Operação na Caatinga fecha sete indústrias do
polo de gesso do Araripe, em PE
(Foto: Ascom/MMA)
Empresas fiscalizadas, no último dia 13, utilizavam madeiras nativas extraídas ilegalmente da caatinga para a produção de gesso na região do Araripe pernambucano. As multas poderão ultrapassar R$ 50 mil
Uma operação contra o desmatamento da caatinga fechou sete indústrias do polo de gesso de Araripe, no Sertão pernambucano, ontem pela manhã. Elas utilizavam madeiras nativas extraídas ilegalmente do bioma para a produção do gesso.
O ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, lacrou o maquinário da empresa Santa Cecília Gessos, no município de Trindade, uma das sete indústrias fechadas pela fiscalização, onde foram encontrados cerca de 35 metros cúbicos de madeira nativa, como visgueiro, catingueiro, marmeleiros. O dono da indústria, Ézio Pereira, tentou enganar os fiscais do Ibama, apresentando o documento de origem florestal (DOF) cadastrado depois da auditoria.
Ao informar no DOF o veículo usado para transportar a madeira, Pereira ainda colocou uma placa de carro modelo picape. Segundo fiscais do Ibama, a quantidade de madeira encontrada deveria ter sido transportada, no mínimo, por dois caminhões, o que demonstra mais um indício de fraude. Segundo o dono da Santa Cecília Gessos, houve uma troca da letra “B” pela letra “P” na hora de digitar a placa do veículo. As multas poderão ultrapassar R$ 50 mil.
“Quem desmata a caatinga terá que replantar uma a uma as matas nativas que destruiu e vai sentir o peso da lei. A caatinga não vai virar carvão”, ressaltou Carlos Minc.
O assessor especial do MMA, José Maurício Padrone, que coordenou a operação, disse que esta não é a primeira vez que essas indústrias de gesso do polo do Araripe são pegas pela fiscalização por crime ambiental. Em 2007, 56 empresas foram embargadas por usar madeiras sem ser de área de manejo florestal. Elas voltaram a atuar depois de assinarem um termo de ajuste de conduta (TAC) junto ao Ministério Público.
Carlos Minc reconheceu a importância econômica do polo do Araripe, responsável por 95% da produção nacional de gesso e lembrou que é preciso trabalhar com sustentabilidade. “O polo gesseiro é fundamental e a caatinga também. Então, queremos desenvolver atividades econômicas e impedir que elas destruam a caatinga”, destacou. Segundo Minc, 70% das empresas do polo gesseiro de Araripe funcionam legalmente, com madeira de Plano de Manejo.
A madeira é usada em fornos para derreter a gipsita, matéria-prima para a produção do gesso. O consumo anual de gesso teve um crescimento de 20% a 30%. Apesar do crescimento, o consumo brasileiro é muito inferior ao de outros países. Enquanto o Brasil consome 3 quilos de gesso por pessoa, a média europeia é de 80 quilos.
Na região do Araripe, existem 22 planos de manejo aprovados e 12 funcionando, para disponibilizar madeiras para as empresas. A promotora de meio ambiente de Petrolina, Ana Rúbia Torres, explicou que, além do crime ambiental, os responsáveis pelas empresas também poderão responder a processos civil e penal.
A operação foi realizada pelo Ministério do Meio Ambiente, Ibama, Polícias Civil e Militar Força Nacional e Ministério Público.
(Fonte: Jornal do Commercio - Ciência e Meio Ambiente - 14.01.2010)Os proprietários das sete fábricas de gesso são suspeitos de utilizar nos fornos madeira extraída ilegalmente da caatinga. O objetivo era acabar com a exploração não-sustentável do meio ambiente. (Globo Rural TV).
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