terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Biomas em perigo. Desmatamento pode acabar com 95% da Amazônia até 2075 e provocar o desaparecimento da caatinga.


Pós-queimada: ritmo recorde de devastação - Foto: Janduari Simões

Um relatório chamado "Assessment of the Risk of Amazon Dieback" e conduzido pelo Banco Mundial avaliou o risco de parte da floresta amazônica entrar em colapso devido à conjunção de três fatores: desmatamento, mudanças climáticas e queimadas. Segundo ele, em 2025, cerca de 75% da floresta seriam perdidos. Em 2075, só restariam 5% de florestas no leste da Amazônia.
O estudo, que contou com a colaboração dos pesquisadores brasileiros do Instituto Nacional de Pesquisa Espacial (Inpe) Carlos Nobre e Gilvan Sampaio, trabalha com o conceito de "Amazon Dieback", termo que ainda não tem tradução exata para o português e que representaria uma redução da biomassa da floresta. "Podemos dizer que é o risco de colapso de parte da floresta. O nível, o ponto a que chega a floresta que, mesmo que você faça reflorestamento, ela não retorna", explica Sampaio.
De acordo com a análise, o risco de colapso de parte da floresta é maior no leste da Amazônia, região que compreende o Pará e Maranhão. "Em nossos estudos, avaliamos que, principalmente no leste da Amazônia, com a mudança do clima mais a mudança no uso da terra, você não conseguirá mais sustentar ali uma floresta de pé, como é o caso da floresta amazônica. Você teria uma floresta com, digamos, menos biomassa acumulada, que poderia ser semelhante à uma savana", diz Sampaio.
O efeito combinado do clima e desmatamento, nessa região, pode resultar em uma forte diminuição da área de floresta no bioma.
No sul da Amazônia, região que compreende o Mato Grosso e sul do Pará, o relatório indica crescimento da área de savana, principalmente devido à atuação das queimadas. O noroeste da Amazônia é a área que sofre menor impacto, já que compreende a parte mais preservada da floresta.
Além disso, a soma dos impactos de mudanças climáticas, desmatamento e queimadas da Amazônia resultaria em consequências negativas em outras regiões do País. O estudo identifica uma mudança no regime de chuvas que atingiria o Nordeste brasileiro, intensificando o desaparecimento da caatinga na região e aumentando as áreas de semideserto.
Segundo Sampaio, a pesquisa não traça propostas para evitar o "dieback" da Amazônia. "Não fizemos recomendações. Na verdade, as recomendações são aquelas que já conhecemos: diminuir as emissões de gases de efeito estufa e controlar o desmatamento".

6 comentários:

  1. As pessoas estão perdendo a fé no aquecimento global. É o que mostra uma pesquisa recente feita no Reino Unido pelo instituto Ipsos Mori. A proporção de adultos que acredita que as mudanças climáticas são uma realidade “com certeza” caiu de 44% para 31% nos últimos 12 meses. Segundo a pesquisa, 9 em cada 10 entrevistados ainda aceitam que o aquecimento existe com algum grau de confiança. Mas o grupo que tem segurança absoluta do perigo, e está disposto a bancar medidas para mitigar o aquecimento, encolheu. A pesquisa da Ipsos pode até ter subestimado o grau de ceticismo dos britânicos porque se limita à faixa dos 16 aos 64 anos. E as pessoas com mais de 64 tendem a ser mais céticas, segundo os pesquisadores.
    Essa descrença dos britânicos no aquecimento da Terra pode refletir uma mudança de percepção em outras partes do mundo. As pessoas estão reagindo à sequencia de escândalos dos últimos meses, envolvendo pesquisadores de ponta do clima, inclusive participantes do IPCC, o painel da ONU. Também estão reagindo à decepção com a negociação na Conferência de Copenhague, em dezembro passado.
    O problema é que o aquecimento global não pode ser decidido por voto popular. Se menos gente acredita que o fenômeno existe e seja grave, isso não faz a menor diferença para a atmosfera da Terra. Ela vai continuar reagindo ao mix de gases poluentes que estamos jogando ali. Mesmo com os escândalos científicos e a frustração no processo de negociação, a maioria dos cientistas do mundo considera o aquecimento uma realidade. O aquecimento já foi comprovado por milhares de estudos. O que se debate hoje é a velocidade da elevação do nível do mar ou como a incidência de chuvas vai variar em um lugar ou outro. Este ano deve ser o mais quente da história, pelo que se prevê. E a década de 2010 a 2019 também será a mais quente de todos os tempos. E as emissões poluentes continuam crescendo, passado o suspiro causado pela crise econômica dos dois últimos anos.
    A descrença popular na ciência do clima aumenta o fosso entre os pesquisadores e o resto da população. Isso é perigoso porque nesta população estão os eleitores e consumidores. Eles precisam estar convictos o bastante para apoiar medidas políticas e econômicas para evitar as piores conseqüências do aquecimento.



