Foto: Diálogos Políticos
Encontro, começa hoje, em Fortaleza (CE), e vai discutir soluções sustentáveis para as regiões secas, que reúnem um terço da população do planeta. Elcio Barros, coordenador do Comitê Estadual da Caatinga/PE, participa do evento. A Caatinga já perdeu sua vegetação em quase 50% de sua área total. Foram 16.576 km² destruídos. Cerca de 2,7 mil km² por ano. Ela só tem 7% do seu território em áreas protegidas.
No País, eles somam 22 milhões de brasileiros. No mundo, a conta sobe para dois bilhões de pessoas. Um terço da população do planeta vive em terras semiáridas, boa parte delas ameaçadas de desertificação. É também sobre essa região que o aquecimento global e as mudanças climáticas provocarão maiores estragos. Um dado ainda mais preocupante, considerando que os efeitos recairão justamente sobre a população mais pobre do planeta. De amanhã até sexta-feira, especialistas do mundo inteiro estarão reunidos em Fortaleza para discutir os desafios impostos a esse pedaço de terra e aos seus moradores.
A 2ª Conferência Internacional sobre Clima, Sustentabilidade e Desenvolvimento Sustentável em Regiões Semiáridas terá representantes de mais de 90 países da África, Europa, Ásia e América Latina. A Icid 2010, como está sendo chamada a conferência, vai gerar, consolidar e sintetizar dados e estudos sobre mudanças climáticas, além de identificar ações voltadas ao desenvolvimento seguro e sustentável nas regiões semiáridas. Mais do que discutir problemas e traçar diagnósticos, a reunião servirá para propor soluções e alternativas que ajudem a minimizar os impactos das alterações climáticas, sobretudo nas áreas desertificadas.
Nesse sentido, a troca de experiências é uma das maiores apostas do encontro. A prova disso é que um dos continentes com maior número de participantes é a África, uma das regiões mais atingidas pelo fenômeno da desertificação. Dos cerca de 500 estrangeiros que participarão da conferência, 100 são representantes do continente africano. “O olhar é direcionado para a busca de soluções e a cooperação técnica. Queremos trocar as experiências que estão dando certo, exportá-las para outras regiões do planeta. As áreas semiáridas abrigam uma população muito maior do que a sua capacidade. O desafio é garantir um desenvolvimento sustentável para essa região”, explica o coordenador-executivo da conferência, Antônio Rocha Magalhães.
A 2ª Icid acontece 18 anos após a realização da primeira conferência, ocorrida em 1992, também em Fortaleza, cujos resultados foram preparatórios para a Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e Desenvolvimento, a Rio-92. Antônio Rocha ressalta que o primeiro encontro teve um grande impacto, tanto no âmbito nacional quanto no internacional.
“Os trabalhos exibidos durante a primeira Icid foram levados para a Rio-92, assim como a declaração de Fortaleza, com recomendações de políticas públicas para as regiões áridas e semiáridas. Muitos participantes do evento, oriundos da África e da Ásia, chegaram à Rio-92 como negociadores”, observa o coordenador. A primeira edição da Icid também serviu como fator decisivo para a criação da Convenção das Nações Unidas de Combate à Desertificação (UNCCD).
AGENDA
Dessa vez, o encontro internacional está de olho na Conferência de Cúpula das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, que será realizada em 2012, no Rio de Janeiro, a Rio+20. A pesquisadora da Fundação Joaquim Nabuco Edneida Cavalcante, que coordena uma das mesas temáticas da reunião, diz que, ao final da conferência, será produzida uma agenda propositiva com o objetivo de influir nas decisões que serão tomadas na Rio+20.
Ela avalia que nos 18 anos de intervalo entre as duas conferências houve um agravamento da degradação das áreas semiáridas. “Ainda estamos destruindo mais do que recuperando”, lamenta. Mas a pesquisadora faz uma avaliação positiva sobre o nível de organização da sociedade, que passou a contribuir mais com a formulação de políticas públicas na área. “Houve um avanço imenso em relação às experiências testadas e aprovadas nesse período. Temos hoje vários modelos de convivência com o Semiárido que podem e devem ser reproduzidos nas regiões secas de vários países”, afirma.
No Brasil, 1.482 municípios do Semiárido são afetados diretamente pelo problema, segundo dados do Programa Nacional de Combate à Desertificação e Mitigação dos Efeitos da Seca. Estudos indicam ainda que quase 20% do Semiárido brasileiro será atingido de forma grave, tendo reflexos ambientais e socioeconômicos, como deterioração do solo e comprometimento da produção de alimentos, extinção de espécies nativas e degradação dos recursos hídricos.
(Fonte: Jornal do Commercio - Por Ciara Carvalho)
Leia também a Programação completa da ICID 2010 e Semiárido na atenção de autoridades internacionais
É gratificante vermos cidadãos brasileiros lutando pelos povos sofridos do sertão e caatinga escaldane; - sofrimento este que vem de anos e sem solução por parte das autoridades; - vamos relembrar o porque?http://mudancaedivergencia.blogspot.com/2010/07/genocidio-no-ceara-ocorrencias-que.html#links
ResponderExcluirSaudações,
Marilda Oliveira
SP-Brasil