Mariana Prado(MI), Egon Krakhecke(MMA) e Helvio Polito(Sectma)
Com o objetivo de iniciar o pacto entre os órgãos federais, estaduais e sociedade civil para reunir decisões comprometidas com a agenda da desertificação e do desenvolvimento sustentável em suas regiões, o Ministério do Meio Ambiente (MMA) realizou nessa sexta-feira (04), a primeira etapa de reuniões preparatórias do Encontro Nacional de Enfrentamento da Desertificação. O encontro aconteceu no auditório da Secretaria Estadual de Ciência, Tecnologia e Meio Ambiente (Sectma).
A construção do Programa de Ação Estadual de Combate à Desertificação e Mitigação dos Efeitos da Seca de Pernambuco (PAE/PE), foi o destaque na reunião com a apresentação do modelo que será lançado na próxima quinta-feira (10), no município de Triunfo, Sertão pernambucano. O PAE/PE servirá de referência para outros estados no Nordeste suscetíveis à desertificação.
O secretário executivo de Meio Ambiente da Sectma, Hélvio Polito, afirmou que o combate à desertificação é um dos temas ambientais estratégicos das propostas do Estado na contribuição do Plano Nacional de Mudanças Climáticas, que será apresentado na Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP 15), em Copenhague.
A geógrafa Edneida Cavalcanti – Pesquisadora da Fundação Joaquim Nabuco e Coordenadora da Equipe Técnica de Elaboração do PAE/PE apresentou o modelo de Construção do PAE-PE, enfocando a participação social e integração interistitucional, o marco legal e institucional para a agenda de combate à desertificação. Esse processo de escuta da sociedade se deu através de cinco Oficinas Regionais, atingindo 127 municípios, estando afinado com a perspectiva de descentralização com a qual o governo vem trabalhando, juntamente com a estratégia de transparência da gestão e controle social das ações. As Oficinas aconteceram em Salgueiro, Petrolina, Triunfo, Garanhuns e Taquaritinga do Norte. Pernambuco largou na frente de todos os estados brasileiros na construção do Programa de Ação Estadual (PAE-PE). Edneida Cavalcanti, a convite do CERBCAA/PE, fez esta apresentação aos membros do Comitê Estadual da Caatinga, por ocasião da XVI Reunião ordinária (08.10).
Em seguida o técnico Marco Bueno, do Ministério do Meio Ambiente - MMA, apresentou o Programa de Ação Nacional de Combate à Desertificação e Mitigação dos Efeitos das Secas - PAN Brasil e sua relação com os PAEs.
Na próxima semana o MMA realizará reuniões em Natal (8/12) e Salvador (11/12) para agregar os demais estados vulneráveis ao Processo climático: Rio Grande do Norte, Paraíba, Maranhão, Bahia, Ceará e Minas Gerais. O secretário de Extrativismo e Desenvolvimento Rural Sustentável do Ministério do Meio Ambiente, Egon Krakhecke, explicou que estas reuniões são "importantes para iniciar o processo de construção do pacto pelo desenvolvimento sustentável do Semiárido", que será firmado no Encontro Nacional de Enfrentamento da Desertificação com previsão de ser realizado em março de 2010, nas cidades de Petrolina (PE) e Juazeiro (BA).
Participaram do Encontro representantes da Sectma, BNB, Codevasf, Embrapa Semi-Árido, Dnocs, Sudene, Ministério do Meio Ambiente, Ministério da Integração Nacional, MDA, Governo dos Estados do Piauí, Alagoas e Sergipe, ASA, INSA, ICMbio, Prorural, Comitê Estadual da Reserva da Biosfera da Caatinga - CERBCAA/PE, Programa Água Doce, GTZ, OCB, Associação dos Engenheiros Florestais, IICA entre outros.
A desertificação - a degradação das terras nas áreas áridas, semi-áridas e sub-úmidas secas - causa impactos significativos que podem ser medidos em termos de perda de área produtiva, solos, água e biodiversidade. No Brasil, este processo ocorre apenas no semi-árido, presente nos estados do Nordeste e no norte de Minas Gerais, e em áreas sub-úmidas localizadas no entorno da região semi-árida.
