José Alves, coordenador do grupo: "É importante conhecer para preservar".
Foto: Edvaldo Rodrigues/DP/D.A/Press
Ela representa 80% da vegetação pernambucana, mas poucos conhecem sua extensão e beleza. Pensando nisso, um grupo liderado pelo professor José Alves de Siqueira, diretor do Centro de Referência para Recuperação de Áreas Degradadas da Caatinga (Crad), da Universidade do Vale do São Francisco (Univasf), em Petrolina, preparou o Guia de campo de árvores da caatinga. Didático e com linguagem acessível a estudantes, professores ou mesmo àqueles que gostam de ecoturismo, o livreto traz fotos e informações curiosas sobre esse tipo de vegetação tipicamente nordestina.
José Alves explica que normalmente as pessoas imaginam a caatinga como um cenário de pobreza, com solo seco e árvores com folhagens mortas. "A caatinga se recobre de belezas naturais com a chuva. As primeiras precipitações de dezembro, por exemplo, promovem uma explosão de flores", ressalta Alves.
Uma das curiosidades do guia é a tabela fenológica, que informa o período de floração e de frutificação da vegetação, que começa a ser registrada desde o Planalto da Borborema, subindo a Serra das Russas, passando pela Paraíba, Ceará, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Alagoas, Bahia e Sergipe. Ao todo, são 750 mil quilômetros de caatinga no Nordeste.
Risco de extinção - Segundo José Alves, uma das espécies mais comuns na caatinga é o umbuzeiro, usado pela população para o preparo de alimentos e também consumido pelos caprinos e ovinos. Apesar da grande ocorrência, a planta atualmente sofre ameaças, principalmente dos grandes criadores, que não controlam o consumo por parte dos animais. "Todos os umbuzeiros que temos hoje na região são idosos, centenários, ou seja, vão morrer um dia. É preciso mudar o manejo dos animais para conservar a espécie. Eles comem folhas, flores, tudo", destacou o professor. Outra planta muito comum na região e que também sofre ameaça é a arueira do Sertão, constituída de madeira de lei que foi muito usada para as obras das estradas de ferro que ligavam o litoral ao Sertão pernambucanos. "É importante conhecer para preservar", destaca JoséAlves.
Na opinião do pesquisador, uma das árvores mais belas da Caatinga é o Ipê Cascudo, também chamado Sete-cascas, Mulambá ou Pau-de-cascas. "Essa espécie só existe na caatinga e é raríssimo. Ele chama a atenção porque passa o ano sem folhas e na primeira chuva se enche de flores. O espetáculo só pode ser visto durante três dias", ressalta.
A pesquisa de campo e a preparação do livro aconteceram ao longo de três anos e foram feitas por estudantes de iniciação científica de engenharia agrícola da Univasf e de escolas estaduais da Bahia. O guia está à venda e pode ser adquirido através de uma ligação para o Centro de Referência para Recuperação de Áreas Degradadas da Caatinga (Crad), da Univasf. O telefone é 87 3986.3806.
(Fonte: Diário de Pernambuco - Vida Urbana)
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