    (Alexandre Mansur - Blog do Planeta)

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  2. Verde que te quero verde23 de fevereiro de 2010 às 21:25

    O Brasil é o mercado emergente que produz o maior volume de lixo eletrônico por pessoa a cada ano. O alerta é da Organização das Nações Unidas (ONU), que ontem lançou seu primeiro relatório sobre o tema. O estudo advertiu que o Brasil não tem estratégia para lidar com o fenômeno e que o tema sequer é prioridade para a indústria. O País é também a nação emergente que mais toneladas de geladeiras abandona a cada ano por pessoa e um dos líderes em descarte de celulares, TVs e impressoras.
    O estudo foi realizado pelo Programa da ONU para o Meio Ambiente (Pnuma) após a constatação de que o crescimento econômico dos países emergentes levou a um maior consumo doméstico, com uma classe média cada vez mais forte e estabilidade econômica para garantir empréstimos para a compra de eletroeletrônicos. Mas, junto com isso, veio a produção sem precedentes de lixo.
    A estimativa é de que, no mundo, 40 milhões de toneladas de lixo eletrônico são produzidas por ano. Grande parte certamente ocorre nos países ricos. Só a Europa seria responsável por um quarto desse lixo. Mas a ONU alerta agora para a explosão do fenômeno nos emergentes e a falta de capacidade para lidar com esse material, muitas vezes perigoso.
    Por ano, o Brasil abandona 96,8 mil toneladas de computadores. O volume só é inferior ao da China, com 300 mil toneladas. Mas, per capita, o Brasil é o líder. Por ano, cada brasileiro joga fora o equivalente a 0,5 quilo desse lixo eletrônico. Na China, com uma população bem maior, a taxa per capita é de 0,23 quilo, contra 0,1 quilo na Índia.

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  3. O tatu-canastra (Priodontes maximus)da Serra da Canastra, é o maior tatu do planeta, pode chegar a 60 quilos. Naturalmente incomum, a espécie é considerada ameaçada pela destruição de seu habitat e pela caça, embora originalmente ocorresse na maior parte do Brasil.
    Sua situação na Mata Atlântica é grave, segundo pesquisa de Ana Carolina Srbek-Araújo, Leandro Scoss, André Hirsch e Adriano Chiarello, que econtraram evidências da espécie apenas no Parque Estadual do Rio Doce (MG), na Reserva Biológica de Sooretama e na vizinha Reserva Natural Vale, ambas no Espírito Santo.
    Ficou claro que a espécie desapareceu de áreas onde antes havia sido registrada nas décadas de 1990 e início da de 2000, como na fronteira entre Minas Gerais e Bahia, onde a caça é intensa e a lei ausente. Já a reserva de Sooretama é atravessada pela BR-101, um conhecido matadouro de animais, atropelados no intenso tráfego de caminhões e uma barreira efetiva que isola suas populações.
    Uma boa amostra sobre o comportamento brasileiro para 2010, ano internacional dedicado à biodiversidade.

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  4. A emissão da licença prévia, concedida pelo Ibama neste dia 1º de fevereiro de 2010, para a maior hidrelétrica da Amazônia, e a terceira maior do mundo, a usina de Belo Monte no rio Xingu, deixou muitos ambientalistas transtornados. Trata-se, talvez, da pior notícia do final dessa década. Foi anunciada, justamente, três dias após o término do Fórum Social Mundial “Um Outro Mundo é Possível”[?]. Combinou com o momento ainda de ressaca da reunião frustrante de Copenhague, onde os governos se escaparam de enfrentar, com compromissos, um dos maiores dramas da atualidade: as mudanças climáticas. Pior ainda, coincidiu com o início das comemorações de 2010, o Ano Internacional da Biodiversidade, da ONU.
    A situação já era mais ou menos esperada, desde o afastamento do ex-coordenador de licenciamento do Ibama, Leozildo Benjamin, em novembro último, quando as enormes pressões do Ministério de Minas e Energia (MME) e da Casa Civil não obtiveram resultado na liberação da licença para que a hidrelétrica fizesse parte do leilão de energia previsto para o fim de ano passado.
    O governo brasileiro, por meio de seu Ministro de Meio Ambiente, Carlos Minc, de forma patética - maculando sua longa trajetória de ambientalista e político nessa área - materializa a economia do “vale tudo por dinheiro”, justificando que serão cobrados cerca de 1,5 bilhões de reais e 40 medidas em compensações ambientais (ou pseudocompensações?), a uma série de danos, ainda com magnitude incerta.
    Desde o governo FHC, quando das privatizações, mais de 70% da produção e distribuição de energia está nas mãos de grandes empresas privadas, nacionais ou multinacionais. Nossa energia e nossa água acabam indo para exportação de produtos com baixo valor agregado. O atual modelo do setor é centralizado em grandes obras, fato que invariavelmente traz também imensos impactos ambientais.
    Estamos consolidando no Brasil um modelo de mercado, onde nossos rios são leiloados e nossa sociobiodiversidade negligenciada e ameaçada. Colocamos em risco a maior floresta tropical do mundo para ressuscitar um modelo de gigantismo do crescimento econômico, concentrador, que surgiu na última década de 70, porém com métodos autoritários e de dissuasão que deixariam os ex-governantes militares com inveja.
    * Paulo Brack é biólogo, professor do Instituto de Biociências da UFRGS e membro da coordenação do Ingá – Instituto Gaúcho de Estudos Ambientais, entidade filiada à APEDEMA-RS.Tags:amazôniabelo montehidrelétricas

