sábado, 13 de março de 2010

Manejo florestal garante sobrevivência na caatinga o ano inteiro



No Sertão de Pernambuco, agricultores estão descobrindo que preservar a natureza é um bom negócio. Retirar madeira da caatinga sem destruir a vegetação tornou-se uma forma de garantir renda para a família nas épocas de estiagem.
Na comunidade rural da fazenda Pipocas, em Floresta, moram catorze famílias. Como a região é uma das mais secas do País, agricultura apenas não é suficiente para garantir o sustento. Foi nessas circunstâncias que o manejo florestal surgiu, ajudando a melhorar a vida de todos por lá.
Os homens se preparam para um dia de trabalho, aprontando o carro de boi, a carroça e as ferramentas indispensáveis: foice e machado. O destino é uma área de caatinga fechada e, no local definido, árvores começam a ser cortadas imediatamente.
À primeira vista, o corte das madeiras parece ser um desmatamento criminoso como outro qualquer, mas isso é só uma impressão. A retirada de cada galho de caatinga é planejada: espécies nativas, protegidas por lei, como a aroeira e a baraúna, por exemplo, não podem ser destruídas em hipótese alguma.
No manejo florestal, a área é dividida em lotes. Cada um é explorado por um ano e depois fica quinze anos preservado para a regeneração da mata. Os agricultores receberam orientações de engenheiros florestais do Ministério do Meio Ambiente.
“Essa é uma técnica utilizada para uma melhor utilização da caatinga, cortando de forma separada, em áreas separadas, onde uma é cortada e as outras preservadas. Favorecendo assim o homem do campo. Isso para que no período em que não haja chuva, eles possam utilizar esse bioma, a caatinga, de uma forma ordenada e sustentável, ajudando assim a natureza e o homem do campo”, explica o engenheiro florestal Danilo Soares (foto 3).
O manejo está ajudando a preservar a mata nativa e aumentando a renda da comunidade. “Significa uma média de quatrocentos reais por mês. Não é um valor muito alto, mas é o suficiente para a família aqui no campo ir sobrevivendo”, assegura o agricultor Jaílson de Lemos.
Em outra comunidade rural, no município de Serra Talhada, também no Sertão, os agricultores fazem o manejo da caatinga e, além de retirar a madeira, aprenderam a produzir carvão. Eles construíram fornos feitos de barro e tijolo (foto 4), tudo dentro da lei.
Num dos assentamentos foram construídos seis fornos para a produção de carvão. Cada um deles é administrado por seis famílias. A atividade se tornou fundamental para garantir o sustento de todos durante os longos períodos de estiagem.
“A gente vende o carvão e paga uma conta que estava devendo, compra uma roupa que o filho está precisando... Melhorou muito depois que começamos a fazer o manejo”, diz o agricultor Severino Nunes de Lima Filho.
(Fonte: Veja o vídeo em pe360graus)
Leia também: O desmatamento no semiárido nordestino


2 comentários:

  1. Oi
    Como se vê bastam boa vontade e atitudes inteligentes para evitar o tão desastroso desmatamento. Como falta boa vontade por parte de quem desmata a solução seriam leis eficazes e severas, e a obrigatoriedade dos desmatadores em passarem por cursos para aprenderem a lidar com o Manejo Florestal, queiram ou não.
    Alice

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  2. Saber que existem programas de “Manejo Florestal Sustentável da Caatinga”, me parece um sonho!Foi divulgado ano passado que em 50 anos,só o estado da Bahia teria 50% do seu teritório estaria desertificado.Uma área de deserto não significa apenas perda ao meio ambiente,provoca tb graves problemas no contexto social e econômico,pois onde há deserto há escassez de água, sem água, não há condições de vida,muito menos de plantio nem de criação de animais de corte, se não há nada disto, de onde o povo vai tirar a água,o seu alimento e a sua fonte de renda? Iniciativas como esta de Pernambuco merece elogios.

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