O problema da devastação agrava-se porque as ações
humanas são pulverizadas na região. Irauçuba, localizado ao norte do Estado do Ceará, é um dos municípios citados pelo estudo do Ministério do Meio Ambiente como mais afetado pela desertificação no País. (Foto: Cid Barbosa).
Estudo do Ministério do Meio Ambiente (MMA) mostra que, anualmente, o Semiárido Brasileiro sofre uma devastação de 0,4% de sua área total. Levando-se em conta que 11% do território nacional é formado pela região semiárida, o percentual ganha proporções devastadoras, pelo fato de ser pulverizado, como salientou a analista da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Vanderlise Gingo Petrelli.
Em sua apresentação sobre "Tecnologias para o Desenvolvimento do Semiárido: o caso da Embrapa", na Segunda Conferência Internacional: Clima, Sustentabilidade e Desenvolvimento em Regiões Semiáridas (Icid+18), Vanderlise disse que um dos principais prejuízos para o desenvolvimento é a perda constante de carbono.
"Temos que saber quais são os reflexos que causamos no bioma Caatinga. Temos os fatores característicos, com baixos teores naturais, baixa capacidade de retenção de água e o aumento dos efeitos da entropia nesses ecossistemas", explicou. "É importante estabelecer um sistema de manejo, mantendo o aumento do estoque de carbono. Mas só iremos conseguir isso a partir do momento em que aumentarmos a variabilidade da flora. Temos que propor novos sistemas", afirmou.
Para Vanderlise, também é importante, é debate o desmatamento em outras regiões do País, não ficando limitado somente a um determinado espaço, porque as relações do ecossistema estão interligadas: "Deve-se pensar também numa redução do desmatamento na Amazônia, o que corresponde a 80%; e no Cerrado, com 40%". Disse, ainda, que é importante colocar em prática as metas estabelecidas pela NAMA 2020.
O analista e pesquisador da Embrapa, Iêdo Bezerra Sá, pensa da mesma forma. Ele acredita que a mudança só é possível se o combate à desertificação da Caatinga for realizado de forma intensa e responsável. "É importante que haja uma recuperação da mata ciliar e também uma efetivação da política das Áreas de Preservação Permanente (APPs), como as alternativas energéticas para o Semiárido e um trabalho de preservação das áreas degradadas", destacou.
Um estudo realizado por ele, com apoio da Embrapa Semiárido, empresa vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), revelou que na região semiárida já são mais de 20 milhões de hectares o tamanho da área atingida por processos de degradação em níveis que variam entre baixo, acentuado, moderado e severo. A maior parte dessa área, cerca de 62%, encontra-se na situação mais intensa de deterioração ambiental.
As áreas afetadas mais seriamente estão localizadas nos núcleos de Cabrobó (PE), Gilbués (PI), Irauçuba (CE) e Seridó (RN). Os objetivos gerais que se pretende alcançar com o estudo são a implantação e a minimização dos efeitos da seca em função da transferência de tecnologias de convivência com o Semiárido, além da construção de indicadores de sustentabilidade ambiental.
Atualmente, as áreas degradadas no mundo se estendem por cerca de 61,3 milhões de quilômetros quadrados - algo em torno de um terço da superfície da Terra. Conforme dados da Organização das Nações Unidas (ONU), este fenômeno coloca fora de produção cerca de 60.000 km de terras férteis a cada ano.
(Fonte: Diário do Nordeste)Leia também: Devastação controlável
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