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  5. Cada vez mais quente: A Agência Espacial Norte-Americana (NASA) divulgou nesta semana que 2009 foi o segundo ano mais quente da história. Em dezembro, durante a Conferência do Clima, em Copenhague, a Organização Meteorológica Mundial havia afirmado que o ano ficaria certamente entre os cinco mais quentes e que a década de 2000 a 2009 havia sido a mais aquecida desde que se tem notícia. Análise feita por pesquisadores do Instituto Goddard para Estudos Espaciais (GISS) sobre a temperatura da superfície terrestre revelou que as maiores altas ocorreram no Ártico e na Península Antártica. E em todo o hemisfério sul 2009 foi o ano que fez mais calor desde 1880.

    Curiosamente, o ano de 2008 foi considerado o mais frio da década, e logo em seguida 2009 ficou a apenas uma fração de grau atrás de 2005, o ano com as temperaturas mais altas da História. “Há uma variação substancial da temperatura global ano a ano causada pelos ciclos El Niño e La Niña, mas quando tiramos a média de temperatura de cinco ou dez anos para minimizar essa variabilidade, percebemos que o aquecimento do planeta é continuamente crescente”, declarou o diretor do GISS, James Hansen.

    Nas últimas décadas, os estudos da NASA mostraram que a média de elevação da temperatura global tem sido de 0.2ºC a cada dez anos. Desde 1880, os termômetros já subiram 0.8ºC. Os climatologistas concordam que o aumento do nível de gás carbônico e outros gases na atmosfera são fatores cruciais para a subida das temperaturas, mas não são os únicos. Eles lembram que as mudanças na irradiação do sol, oscilações da temperatura da superfície do mar (motivadas ou não pelo aquecimento ou resfriamento cíclicos do Pacífico) nos trópicos e nos níveis de aerossol (emitidos por vulcões ou queimadas) podem também causar alterações na temperatura do planeta.

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  6. MARIA CECÍLIA WEY DE BRITO24 de fevereiro de 2010 às 11:13

    Em 2010 se comemora o Ano Internacional da Biodiversidade, que apresenta o grande desafio de mostrar à sociedade brasileira e mundial a importância da biodiversidade - e o papel destacado do Brasil nas discussões internacionais sobre o tema -, alertando para a degradação oriunda da exploração de recursos naturais e da ocupação do solo feitos de maneira insustentável, agravados pelo crescimento sistemático da população e pela distribuição desigual da riqueza. E a Amazônia - maior bioma do Brasil e foco de atenção mundial - tem papel preponderante neste desafio.
    Afinal de contas, o que é biodiversidade? Biodiversidade é a variedade de seres vivos da Terra - o número de espécies identificadas chega a 1,75 milhão -, resultado de bilhões de anos de evolução, moldada por processos de seleção natural e, cada vez mais, por atividades humanas. Os seres humanos, por sua vez, estão integrados a esta biodiversidade, são parte da mesma e dependem dela para sobreviver.
    Contudo, a biodiversidade corre perigo com as crescentes alterações e degradações. Áreas muito extensas de vegetação nativa foram devastadas nas últimas décadas na Amazônia, no Cerrado, na Caatinga e na Mata Atlântica, em ações que decorrem de processos sociais, econômicos, culturais e científicos. A extinção de espécies é a forma de perda de biodiversidade mais divulgada e que mais alcança os meios de comunicação, sensibilizando, de uma forma geral, boa parte da sociedade. O processo de extinção é natural e sempre existiu em maior ou menor grau na Terra, mas estima-se que atualmente a taxa de extinção de espécies é de 50 a 100 vezes superior à que existiria em condições naturais sem a interferência humana.

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