O processo de desertificação gera uma perda de 5 bilhões de dólares por ano ao Brasil (cerca de 1% do Produto Interno Bruto) e já atinge gravemente 66 milhões de hectares no semi-árido brasileiro e 15 milhões de pessoas em áreas dos Biomas Cerrado e Caatinga. No Brasil, 62% das áreas susceptíveis à desertificação estão em zonas originalmente ocupadas por Caatinga, sendo que muitas já estão bastante alteradas.
(Fonte: Sectma e MMA)
Cada período de chuva, revela a riqueza da vida na caatinga. Os gravetos dão lugar ao verde exuberante. Dentre as áreas semi-áridas do mundo, ela é a mais rica em plantas, animais e em diversidade. Entretanto, parte da Caatinga está em processo de desertificação.
Leia mais em: Debates buscam abordar o problema da desertificação no Brasil e
Nordeste discute desertificação
Programa de Ação Estadual de Combate à Desertificação - PAE/PE e
Programa de Ação Nacional - PAN-BRASIL
Atlas das Áreas Susceptíveis à Desertificação do Brasil
Governo do Estado lança programa de combate à desertificação
Ações precisam ser eficazes
Cada período de chuva, revela a riqueza da vida na caatinga. Os gravetos dão lugar ao verde exuberante. Dentre as áreas semi-áridas do mundo, ela é a mais rica em plantas, animais e em diversidade. Entretanto, parte da Caatinga está em processo de desertificação.
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Ações precisam ser eficazes
No Nordeste, caatinga sofre processo de desertificação
ResponderExcluirNa caatinga, a terra parece destruída. É imagem típica de lugar onde chove pouco, mas tem muita vida.
O mandacaru carregado de frutos, os gravetos que dão lugar ao verde exuberante. A cada período de chuva o conhecido cenário da seca no Nordeste revela a riqueza da vida na caatinga.
"Dentre as áreas semi-áridas do mundo é a mais rica em plantas, em animais, em diversidade", comenta Rodrigo Castro, da Associação Caatinga.
A caatinga ocupa 10% do território nacional. Espalha-se por quase todos os estados do Nordeste e pelo norte de Minas Gerais. Neste bioma de solo seco, pedregoso e de arbustos que perdem as folhas nos meses de seca, vivem mais de 20 milhões de brasileiros, 995 espécies animais e outras mil vegetais, 40% delas só encontradas aqui.
"É uma área que é vista como muito pobre, mas, na verdade, ela tem muita riqueza", diz Rodrigo Castro.
Riqueza ameaçada pelo mau uso da terra. O terreno do agricultor Francisco Nogueira Neto sofre as consequências do desmatamento e das queimadas que costumam ser feitas para preparar o solo em época de plantio: “Cada vez destruiu mais, porque queimou o pouquinho que tinha de matéria orgânica. Não serve para nada".
A Fundação Cearense de Recursos Hídricos comprovou, com imagens de satélites, que 10% da área da caatinga no estado, equivalentes a mais de 15 mil quilômetros quadrados, estão em processo de desertificação. A terra não produz mais nada. Mas, há projetos para recuperá-la.
"Você vai em uma parte mais florestada, você recolhe todo esse resto de folha que tem no chão e vai tentar jogar aqui em cima, porque a gente vê aqui como se o solo já não tivesse mais vida e, na hora que você traz vida de outro ambiente e joga aqui dentro, a tendência dela é criar vida também", explica a engenheira agrônoma Sônia Barreto de Oliveira.
As mesmas rochas que tornam o solo da caatinga raso e sem capacidade de absorver a chuva podem ser usadas como solução para acumular água e para evitar a degradação das áreas de plantio.
Com as pedras são feitas barreiras para reter a água da chuva. Isso impede que ela escorra pelo terreno levando embora a matéria orgânica e provocando erosão.
É o que o agricultor Napoleão Silva vem fazendo. Ele mesmo instala as barreiras. Aprendeu a medir a distância necessária entre elas e a cuidar bem desta terra: "Você repara que a gente estando no meio do sol sem uma camisa; a proteção nossa é a camisa. a terra, se o cabra deixar a terra nua, ela vai se acabar".
Mas, com medidas simples como esta, vai continuar oferecendo o sustento e mantendo a vida do sertão. "Graças a Deus, nos anos que vem correndo bem, o sustento a gente tira. A terra é boa", conta o agricultor Benigno Sobrera Batista.