Estudo da Embrapa vai definir geografia da desertificação em Pernambuco e
nível de degradação em 122 municípios atingidos (Foto APNE).
FORTALEZA – Pela primeira vez, Pernambuco deverá ter um mapeamento completo da desertificação nas regiões semiáridas do Estado. O projeto pioneiro é da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) Semiárido, sediada em Petrolina, que está participando da 2ª Conferência Internacional sobre Clima, Sustentabilidade e Desenvolvimento em Regiões Semiáridas, que termina amanhã, na capital cearense. A ideia é montar, a partir de imagens atualizadas de satélite, uma fotografia detalhada da região, identificando os diferentes níveis de degradação do solo em toda a extensão dos 75 mil quilômetros quadrados do semiárido pernambucano.
O estudo, inédito no Brasil, vai definir a geografia da desertificação e o nível de degradação nos 122 municípios atingidos. O coordenador do projeto, o engenheiro florestal Iêdo Bezerra de Sá, explica que o detalhamento é importante porque os fatores que acentuam a degradação não são uniformes. “Em alguns lugares, o problema está mais associado à retirada da cobertura vegetal. Em outros, têm relação com a suscetibilidade dos solos, a situação do relevo ou a distribuição das chuvas. Vamos mostrar quais desses fatores estão influindo mais na degradação das terras em cada município”, explica.
Ele avalia, por exemplo, que o pólo que hoje causa mais problemas ambientais em Pernambuco é o gesseiro. “Esse estudo nunca foi feito com esse nível de detalhes. Ele já foi realizado em uma escala não operacional, que serve para detectar o problema, mas não oferece ferramentas para enfrentá-lo. Vamos fazer isso numa escala cartográfica de 1 para 100 mil, que consegue montar um retrato com nível alto de precisão, revelando todas as diferenciações do terreno.”
Uma das propostas é criar três diferentes índices: de degradação do solo, climático e socioeconômico. “Algumas dessas informações até já existem, mas não estão relacionadas. O objetivo é traçar um diagnóstico completo da desertificação em cada região do semiárido, sobrepondo e analisando todos esses indicadores”, afirma Iêdo Bezerra.
A pesquisa de campo e laboratorial tem prazo de dois anos para ser concluída. O levantamento vai tentar captar financiamento da Fundação de Amparo à Ciência e Tecnologia de Pernambuco (Facepe), por meio de edital público. O projeto será apresentado na próxima semana e, se for aprovado, a assinatura do contrato está prevista para dezembro. A pesquisa está orçada em R$ 120 mil e terá a participação de dez pessoas da Embrapa Semiárido, Embrapa Solo, Fundação Joaquim Nabuco e Universidade do Vale do São Francisco (Univasf).
Com base no diagnóstico detalhado, os pesquisadores pretendem propor intervenções específicas em cada região. “São várias as alternativas: fazer floresta energética, manejar a vegetação existente, plantar florestas que se possa colher, como se planta milho e feijão”, elencou Iêdo Bezerra. Hoje, a Embrapa vai se reunir com representantes do governo do Estado e pesquisadores pernambucanos que estão participando da conferência para apresentar o projeto.
O secretário estadual de Meio Ambiente, Hélvio Polito, presente ao evento, disse que o mapeamento das áreas desertificadas de Pernambuco é uma das ações previstas no Plano Estadual de Combate à Desertificação, aprovado no fim do ano passado.
(Fonte: Jornal do Commercio - Ciara Carvalho)O semiárido nordestino é região de chuva escassa. Mas as mudanças no clima têm causado um desequilíbrio. Os cientistas de 100 países sabem que o local sofrerá mais com o aquecimento global.
(Crédito: Bom dia Brasil - TV Globo).
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