rara é ameaçada de extinção.

O macho da espécie Soldadinho-do-Araripe é branco e tem penacho vermelho na cabeça.
A ponta da cauda e as rêmiges (usadas para vôo) são brancas e pretas. Foto Diário do Nordeste.
Soldadinho-do-Araripe depende de quatro árvores para sobreviver

Pesquisa recente reforça a necessidade de conservação do sopé da Chapada do Araripe, entre Pernambuco, Piauí e Ceará, onde vive uma espécie de ave rara e ameaçada de extinção. Quatro árvores do local são usadas pelo animal. Ao mesmo tempo que constrói seus ninhos nos galhos, o soldadinho-do-araripe se alimenta dos frutos da rosa-da-mata, umbiretanha, candeeiro-d’água e falsa-jangada.
O topo e o entorno da chapada estão incluídos em unidades de conservação, mas não a base das encostas. Enquanto o primeiro se encontra nos domínios da Floresta Nacional do Araripe, o segundo fica numa Área de Proteção Ambiental (APA).
“Além de ser o habitat do soldadinho-do-araripe, o local abriga as nascentes da região do Cariri, daí a importância não só para preservar a espécie, mas também para garantir a sobrevivência humana”, diz o coordenador de projeto de pesquisa e conservação da espécie, o biólogo Weber Girão, vinculado à ONG Aquasis, com sede em Fortaleza.
Tanto a Flona quanto a APA são de uso sustentável, ou seja, têm a exploração dos seus recursos permitida. “Queremos uma unidade de conservação de proteção integral. A categoria pode ser um refúgio de vida silvestre ou um parque nacional. As pessoas envolvidas no processo serão consultadas e definirão o que consideram melhor”, adianta Weber.
O estudo, realizado pela bióloga Karina Vieiralves Linhares para o doutorado em biologia vegetal da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), revelou ainda quais as árvores que o soldadinho-do-araripe visita para comer os frutos e as que ele usa para fazer ninho.
“São 22 que fornecem alimento e 11 que servem de suporte para os ninhos”, explica a pesquisadora. Um dos destaques é o pau-caixão. “Mesmo na estiagem, quando as outras árvores dispõem de menos frutos, ele garante a alimentação para o soldadinho”, esclarece Karina.

BIOLOGIA

A população estimada do soldadinho, de acordo com o último censo de 2006, é de apenas 800 indivíduos. Nas listas nacionais e internacionais de espécies ameaçadas, o animal é endêmico da Chapada do Araripe, onde foi descoberto por uma equipe da UFPE, em 1998, que deu ao pássaro o nome científico de Antilophia bokermanni.
O macho tem um topete vermelho, enquanto a fêmea é esverdeada. Quando adulto, o soldadinho-do-araripe mede 15 centímetros e cerca de 20 gramas. O filhote tem apenas um terço do tamanho do adulto, ou seja, aproximadamente cinco centímetros.
Segundo os pesquisadores, as fêmeas geralmente põem dois ovos. O período de incubação dura, aproximadamente, 22 dias. O período de reprodução, entre a corte e a eclosão dos filhotes, se estende de novembro a março.
A área onde vive o animal é como um oásis no Sertão. Mesmo estando no Semiárido, essa parte da chapada suporta uma floresta úmida semelhante à Mata Atlântica.
(Fonte: JC - Acesse o Blog Ciência & Meio Ambiente)

SALVE O SOLDADINHO DO ARARIPE - Campanha Mundial!


Veja também o Vídeo: Grandes árvores do sertão servem de remédio caseiro para os moradores

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

ONGs lançam programa de estímulo à criação de reservas corporativas para conservação ambiental


RPPN - Foto: SOS mata Atlântica

O Instituto Ecofuturo, criado no Brasil em 1999, lança, em parceria com a organização não governamental internacional The Nature Conservancy (TNC), o Programa de Incentivo à Criação de Reservas Corporativas.
A iniciativa visa estimular empresas brasileiras a criarem áreas protegidas em terras privadas, dentro do conceito das Reservas Particulares do Patrimônio Natural (RPPN), reconhecidas pelo Sistema Nacional de Unidades de Conservação (Snuc). Com isso, as companhias assumem o compromisso de conservar a natureza, garantindo sua proteção.
– Além da isenção do Imposto Territorial Rural (ITR) da área, a empresa está trazendo a conservação daquele remanescente de área natural, seja na Mata Atlântica, no Cerrado, na Caatinga, em todos os biomas – informa a coordenadora de Terras Privadas da TNC, Giovana Baggio de Bruns.
Cada RPPN tem um plano de manejo que pode envolver a comunidade do entorno.
– É importante que, no plano de gestão dessa área, o proprietário faça algo que insira a comunidade, porque o primeiro objetivo da RPPN é a conservação. O fim comunitário depende de cada caso – explica Bruns.
A experiência de mais de dez anos do Instituto Ecofuturo na gestão do Parque das Neblinas (SP) e de projetos socioambientais servirá de apoio às empresas privadas que quiserem participar do programa, mostrando como administrar uma área de RPPN.
– Que não seja apenas uma área de preservação. Ela pode até ser autosustentável no futuro, recebendo visitantes, por exemplo – diz a coordenadora.
O analista de projetos ambientais do Ecofuturo, Diego Gonzáles, destaca que o programa de incentivo é gratuito e de adesão voluntária. As companhias participantes ganham destaque no portal do instituto. Além disso, funcionários designados pelas empresas participarão do Programa de Vivência do instituto, visitando a reserva do Parque das Neblinas para acompanhar a operação na área. Técnicos do Ecofuturo também podem visitar as empresas para indicar o potencial da reserva para visitação, pesquisa ou manejo.
– O objetivo é que as empresas passem a ter o gerenciamento dessas áreas como um compromisso ambiental. A gente quer que as empresas abram os olhos para que tenham áreas corporativas privadas como estratégia de conservação. Foi para isso que a gente criou esse programa – relata Gonzáles.
Segundo a coordenadora de Terras Privadas da TNC, a iniciativa também é positiva para o meio ambiente porque incentiva a responsabilidade socioambiental das empresas:
– Muitas vezes, as empresas investem muito em marketing verde, em certificação, para ter uma visão mais ambiental para a comunidade, só que efetivamente não investem na preservação do que restou dos ecossistemas brasileiros.
Bruns afirma que, ao investir em uma RPPN, as companhias passam a conservar de fato uma porção de floresta, beneficiando a região e a comunidade que vive naquela área. As empresas interessadas podem obter mais informações sobre a iniciativa pelo e-mail reservas@ecofuturo.org.br.
Esse é o primeiro programa de parceria entre o Instituto Ecofuturo e a TNC para estímulo à criação de reservas naturais pelas grandes corporações. Em um segundo momento, a intenção é lançar nova iniciativa, abrangendo também pequenos e médios empresários. 
(Fonte: Agência Brasil)

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Governo fará conversão de US$ 23 milhões da dívida com os EUA para o meio ambiente


A ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, disse hoje (5) que o governo federal assinará nos próximos dias o primeiro lote de conversão da dívida externa para criação do Fundo da Mata Atlântica e da Caatinga. Isabella informou que ela e o ministro da Fazenda, Guido Mantega, divulgarão na próxima quinta-feira (12) os detalhes do acordo do movimento de conversão da dívida do Brasil com os Estados Unidos, no valor de US$ 23 milhões, que será usado para a conservação da biodiversidade desses biomas.
O anúncio foi feito durante o lançamento do Movimento Empresarial pela Proteção e Uso Sustentável da Biodiversidade, promovido pelo Instituto Ethos, em parceria com as empresas Alcoa, CPFL, Natura, Philips, Vale e Walmart. A ministra destacou a importância da mobilização do empresariado para tratar da questão da biodiversidade e afirmou que “nenhum desenvolvimento econômico ocorrerá se não houver cuidado com as questões climáticas e o uso sustentável dos recursos naturais”.
"A questão da conservação da biodiversidade é essencial para aquilo que o planeta discute como novo modelo de economia no século 21, que é segurança energética, alimentar e climática. Essa mudança de mentalidade e abordagem e esse adensamento de empresários e sociedade civil vai propiciar um debate sobre sustentabilidade em outro patamar”, disse.
Segundo o gerente executivo de políticas públicas do Instituto Ethos, Caio Magri, o grupo de empresários pretende construir uma agenda positiva sobre a conservação dos recursos naturais, promovendo painéis de discussão entre membros da sociedade civil. Até setembro devem entregar ao governo e aos candidatos à Presidência da República uma carta com as propostas. “Gostaríamos muito que o governo ouvisse as sugestões, que esse movimento vai apresentar tanto para o posicionamento de Nagoya quanto políticas públicas que promovam o uso da biodiversidade de forma sustentável no nosso país”.
O movimento aproveita o fato de 2010 ter sido eleito pela Organização das Nações Unidas (ONU) o ano da biodiversidade, que também será tema da COP 10, a 10º Conferência da Partes da Convenção sobre Diversidade Biológica, em Nagoya, Japão, em outubro deste ano. O evento discutirá a convenção da biodiversidade e estabelecerá metas de uso e conservação para 2020.
“Cada vez mais as empresas, que têm engajamento na agenda de responsabilidade sócio-ambiental, têm se preocupado em avançar nos temas, que são os grandes desafios e com esse movimento querem dar visibilidade à discussão sobre a biodiversidade. O Brasil é liderança no mundo em biodiversidade e os países do Sul precisam articular uma agenda conjunta para promover a biodiversidade como riqueza e estratégia para inserção dos povos importantes para a própria conservação dos recursos naturais”.
Durante o evento a ministra do Meio Ambiente informou que o governo está negociando também a criação de um imposto de renda ecológico. “Faremos isso para tentarmos criar uma nova modalidade de instrumento financeiro para ter mais recursos para a conservação da biodiversidade. É uma discussão técnica, que nós estamos fazendo inicialmente no governo, mas que toda a indicação é a de que temos viabilidade para o debate. Vamos ver se conseguimos evoluir essa conversa ainda este ano”.
(Fonte: Da Agência Brasil)

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

02 de agosto. 21 anos do seu desaparecimento. Saudades de Gonzagão, o Rei do Baião!



Luiz Gonzaga nasceu em Exu, Pernambuco, em 13 de dezembro de 1912. Foi um compositor popular. Aprendeu a ter gosto pela música ouvindo as apresentações de músicos nordestinos em feiras e em festas religiosas.
Seu som agreste atravessou barreiras e foi reconhecido e apreciado pelo povo e pela mídia. Mesmo tocando sanfona, instrumento tão pouco ilustre. Mesmo se vestindo como nodestino típico (como alguns o descreviam: roupas de bandido de Lampião). Talvez por isso tudo tenha chegado onde chegou. Era a representação da alma de um povo…era a alma do nordeste cantando sua história…E ele fez isso com simplicidade e dignidade. A música brasileira só tem que agradecer…
(Fonte: Mel no Tacho)

A Universidade Federal Rural de Pernambuco e o Comitê Estadual celebram o Dia Nacional da Caatinga

Marcelo, Suassuna, Rita, Ednilza e Márcio (CERBCAA/PE) João Suassuna (Fundaj) Márcia Vanusa (UFPE) Francis Lacerda (IPA) e Jo...